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Não, não é desta leiteira que vou falar, embora a pintura de Johannes Vermeer assim intitulada, que habita o Rijksmuseum de Amsterdão, desse pano para mangas para fazer um post (já repararam na barra de azulejos Delft junto ao chão? figura avulsa século XVII?). Apesar de muito conhecida, merece bem ser divulgada e abordada em todos os seus pormenores, artísticos e outros, mas isso obviamente deixo aos especialistas...
Trata-se aqui de participar no chá de terça-feira de Tea Cup Tuesday, Tea Time Tuesday e Tuesday Cuppa Tea com as minhas peças de faiança inglesa azul e branca com um motivo que foi bastante popular no século XIX: the milkmaid, ou seja, a leiteira. Mostra uma serviçal realmente em funções de leiteira, a ordenhar uma vaca no campo, observada por duas tranquilas ovelhas, uma branca e uma preta, enquanto a rapariga de Vermeer talvez seja antes uma criada de cozinha numa das suas tarefas diárias, a preparar algum alimento com pão e com leite.
Fui buscar as peças a um armário aberto onde exponho faiança inglesa azul e branca numa salita a que os americanos chamariam den. Já aqui mostrei algumas das faianças que se vêem na foto, mas outras ainda não foram tema de qualquer post.
Estas três taças de chá e respetivos pires não são do mesmo conjunto, mas sendo todas em faiança transferware azul e branca, ficam sempre bem juntas e para mim têm o interesse adicional de poder admirar motivos diferentes.
Efetivamente, do motivo milkmaid só tenho uma taça e dois pires. Depois há mais duas taças de um motivo também de cena rural com lavradores, casa senhorial e vacas, que ainda não consegui identificar, e um pires com motivo oriental.
À exceção desse motivo oriental, com marca Davenport, nenhuma peça está marcada, mas esta milkmaid, é sem dúvida a da fábrica Spode, um padrão introduzido na produção por volta de 1815.
São de uma faiança muito fina, quase porcelana, pelo que julgo tratar-se do tipo de pasta denominado pearlware.
Outros fabricantes usaram este tema nas suas faianças transferware - Rathbone, por exemplo, e até a Villeroy & Boch do séc. XIX - mas há diferenças, não só em pormenores da cena central, mas também na composição floral da cercadura e na guarnição da mesma.
Quanto à outra cena rural presente em duas taças, não havendo pires é difícil mostrá-la na totalidade, mas aqui ficam fotos de dois lados da mesma taça.
Finalmente, porque este é um chá de Outono, quero acrescentar um fruto que tenho aqui em abundância todos os anos nesta altura, bem saboroso comido à colher como sobremesa ou, porque não, a acompanhar o chá. São os nossos belos diospiros que penso não serem muito familiares às minha parceiras destes eventos que habitam paragens longínquas mais a norte.
Não só o fruto tem esta linda cor de fogo mas também as árvores, os diospireiros, ficam com as folhas em tons avermelhados e eu adoro ver essa coloração na folhagem de outono. Só não as fotografei porque começou a chover hoje à tarde, já não fui a tempo.
É o Outono a avançar, com o mês de outubro a chegar ao fim...