Estamos mais uma vez na época de celebração natalícia, marcada por imagens e símbolos do nascimento de Cristo, embora cada vez mais ofuscadas por todo o festival de brilhos, cores e música a convidar a outro tipo de celebração, bem mais mundana... De qualquer forma, os presépios, por vezes na sua expressão mais simples, e as figuras de Jesus menino deitado nas palhinhas são símbolos incontornáveis da época - e não são só os crentes que mantêm viva a tradição.
Meninos e anjos com corpos de meninos estão entre as figuras mais representativas e também as que encontram o melhor acolhimento em qualquer ambiente de Natal. Este Menino Jesus é daquelas prendas especiais para mim, já que foi aconchegado nas palhinhas e ornamentado com muito bom gosto pelas mãos criativas de uma amiga. Sobretudo aprecio a utilização de materiais orgânicos, cascas e folhas secas, colhidos num qualquer parque ou jardim.
Este ano trago também aqui, para abrilhantar a celebração, uma peça de faiança portuguesa usada em contexto religioso embora não necessariamente natalício: uma pia de água benta em faiança antiga.
Este ano trago também aqui, para abrilhantar a celebração, uma peça de faiança portuguesa usada em contexto religioso embora não necessariamente natalício: uma pia de água benta em faiança antiga.
Só o facto de ser uma pia de água benta em faiança já me enchia bem as medidas, mas aqui veio juntar-se-lhe a hipótese muito provável de ser fabrico de Miragaia. Não tem marca, o famigerado R de Rocha Soares que tiraria todas as dúvidas, mas o modelo é em tudo - forma , cores deoração e tamanho - semelhante a vários exemplares conhecidos e catalogados, com marca de Miragaia.
Apesar de bem marcada pelo tempo e pelo uso, partida e unida com gatos e ainda com faltas, foi sendo preservada e foi agora tratada com todo o desvelo aqui em casa, sobretudo pelas mãos habilidosas do C.A., ao estilo dos restauros museológicos, sendo-lhe devolvida a inteireza e um aspeto digno e bonito, capaz de ombrear com os belos exemplares do Museu Nacional Soares dos Reis.
Apesar de bem marcada pelo tempo e pelo uso, partida e unida com gatos e ainda com faltas, foi sendo preservada e foi agora tratada com todo o desvelo aqui em casa, sobretudo pelas mãos habilidosas do C.A., ao estilo dos restauros museológicos, sendo-lhe devolvida a inteireza e um aspeto digno e bonito, capaz de ombrear com os belos exemplares do Museu Nacional Soares dos Reis.
| Museu Nacional Soares dos Reis Fábrica de Miragaia, 1775-1822 |
| Museu Nacional Soares dos Reis Fábrica de Miragaia, 1775-1822 |
Encontrei estes dois exemplares nas coleções do Matriznet, de um total de cinco com idênticas caraterísticas, quatro deles com marca da Fábrica de Miragaia.
| Pias de água benta do catálogo "Fábrica de Louça de Miragaia" |
Quer os exemplares do Matriznet, quer os do catálogo "Fábrica de Louça de Miragaia", têm um ar de parentesco, talvez evidenciado pelo motivo central - sempre a cruz da Paixão, com ou sem instrumentos de tortura.
Mas outros elementos se repetem em quase todos os exemplares, incluindo o meu : o alçado recortado em voluta e rematado em concha, a pia semi-circular moldada em gomos e com o remate inferior em bico e a altura de 27-28 cm. A diferença mais notória que o meu exemplar apresenta é o esmalte num tom anilado em vez de branco.
E assim aqui deixo os meus votos de Boas Festas para quem ainda continua a passar por aqui, seguidores e amigos, e em particular desejos sinceros de um Ano Novo mais fácil e feliz para todos os portugueses.



























