Esta é uma das minhas últimas aquisições, mais uma vez, como quase sempre, numa feira de velharias, desta feita em Aveiro. Muito suja, no meio de muita tralha e com duas esbeiçadelas na base, muito poucos euros chegaram para a trazer para casa.
Para além de ser uma peça diferente na decoração, intrigou-me a sua funcionalidade e além disso tinha várias marcas que me convidavam a descobrir-lhe a origem.
Aquela espécie de crivo ou escorredor, que tem no fundo, fez-me pensar inicialmente nas salvas para escorrer copos de aguardente como já tenho visto em faiança portuguesa, sendo o mais bonito que vi até hoje o que a Maria Paula apresentou num post de Novembro passado. No entanto, o facto de o fundo não ser plano fez-me descartar essa hipótese.
Também me pareceu demasiado requintado para se destinar apenas a lavar legumes para saladas ou frutas, na cozinha. Parece-me mais uma peça de ir à mesa, nem sei se faria parte de um serviço completo.
Poderá ser um escorredor ou uma saladeira com esta engenhosa maneira de evitar que os legumes fiquem ensopados no molho, no fundo da taça.
A base em que assenta tem o mesmo diâmetro que é o de um vulgar prato raso.
A marca que se vê no verso do prato que serve de base, um escudo a azul com uma rosa no interior, encimado pelas iniciais RMR de Roesler, Max, Rodach (não RVR como julguei de início), foi a primeira marca usada pela companhia de Max Roesler que se instalou na pequena cidade de Rodach, na Baviera , Alemanha, em 1894. Iniciou a produção de porcelana e faiança em 1895 e usou esta marca até 1910.
Acho o verso muito bonito neste tom creme sem os dourados com os pezinhos em V muito delicados.
O motivo recortado neste dourado baço, lembra-me uma árvore da vida, com o tronco ao centro e os ramos a estenderem-se para ambos os lados.
Tem uma certa semelhança com as linhas vegetalistas ondulantes da estética Arte Nova e de repente, por associação de ideias, veio-me à mente a Casa da Secessão em Viena de Áustria, com a sua cúpula de folhas dourada e o painel dourado sobre a entrada. Tanto este movimento austríaco como o Jugendstil na Alemanha são paralelos e estão muito próximos da corrente estética Arte Nova, termo mais conhecido por cá.
Gustav Klimt foi um dos nomes grandes do Secessionismo austríaco e aqui vemos a sua Árvore da Vida, não sendo certamente por acaso, ou por delírio da minha mente, que vejo coincidência no motivo entre a minha peça alemã e esta pintura de Klimt.
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Casa da Secessão, Viena |
P.S. O Fábio Carvalho do Porcelana Brasil, no seu comentário, deixou o link http://rosenreslitraum.blogspot.com/2010/12/durchbruchmuster-max-roesler.html de um blogue alemão, onde se podem ver outras peças deste género de Max Roesler.
A Fabby de Fabby's Living deixou a informação de que se trata de um escorredor para lavar frutas como uvas e morangos. Faz todo o sentido porque assim poderão levar-se à mesa, a escorrer para o prato.