Apesar do fim a que se destinavam, em Portugal até meados do século XX, estas peças de faiança não deixam de ter a sua graça, até porque eram decoradas com o mesmo cuidado com que se decoravam as peças de mesa ou as mais nobres de higiene.
Gosto de ver estes "recipientes"com plantas dentro e tenho-os muitas vezes nessa função, numa casa de banho cá de casa.
Gosto de ver estes "recipientes"com plantas dentro e tenho-os muitas vezes nessa função, numa casa de banho cá de casa.
O fundo de dois deles a pedido da Maria Isabel |
Os dois primeiros exemplares são do tipo geralmente atribuído a faiança de Coimbra. Comprei-os em feiras mas já não estou certa onde ou quando. Acho piada ao das flores, muito popular, mas também gostei do segundo, mais sóbrio, com riscas num bonito azul cobalto.
E como os últimos são os primeiros, o exemplar abaixo foi o primeiro que comprei, num antiquário em Silves, já lá vão uns bons 12 ou mais anos. Ainda me lembro do preço, 4.500$00. Tinha uma esbeiçadela que depois tapei com massa branca e por isso me fizeram aquele preço. Penso que o tipo de flores e folhagens não engana - fabrico do Norte e muito provavelmente Cavaco, Gaia, embora não tenha qualquer marca.
Este é um bourdaloue em porcelana francesa do século XIX, mas também se fabricavam em faiança e em prata. O nome terá tido origem ironicamente em Louis Bourdaloue (1632-1704) um pregador jesuíta francês muito dado a extensos e teatrais sermões, o que levava as suas ouvintes a sofrerem horrores na contenção das necessidades fisiológicas. Assim nasceu o hábito de transportarem estas pequenas peças, dentro dos regalos que usavam para aquecer as mãos. Quem adivinharia???
Acima vêem-se três belíssimos bourdaloues, respetivamente em porcelana de Vincennes, de Sévres e chinesa de exportação, todos do século XVIII.
Finalmente, o bourdaloue em forma de gato, em porcelana chinesa do século XVIII, funcionando a cauda como pega e a cabeça como tampa. Muito engenhoso, sem dúvida!