Nesta nova mensagem de Tea Cup Tuesday vou mostrar duas chávenas inglesas que já apareceram num post do início de Maio, mas não falei sobre elas.
Têm em comum não só o azul cobalto com arabescos de ouro e flores, mas também o formato, o chamado London shape com a caraterística asa.
Não têm marca de fabrico mas têm números de padrão - pattern numbers - que poderão sempre contribuir para a sua identificação, através dos registos nos pattern books.
O tipo de decoração desta chávena e pires foi muito usado em Inglaterra no século XIX, o interior da chávena mais decorado do que o exterior onde se vê uma delicada cercadura dourada. Este tom de pêssego como fundo, a par do azul cobalto, é outra caraterística usada durante um certo período da época vitoriana.
O número de padrão que se pode ver quer na chávena quer no pires, o 586, é um número baixo que aponta para um fabrico bastante recuado, já que estes números chegaram aos milhares a meados de mil e oitocentos. Alguns fabricantes usaram prefixos de letras, mas não me parece ser esse o caso do K antes do número 586 na primeira chávena, parece-me mais uma marca de pintor.
Aqui vê-se bem o motivo de rosas em coroa ou grinalda, que foi introduzido pela marca Spode no início do século XIX, mas depois usado por vários fabricantes ao longo da época vitoriana.
Esta segunda chávena penso ser anterior à primeira, com uma porcelana mais escura, talvez a chamada hybrid paste, anterior ao uso da bone china. Esta resultou de uma mistura fosfática que passou a dar à porcelana uma cor muito branca.
A decoração, nos tons Imari - azul, vermelho ferro e dourados - apresenta uma certa influência oriental, com aves exóticas misturadas com flores e ramagens, igualmente exóticas, que me parecem do tipo hibiscus.
Vários fabricantes ingleses do início do século XIX - Coalport, Ridgway, Rockingham - usaram números fracionários. Particularmente na Coalport foram numerando os seus padrões em numeração progressiva até ao número 1000 e a partir daí iniciaram uma segunda série, com o número dois como numerador e depois o número três e assim sucessivamente. Daí resultaram números fracionários que ajudam a identificar o fabrico.
A beleza da pintura num pires com um formato muito fechado, ainda ao estilo da porcelana chinesa |
Neste caso só o pires está numerado e será o padrão 1042, segundo este critério, mas não me parece ser Coalport porque eles usaram mais os algarismos a ouro. Na minha opinião, Ridgway, que marcou a vermelho, será uma mais forte possibilidade. Sendo assim, a chávena e pires datariam de 1810-1815, mas a informação disponível é muitas vezes contraditória.
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Chávena e pires Ridgway com o número de padrão 2/620 a vermelho, encontrados em http://www.everythingstopsfortea.com/pre-circa-1840/john-ridgway-london-shaped-cup-saucer-c-1810.html.
Chávena e pires Ridgway com o número de padrão 2/620 a vermelho, encontrados em http://www.everythingstopsfortea.com/pre-circa-1840/john-ridgway-london-shaped-cup-saucer-c-1810.html.
Note: I must apologize to my English-speaking visitors for the not very satisfactory translation done by Google Translator, but for the time being I have to rely on it.