Já que ando na onda das faianças, aqui vou mostrar mais um exemplar que comprei há menos de um ano.
Este jarro ou caneca, de que gosto muito, apesar das esbeiçadelas e de uma lacuna no bordo do bocal, tem sido para mim fonte de grande frustração neste âmbito das velharias. Quando o comprei, na feira de Aveiro onde vou com frequência, vendo o medalhão com o busto feminino, as figuras de putti e as grinaldas, tudo me pareceu déjá vu e achei que seria muito fácil descobrir-lhe a origem. Enganei-me.
É sem dúvida faiança neoclássica e os vários elementos decorativos lembram os que aparecem em faianças do Rato, de Estremoz, da Bica do Sapato, de Massarelos, de Vandelli, etc. No entanto, neste momento, começo a duvidar de que seja português porque, apesar de me fartar de pesquisar nas colecções dos museus do IMC e em livros e catálogos, nunca vi nenhuma peça de faiança portuguesa, da mesma tipologia, que apresente um bojo recto como esta. Só vejo jarros, infusas, canecas, com bojo curvo e também ainda não vi nenhuma decoração igual a esta ou muito parecida.
Haverá por aí algum amante de faianças que possa ajudar a resolver o mistério?
Pormenor de um prato Vandelli do catálogo da exposição "Cerâmica de Coimbra Séc.XVI - Séc. XX" |
![]() |
Grande caneca do Museu Nacional Machado de Castro atribuída a Domingos Brandão da escola de Vandelli |
A primeira foto do jarro ou caneca do MNMC foi-me enviada pelo Mercador Veneziano que prontamente respondeu ao meu apelo para identificar a caneca deste post e me colocou na pista mais plausível: tratar-se de uma peça Vandelli, ou seja, da Fábrica do Rocio de Santa Clara em Coimbra fundada por Domingos Vandelli (1730-1816).
Terrina e tabuleiro Vandelli ao lado da peça de Domingos Brandão em exposição no Museu Machado de Castro (foto acrescentada em Jan. 2013) |