segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um trio Wedgwood Etruria - A Wedgwood Etruria trio




Este trio que hoje trouxe para o chá  para participar nos eventos Tea Cup Tuesday, Tea Time Tuesday e Tuesday Cuppa Tea, é de porcelana Wedgwood, nome  mundialmente conhecido no fabrico de loiça, talvez o mais conhecido em Portugal quando se trata de loiça inglesa. No entanto, este nome não é garantia de que o artigo tenha sido fabricado na fábrica de Etruria, fundada há cerca de 230 anos por Josiah Wedgwood I (1730-1795).
Efetivamente, há uma outra firma, a Wedgwood & Cº, que por vezes beneficia do prestígio alcançado pela sua homónima, pelo menos entre os vendedores e compradores portugueses. Eu própria, já há muitos anos, comprei um jarro e bacia Wedgwood & Cº, empresa fundada por Enoch Wedgwood em 1860, pensando tratar-se da Wedgwood original com sede em Etruria.

Retrato de Josiah Wedgwood por Sir Joshua Reynolds, P.R.A.
(Museu Wedgwood)

Este é o Wedgwood que conseguiu reproduzir em cerâmica, o chamado Portland Vase com uma perfeição que mereceu o louvor de Sir Joshua Reynolds, à data o primeiro Presidente da Royal Academy.
O famoso jarrão Portland, ou Barberini, foi um achado romano, em vidro camafeu, trazido para Inglaterra pelo Embaixador Inglês em Nápoles, de quem Josiah Wedgwood era amigo.
O que é curioso é que os achados romanos que chegavam a Inglaterra naquela época eram tidos como etruscos, daí  ter este fabricante dado o nome de Etruria  à grande propriedade perto de Hanley, nas Potteries de Staffordshire, onde fundou a sua nova  fábrica em 1769.

Portland Vase, Museu Britânico

Com o jarrão Portland, Josiah Wedgwood conseguiu o triunfo do jasperware (loiça de jaspe), a pasta cerâmica com aspeto de biscuit e com figuras clássicas em relevo, a branco, inventada por ele e fabricada até hoje e que se identifica em todo o mundo com o nome Wedgwood (embora tenha havido outros fabricantes.)
Como reconhecimento dessa identificação e popularidade, a firma Wedgwood, a partir de 1878, inclui o desenho do jarrão Portland nas suas marcas de porcelana, como é o caso desta.




O facto de ali estar presente a palavra England significa que as peças são posteriores a 1890  e anteriores a 1908, ano em que se generalizou na Wedgwood o uso de Made in England . Estava convencida que a letra S, que se vê por baixo do número de padrão, correspondia a um ano (1916) de acordo com uma tabela que tenho num livro de marcas, mas afinal essas letras da tabela foram usadas gravadas na pasta, o que não é o caso.
Para além da marca de fabrico, vê-se também o nome do retalhista de Londres, James Green & Nephew, algo que acontecia muito nesta época, tanto em Inglaterra como em Portugal, como já aqui referi num post recente.

O pano de tabuleiro foi bordado pela minha mãe, depois de riscado numa fábrica de bordados da Ilha Terceira, Açores
Falando agora mais especificamente do meu trio para o chá, foram peças adquiridas por duas vezes e com bastante intervalo de tempo. Encontrei o pires e o prato de bolo na feira de velharias de Coimbra, sem chávena, mas fiquei encantada com a decoração e também com o facto de serem peças de qualidade Wedgwood.
A vendedora disse-me que já tinha vendido outras peças do mesmo serviço, mas que agora só lhe restavam os dois pratos, embora soubesse que tinha em casa uma chávena... sem asa. Mesmo assim fiquei com os pratos à espera que ela me trouxesse a chávena, o que demorou mais de um ano para acontecer, quando eu já não acreditava que ela existisse... Lá apareceu a chávena mas efetivamente não tinha asa e eu mandei fazer esse acrescento, que não tendo ficado uma perfeição, sobretudo no acabamento, devolveu a inteireza  à peça.

O chá acompanhado com bolo de côco e as últimas camélias do meu jardim

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Duas cafeteiras centenárias... raparigas do mesmo tempo...



Há tempos a IF, influenciada pela publicação do meu bule de faiança que encontrei todo estropiado, enviou-me as fotos desta cafeteira da Fábrica de Sacavém, permitindo-me que as partilhasse aqui no blogue, o que agradeço .


Apesar de lhe faltar a asa, mantém  um aspeto atraente na sua forma elegante, decorada com o belo motivo Metz a castanho, sobre o qual o LuísY, já há tempo, publicou um post bastante desenvolvido e elucidativo.
É um encanto com aquele ramo de flores ao centro e ainda uns medalhões laterais, separados pelos arabescos e ainda as séries de pequenas contas a servir de moldura.


Deste motivo de Sacavém tenho apenas um prato a verde, em muito mau estado, mas a cafeteira lembrou-me de imediato uma sua congénere inglesa que tenho, da mesma época, também periforme e seguindo a mesma opção decorativa, já que ambas apresentam três faixas estampadas, ornadas com florões ou medalhões e arabescos (na inglesa só duas estão assim decoradas)  com localização semelhante no corpo das peças.


No caso da peça inglesa, há ainda uns ornatos no bico e uma faixa na asa, pormenores que eu particularmente aprecio.
Não surpreende a semelhança entre as duas cafeteiras dado sabermos como a Fábrica de Sacavém esteve nas mãos de nomes ingleses quase desde o seu início, vindo de Inglaterra muitas das estampas, provavelmente também moldes, e até maquinaria e pessoal especializado.


Vê-se aqui um medalhão com  frutos na faixa mais larga e tanto esta como a da boca da peça, apresentam  animais de caça grossa - javalis e gamos.
 Analisando as marcas que se podem ver no fundo das cafeteiras, conclui-se-se que foram ambas fabricadas na segunda metade do século XIX.
 Este carimbo de Sacavém, com a inscrição "Fábrica de Sacavém",  foi usado no período de 1865-1870 -  só em 1886 foi introduzido o título de Real neste tipo de marca da fábrica.

 A marca da direita, correspondente à cafeteira inglesa, não dá qualquer indicação sobre o fabricante, é apenas a chamada"Patent Office Registration Mark", usada em Inglaterra de 1842 a 1883, cuja letra "I" no ângulo direito do losango nos indica ser este objeto datado de 1872.  Lendo os restantes dados fica-se a saber que é de  6 de Junho de 1872.
Apesar da pesquisa que já fiz na internet, ainda não encontrei este motivo, pelo que não sei o nome pelo qual ficou conhecido, nem o nome do fabricante.


No entanto, considerando a presença dos gamos e javalis e o facto de  nos medalhões centrais da faixa superior estar representada uma corneta de caça, não restarão dúvidas de que seja a caça o tema desta decoração.




sábado, 21 de abril de 2012

"Tratado Completo de Cozinha e de Copa"


Este é o último livro que restaurei, um livro antigo de culinária que estava em casa  dos meus pais.
Trata-se de um manual de cozinha datado de 1904, cujo autor adotou o pseudónimo de Carlos Bento da Maia mas era na realidade um alferes do exército português de nome Carlos Bandeira de Melo.
Como curiosidade, li na Wikipédia que foi a primeira obra a apresentar uma receita dos portuguesíssimos bolinhos de bacalhau.




Logo na página de rosto, vê-se uma fotografia de rapariga jovem, provavelmente a criada da casa, numa cozinha grande e tradicional.
É interessante que, para além das receitas, este livro fornecia às donas de casa e a qualquer profissional da restauração, informação diversa em tudo o que se relaciona com o trabalho de confecionar e servir alimentos, tudo bem ilustrado com gravuras e fotografias.







Está dividido em sete partes e tem no final ainda um capítulo de ementas e um dicionário, como se pode ver no índice:
                                                            Pág.
PRIMEIRA PARTE - Generalidades ...........................    5
SEGUNDA   »    - Algumas palavras ácerca de alimentos de
                 origem animal e vegetal..................   27
TERCEIRA  »    - Considerações sobre o cozinhado dos 
                 alimentos que se não comem crús..........   79
QUARTA    »    - Iguarias diversas........................   89
QUINTA    »    - Dôces ...................................  449
SEXTA     »    - Café, chá, chocolate, coca ..............  637
SÉTIMA    »    - Conservas ...............................  671
EMENTAS        - (Menús)..................................  681
DICIONÁRIO     - .........................................  705 


O livro chegou-me às mãos em péssimo estado, como se vê nas fotografias em baixo, a necessitar de nova encadernação, mas optei desde o início por lhe manter a capa original.





A capa, em tela sobre cartão, estava muito manchada e a soltar-se dos cadernos, alguns também soltos, e havia páginas com gelhas e rasgões.
Lá tive que descoser tudo e aprender a fazer a costura dos cadernos, um processo um pouco moroso dada a minha falta de prática.
A lombada foi consolidada e aplicado um requife azul e branco, pormenor que me foi especialmente recomendado pelo meu pai, habituado a estes procedimentos do tempo em que encadernava os seus livros.


Agora está pronto a entrar em funções acompanhado de utensílios que não podem faltar em qualquer cozinha.


Nos tempos que correm, resolvi dar protagonismo ao rapa-tudo, um objeto que eu, em miúda, e mais tarde os meus filhos como quaisquer miúdos, adoravamos usar para rapar a tigela com os restos da massa dos bolos, e a que o povo - vá-se lá saber porquê!!! - deu o nome de salazar... 
Agora - vá-se lá saber porquê !!! - apetece-me  chamar-lhe coelho... ou gaspar...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Formas Clarice Cliff em porcelana da Vista Alegre- Clarice Cliff shapes in Vista Alegre porcelain


Hoje, a aproximar-se mais uma terça-feira com os seus eventos ligados ao chá em Tea Cup Tuesday, Tea Time Tuesday e Tuesday Cuppa Tea, vou "servir" chá e café com porcelana portuguesa da Vista Alegre ao estilo de Clarice Cliff.
A Fábrica de Porcelana da Vista Alegre sempre procurou acompanhar as últimas  tendências europeias no design de porcelana, a par das linhas mais clássicas e tradicionais.
É assim que nos anos 30 e 40 a vemos fabricar modelos marcadamente Arte Déco, da mesma maneira que nos anos dez tinha fabricado modelos Arte Nova (ver aqui  dois desses modelos).


As peças V.A. que hoje aqui mostro foram certamente influenciadas na forma, embora não na decoração, pelo modelo "Conical" da artista cerâmica inglesa Clarice Cliff (1899-1972).

Motivo "Ravel" (produzido entre 1929 e 1935) no modelo "Cónico", pertencente à série "Fantasque"

Esta artista, cujo trabalho veio a ser conotado com a Arte Deco, nasceu em Tunstall, Stoke-on-Trent, coração das "Potteries" (as terras oleiras de Staffordshire), onde cedo iniciou uma carreira de ceramista industrial, enquanto ia fazendo os seus estudos em arte. Mais tarde, em Burslem,  teve estúdio próprio na empresa do que veio a ser o seu marido e aí deu largas ao já adquirido domínio de técnicas artísticas e à sua criatividade. Ficou conhecida como criadora de modelos imaginativos, cheios de exuberância nas cores, com desenhos quase "naif" pintados à mão, tendo dado apropriadamente os nomes  de "Bizarre" e de "Fantasque" ao estilo dessas peças das séries mais populares..


A Vista Alegre optou por manter o mesmo formato na cafeteira e na leiteira e quanto ao açucareiro deu-lhe uma forma mais aberta, com tampa, o que quanto a mim o torna mais gracioso e o faz parecer um pequeno OVNI.
Curiosamente, a leiteira deste conjunto original de época tem uma tampa, igual à que teria a cafeteira, mas entretanto, à falta dela, encontrei uma tampa branca também Arte Deco e lá compus (ou descompus) a peça :)
Embora com um ar muito contemporâneo que qualquer casal jovem não desdenharia usar em sua casa, são já velharias com cerca de 80 anos.


A marca que se vê no fundo de qualquer destas porcelanas foi usada pela Vista Alegre entre 1924 e 1947, abrangendo portanto o período de influência Arte Deco, que as suas linhas bem representam.

Há cerca de uma década, a Fábrica da Vista Alegre fez a reposição deste modelo de serviços, quer de chá quer de café, embora com outras decorações.

Peças de serviço de chá Amadeus

 Não sei qual o nome do serviço a que pertenceu o meu conjunto de peças  em amarelo e branco, mas a esta linha recente foi dado o nome de Amadeus.
Na minha opinião, perdeu algo de fundamental que foi a decoração a cores vibrantes dos modelos originais.
Talvez seja mais vendável assim, mais sóbrio e intemporal, mas parte do encanto foi-se...
As chávenas destes serviços Vista Alegre também não copiaram os modelos Clarice Cliff, de que se vê em baixo um conjunto muito representativo encontrado num sítio da net.


Entretanto, graças aos comentários com informação preciosa aqui deixados por  MAFLS -  Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém - fiquei a saber que este formato da Vista Alegre foi denominado Asa Triangular e a versão igual às minhas três peças em amarelo e branco figurou na exposição realizada nos Estados Unidos em 2005 intitulada Portuguese Ceramics in the Art Deco Period.
Só me falta dizer que esse meu conjunto de três peças foi comprado em 2002 num antiquário de Angra do Heroísmo e foi o "souvenir" que trouxe da última viagem que fiz àquela encantadora cidade.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

As rosas de Mackintosh


Charles Rennie Mackintosh (1868-1928) foi um arquiteto escocês nascido em Glasgow, também designer de interiores e de mobiliário, considerado um líder do movimento Arte Nova em solo britânico.
No entanto, para muitos, ele foi além do seu tempo, criando um estilo original que introduziu o desenho modernista na arquitetura e nas artes decorativas.

A sua obra mais emblemática e a sua primeira encomenda foi o edifício da Glasgow School of Art (Escola de Arte de Glasgow), uma instituição em que ele próprio foi aluno embora, obviamente, num edifício anterior.
Todo o projeto incluiu a decoração dos interiores, para o que contou com a parceria da sua companheira, a artista Margaret Macdonald Mackintosh.
Vem tudo isto a propósito de, numa recente viagem que fiz à Escócia, ter tido a  oportunidade de visitar Glasgow e ter passado numa volta de autocarro turístico do chamado City Tour junto a este carismático edifício.
A fachada principal lembra, propositadamente, um edifício industrial, com muitas e enormes janelas quadrangulares rasgadas em paredes austeras de pedra escura. No entanto, logo na entrada veem-se trabalhos em ferro e outros pormenores arquitetónicos ao estilo Arte Nova.
Estando a viajar em grupo, não tive possibilidade de visitar o interior, minha grande frustração, mas trouxe da Escócia um souvenir que quero partilhar aqui com os meus amigos e pacientes leitores, muitos certamente apreciadores como eu da estética Arte Nova.



Não é mais do que um calendário de 2012 mas com cada um dos meses acompanhado de um desenho de Mackintosh ou da sua mulher Margaret, o que resulta num pequeno album de desenhos desta dupla de artistas.
Muitos dos desenhos apresentam rosas estilizadas que se tornaram conhecidas e facilmente identificáveis como rosas de Mackintosh.

Desenho para uma sala de música (pormenor)

Painel de gesso (pormenor)

Pormenor de um stencil de parede para a Hill House

A Rosa Branca e a Rosa Vermelha (pormenor)

Estas rosas passaram a figurar nas mais variadas decorações Arte Nova, em loiças, encadernações, ferros forjados, vitrais ... e eu até já tinha em casa peças com elas decoradas sem as relacionar com Mackintosh.


É o caso destas placas de majólica, bases para copos que tinha como sendo de fabrico alemão - têm uma marca que nunca consegui identificar - mas que entretanto, pelo desenho das rosas, admiti poderem ser inglesas ou mesmo escocesas. Com o comentário dos AM-JMV tive a confirmação de que são realmente alemãs e de cerca de 1910.


Também um livro do poeta inglês Alfred Lord Tennyson (1809-1892), datado de 1903, apresenta uma encadernação Arte Nova com um magnífico desenho na capa.


 Em baixo, nas guardas e nas páginas de rosto, belas composições com rosas de Mackintosh.



Não é aqui altura para falar dos poemas lindíssimos que integram esta obra, mas quem sabe, numa outra ocasião...

  


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Bule em faiança azul e branca


Ultimamente este blogue tem vivido de deixas dadas por blogues amigos. Desta vez estou a partilhar um bule que me parece comparável com um que a Maria Paula publicou há pouco.
Este bule é uma das peças de faiança que tenho comigo há mais tempo.
Gosto imenso dele - das linhas, da cor, do motivo decorativo - mas tem um grande defeito: não me conta nada da sua história...


Talvez por o bico ter ficado exageradamente comprido (ou não?) lembra-me uma lâmpada de Aladino, dos contos da minha infância...
Quando o encontrei, numa arrecadação da loja de velharias do Sr Franquelim em Condeixa, estava muito sujo e com piriscas dentro, sem tampa, sem metade do bico e com uma falha no pé. Perguntei ao Sr Franquelim quanto custava e ele, muito admirado por ver uma rapariga de vinte e tal anos interessada naquele "caco", ofereceu-mo logo.


 Depois mandei-o restaurar - na altura um restauro caro como fogo! - e um dia encontrei uma tampa que devia ser de um galheteiro de faiança - do saleiro ou do pimenteiro - e achei que ficava mais compostinho com ela. :)  Mas também gosto de o ver sem tampa.
Como está  à vista no bico, o restauro correu mal, isto é, ele ficou bem feito na altura, só que as peças restauradas não podem ser lavadas e este bule deve ter levado um bom banho numa daquelas sessões muito zelosas de limpezas... Quando dei por ela, estava manchado e a descascar, por isso procurei retirar os restos do acabamento com muito cuidado. Só não mexi  no bico que tinha uma parte acrescentada e sujeitava-me a ficar com ela na mão...


É no formato do pé e nas riscas, neste belo tom de azul cobalto de toda a decoração, que o acho parecido com o bule da Maria Paula mas aqui a decoração floral foi feita a estampilha enquanto o dela apresenta um motivo de casario certamente pintado à mão livre....

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Azulejos na torre da igreja


Quando há dias o LuisY mostrou uma torre sineira de Fronteira revestida a azulejos azuis e brancos, lembrei-me que também eu tinha andado a fotografar há tempos a cúpula da torre sineira da igreja de Condeixa, igualmente com revestimento azulejar a azul e branco.


Em resposta ao desafio que ele me lançou, fui rever as fotos para aqui as partilhar mas não consegui nenhuma em que se vissem bem os azulejos. Na altura, andei empoleirada em locais mais altos, fiz zoom o mais possível mas mesmo assim... 


Achei curioso que, sendo estes azulejos bem mais elaborados que os de Fronteira, não tenham o impacto visual que os de lá conseguiram com um desenho geométrico tão simples. Mas penso que o próprio desenho da cúpula de Condeixa, com respetivos pináculos, os prejudica um pouco, já que os torna menos acessíveis ao nosso olhar.
Ao editar a fotografia anterior, ampliando-a, reparei que parece ter havido aqui aproveitamento de azulejos do século  XVIII, alguns barrocos, outros neoclássicos, provavelmente recuperados do antigo edifício, uma vez que o atual é uma reconstrução da segunda década do século XIX.




Efetivamente, esta Igreja Matriz de Condeixa-a-Nova tem hoje um traçado neoclássico mas a  sua construção, no lugar de um templo mais antigo, foi ordenada por D. Manuel I, ficando as obras a cargo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra que as concluiu em 1543.
Veio a ser saqueada e incendiada, como aliás grande parte da vila e seus palácios, pelas tropas de Massena, durante a 3ª invasão francesa, uma verdadeira tragédia para as gentes de Condeixa. A reconstrução posterior  conferiu à fachada o aspeto atual que se vê em baixo.

Foto retirada da net
Foi nesta igreja que fui batizada, aqui se casaram os meus pais e alguns dos meus antepassados e também aqui assisti a cerimónias fúnebres por  familiares e amigos.
Nesta época, recorda-me os domingos de Páscoa festivos que ali passava na infância e adolescência enquanto os meus avós eram vivos e se realizava a Visita Pascal. Era um autêntico frenesim que se apoderava da minha avó paterna, a mais dada às práticas religiosas, sempre atenta para que toda a família estivesse presente para "beijar o Senhor", geralmente ao fim da tarde, e sempre à espreita para ver quando o "Senhor" chegava ao fundo da rua ao som da campainha que o anunciava...

É altura para desejar a quem me visita um bom Domingo de Páscoa, com ou sem as vivências da Páscoa tradicional.