O Museu Machado de Castro reabriu... e está um assombro!
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Pátio do Museu Machado de Castro (anos 50) |
Já toda a gente sabe que o Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, reabriu em pleno esta semana, no dia 11, mas eu não podia deixar de assinalar aqui esse acontecimento!
Após o encerramento para obras de fundo em 2006, só em 2009 ou 2010 abriu parcialmente ao público para visitas ao criptopórtico romano, enquanto se dava continuidade ao trabalho de acabamentos nas salas de exposição e a todo o trabalho de museografia e de expografia.
Numa primeira visita que ali fiz, pareceu-me que estava a ver muitas das peças pela primeira vez, tal o impacto que provoca a forma de as expor nos novos espaços e nos espaços remodelados, mas também acredito que mais brilho lhes foi dado pelas intervenções de conservação e restauro a que foram entretanto sujeitas.
As coleções incluem escultura e pintura antigas, ourivesaria, paramentaria, mobiliário... e para mim a cereja no topo do bolo, a coleção de cerâmica.
Embora tenha apreciado a forma como a faiança está exposta, por ordem cronológica, em dois longos expositores - e os azulejos nas paredes opostas - fico sempre frustrada por se tratar de peças em grande parte já minhas conhecidas e por pensar que haverá nas reservas muitas outras peças interessantes que não são dadas aos olhos do público. Aguardemos as exposições temáticas...
O edifício só por si é um objeto museológico, com mais de 2000 anos de história, por isso houve alguma polémica à volta dos acrescentos que lhe foram feitos, da autoria do arquiteto Gonçalo Byrne, mas eu gostei muito do que vi e da forma como a partir dos novos e dos antigos espaços se apreciam recantos da velha Alta de Coimbra.
Quanto a esta minha pintura, tem uma história engraçada que resolvi aqui partilhar.
Encontrei-a há meses na Feira da Vandoma no Porto, muito suja e com a moldura revestida a gesso a esboroar-se, mas reconheci logo o Pátio do Museu Machado de Castro, ou seja, o antigo Paço Episcopal de Coimbra. O vendedor não sabia do que se tratava, mas enchia a boca com o nome do pintor que ele dizia ser um Pedro Rodrigues e lhe servia de pretexto para carregar no preço.
Pareceu-me logo que o apelido era Dinis mas não o quis contrariar e não comprei o quadro, porque realmente o estado era lastimoso. Alguém a fazer limpeza na casa da avó achou que aquele chaço não tinha valor nenhum e deu-o ao desbarato. Entretanto, falei naquela pintura ao C.A. e passando nós lá já à saída da feira, o preço tinha diminuído para metade e com alguma negociação ficou reduzido a poucas dezenas de euros.
Viemos todos contentes com este tesouro para casa - para mim o mais interessante era ser uma vista do Museu Machado de Castro, mas o nome do pintor também me parecia familiar - e enquanto o C.A. tratava de retirar os restos de gesso e de lixar a moldura, eu limpei a pintura toda, um óleo sobre placa de madeira, com uma cotonete humedecida. Pareceu renascer das cinzas!
Na assinatura lê-se P. Dinis 52 e daí concluí tratar-se do pintor coimbrão Pinho Dinis (1921-2007) e de uma obra de 1952, da sua primeira fase, talvez ainda dos seus tempos de aprendizagem.
Bem, não é o Renoir que a outra comprou por 7 dólares numa feira de rua, o valor comercial até pode ser diminuto, mas foi um achado (e salvamento) que me encheu de satisfação!
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Oleiras de Pinho Dinis |
Há uma sala Pinho Dinis na Casa Municipal da Cultura, em Coimbra, assinalada pelo seu Auto-retrato, mas preferi acescentar aqui esta bela tela, Oleiras, representando três mulheres na tarefa de pintar loiça numa qualquer olaria coimbrã.