sexta-feira, 22 de junho de 2012

Mais telhões e beirais por terras do Norte


Quando há cerca de um mês o Franm57 me enviou as fotos dos telhões de faiança da sua coleção, enviou-me também fotografias de vários beirais nortenhos, das quais selecionei apenas as que mostravam  beirais do Porto, a acrescentar às que eu própria já tinha tirado.
Não quis sobrecarregar muito esse post que, com os magníficos telhões daquele colecionador, deixaria outras belezas do género semi-ofuscadas, o que era pena.
Aqui estão hoje esses beirais nortenhos, um em Cabeceiras de Basto e dois em Fafe, com telhões já nossos conhecidos.

Beiral em Cabeceiras de Basto
Estes de Cabeceiras de Basto, os primeiros com este motivo que vejo em Portugal, parecem-me iguais a exemplares existentes no Brasil que já vi em fotos, mas não os localizei agora no acervo do Museu do Açude no Rio de Janeiro, parte dele mostrado há tempos pelo Fábio Carvalho no Porcelana Brasil.
São ramos de videira com as respetivas folhas, gavinhas e cachos de uva, quem sabe a atestar a ligação da casa e da família à produção de vinho verde?

Beiral em Fafe
Neste caso, não só o beiral mas todo o edifício, a avaliar pelo pouco que se pode ver, deve ser digno de ser apreciado, em muito bom estado de conservação, pela amostra.

Beiral em Fafe

Encontram-se nestes beirais vários motivos florais com um efeito muito semelhante, mas reparei que  os telhões deste segundo beiral de Fafe são idênticos a um dos exemplares em exposição no Museu Nacional do Azulejo, o da esquerda,  que fotografei durante a última visita que ali fiz.

Amostragem de telhas e telhões no Museu Nacional do Azulejo
Neste conjunto, à direita, vê-se outro tipo de telhas decorativas, as que formam um rendilhado nas extremidades do telhado, ainda bastante comuns em casas antigas, mas não tanto as policromadas.


À direita a telha  de Santo António de Vale da Piedade

Voltando aos três telhões: ao centro, os nossos já conhecidos e encantadores pássaros com  malmequeres; à direita, mais um motivo floral na única telha com identificação de fabrico no catálogo online do museu, a que se tem acesso através do Matriznet. Não se consegue perceber se tem marca, mas está identificada como sendo de  Santo António de Vale da Piedade.


                   

E por falar em Santo António de Vale da Piedade, aqui fica um belo exemplar de vaso de jardim, marcado, que se encontra numa escadaria da Ordem da Lapa no Porto.
Mais uma vez uma foto enviada pelo Franm57, que vive no Grande Porto, por isso rodeado de muitas destas maravilhas. Só tenho a agradecer-lhe de novo a generosa partilha.




6 comentários:

  1. Olá Maria
    Está de parabéns. Os telhões são lindíssimos e a explicação muito detalhada e interessante. As imagens mostram bem a qualidade quer do fotógrafo, quer das peças. A conjugação entre a fortaleza do granito e a delicadeza das guarnições é perfeita.
    Um abraço.
    if

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  2. Cara IF,
    Muito obrigada pelo comentário.
    Acho que estamos todos de parabéns enquanto este nosso património, tão belo e único, se mantiver de pé.
    Realmente, não só as telhas mas também as cantarias de granito são dignas da nossa admiração e felizmente o Norte está cheio delas.
    Um abraço também para si.

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  3. Partilho da opinião da IF. A combinação entre o azul e branco das telhas e a severidade do granito é muito bem conseguida. Aliás, esse contraste encontra-se por toda a cidade do Porto entre os azulejos e as cantarias. Contudo, este pormenor das telhas é uma coisa inédita para mim, nunca tinha reparado nelas até ao momento em que a Maria Andrade postou pelas primeira vez imagens destes telhões.

    Beijos

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    1. Luís, é verdade que já aqui mostrei mais de uma dezena de beirais de faiança, mas a primeira pessoa que fotografou e postou um beiral destes foi a Maria Paula, respondendo, tal como eu, ao seu repto para darmos atenção ao topo dos edifícios. Eu só nessa altura reparei nestas telhas em Coimbra, mas já tinha visto algumas à venda em antiquários no Brasil.
      Quanto a esta combinação da faiança azul e branca com o granito, acaba por ser uma versão diferente da combinação de granito com azulejos que eu também aprecio e já fotografei em edifícios do Porto.
      Bjs.

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  4. É verdade, quem apresentou essas magníficas telhas foi a Maria Paula, que anda desaparecida, ela e as suas belas fotografias

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  5. Olá,
    Reconheço todas as telhas deste post, pois as encontro com certa facilidade por aqui no Rio de Janeiro, exceto, infelizmente, a identificada como de Santo António de Vale da Piedade.
    b'jinhos!

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