segunda-feira, 29 de abril de 2013

Cenas maternais segundo Adam Buck - Mother-and-child scenes after Adam Buck

Esta semana trouxe para o chá - com a Terri e a Martha em Tea Cup Tuesday e a Sandi em Tea Time Tuesday - mais um conjunto de peças de chá inglesas. 
This week I brought for tea - with Terri and Martha's Tea Cup Tuesday and Sandi's Tea Time Tuesday - another set of English teaware.


 São típicas de uma certa produção do início do século XIX (1800-1820) - a decoração com gravuras com a técnica de bat printing, com cenas ao estilo neoclássico do período Regência, com figuras maternais que lembram, pelo género de vestuário e penteados, as personagens femininas dos romances de Jane Austen, hoje muito popularizadas em filmes e séries.
They are typical of a certain production of the early 19th century (1800-1820) - bat-printed decorations, with scenes in the neoclassical style of the Regency period, with maternal figures which, by the type of clothing and hairstyles, recall the female characters of Jane Austen's novels, today made popular in films and serials.


Estas cenas a preto e branco, aplicadas sobre faiança fina pearlware ou sobre porcelana, tiveram como modelo os desenhos de Adam Buck, um artista irlandês que se notabilizou em Londres no final de setecentos e início de oitocentos e que  já referi num post de Setembro último.
These black and white scenes, bat printed on porcelain or on pearlware, followed Adam Buck's drawings, an Irish artist who gained notoriety in London in the late seventeen and early eighteen hundreds, whom I already mentioned in a post last September.


Para além das cenas a preto e branco na chávena e no pires, a decoração  das peças é rematada por filetes de lustrina rosa.
Besides the black and white scenes in the cup and saucer, the pieces are edged by pink lustre borders.


Não se trata aqui de porcelana, mas da faiança fina pearlware que Josiah Wedgwood desenvolveu e foi utilizada na produção Wedgwood e de outros fabricantes ingleses a partir do início do século XIX. Nenhuma das peças tem marca, mas nota-se por baixo o vidrado azulado que é caraterístico do pearlware.
Here we aren't dealing with porcelain but with the so-called pearlware which Josiah Wedgwood developed and was then used in Wedgwood's and other English makers' production, in the early 19th century. None of the pieces is marked, but underneath one can notice the bluish glaze which  is typical of pearlware.


O prato que acompanha o conjunto de chávena e pires apresenta uma decoração de flores azuis sob  o vidrado a que se sobrepôs uma grinalda de folhagem a lustrina rosa, tudo bordejado por filetes de lustrina 
The plate which accompanies the tea cup and saucer features an underglaze  decoration of blue flowers which is overlapped by a pink lustre garland of foliage, all enclosed by lustre borders.


Sei que com este prato, com esta decoração, vou surpreender um amigo que é aqui visitante assíduo. Não me apercebi logo que comprei o conjunto, já há meses em Coimbra, mas julgo que é a mesma decoração dum prato que ele tem, maior do que este, de que chegámos a falar e nos intrigava quanto à origem. Não tenho agora quaisquer dúvidas de que são ambos exemplares de lustrina inglesa.
I know that with this plate, bearing this decoration, I will surprise a friend of mine who often comes to visit. I didn't notice it when I first bought the set, months ago in Coimbra, but I think it's the same decoration as a plate of his, larger than this one, we came to talk about and which intrigued us as to its origin. I have no doubts now that they are both English pink lustre items.


Mas voltando aos desenhos estilo Adam Buck. Estas cenas de intimidade familiar, mas também alegorias ou figuras clássicas, estiveram na moda nas artes decorativas por toda a Europa e inevitavelmente também o mobiliário refletiu este gosto. 
But back to Adam Buck's style drawings. These scenes of family intimacy, as well as allegories or classical figures, were in fashion in the decorative arts all over Europe and furniture inevitably reflected this taste.


O LuisY do Velharias, que já dedicou posts a este tipo de loiça, partilhou uma descoberta interessante que fez nas coleções do Museu Nacional de Arte Antiga, um dos nossos museus imperdíveis em Lisboa: uma mesa provavelmente de fabrico português, cujo tampo  reproduz ao centro uma gravura inspirada em Adam Buck: "The darling asleep" da autoria de  Freeman.
LuisY of "Velharias" blog, who has already posted about this kind of wares, shared an interesting find he made in the collections of Museu Nacional de Arte Antiga (National Museum of Ancient Art) one of our outstanding museums in Lisbon: a table, probably portuguese-made, with a decorated top which copies a print inspired by Adam Buck: "The darling asleep" by Freeman. 


Aqui vemos um bebé adormecido ao colo da mãe, mas todas estas cenas mostram figuras de mulher a cuidar dos seus filhos - a dar de beber, a vestir, a aconchegar - cenas muito adequadas ao chá desta semana já que em Portugal é já no próximo domingo que celebramos o Dia da Mãe. Não sei a razão da escolha desta data, noutros países é em dias diferentes, e aqui costumava ser a 8 de Dezembro. Nessa altura, quando eu era miúda, punham-me a fazer pegas para os tachos, em lã ou em fio de algodão,  para oferecer à minha mãe, que ainda por cima faz anos nesse dia. O que acontecia invariavelmente é que era ela própria que tinha que acabar as pegas... 
Here we see a baby asleep at his mother's lap, but all these scenes show figures of women caring for their children - helping to drink,  dressing,  cuddling -  very suitable scenes for tea this week since in Portugal it is already next Sunday that we celebrate Mother's Day.  I do not know the reason for choosing this date, in other countries it  is on different days, and here it used to be  on the 8th of December. At that time, when I was a kid, they had me make pot holders, of  wool or of cotton yarn, to offer to my mother, who moreover celebrates her  birthday on that day. What happened was that more often than not it was herself that had to end the knitting or crocheting...


Nas  fotografias estão prendas que eu recebi no Dia da Mãe e que são as minhas preferidas: flores, neste caso de orquídea, a pequenina envasada recebida num dos últimos desses dias e curiosamente a que se tem dado melhor cá em casa.
In the photos there are gifts I got on Mother's Day and which are my favourite: flowers, namely orchid flowers, the small potted one received in one of the last celebrations and curiously the one which thrives better in our home.
Felizmente ainda posso celebrar o dia, espero que por mais alguns anos, com a minha mãe... e, não menos importante, com o meu pai!
Fortunately, I can still celebrate the day, hopefully for some more years, with my mother... and not less important, with my father!


Com um carinho especial a todas as mães que estão a passar por dificuldades...
With a special affection for all mothers who are going through hard times...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A faiança ratinha do Museu Machado de Castro


É inegável que o Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, alberga tesouros valiosíssimos, peças de alto valor patrimonial, histórico e artístico, com vários séculos de existência,  chegando o núcleo romano a cerca de dois milénios. Ganharam agora, com a remodelação do museu, um destaque merecido e deslumbram todos os visitantes.
A cerâmica também está ali bem representada em esculturas de terracota e em painéis de azulejos, mas talvez pela quantidade de bens de interesse nacional, certamente também europeu e até mundial, de que o museu dispõe, a faiança, com exemplares únicos desde o século XVI,  não dispõe de muito espaço na exposição permanente  e foi até esquecida no folheto-guia do museu.
Na minha opinião, e não sou a única a pensar assim, a faiança ratinha, um caso único na faiança popular portuguesa do século XIX e início do XX, com caraterísticas muito próprias que tornam fácil a sua identificação e atribuição às olarias coimbrãs e com um contexto histórico e social também muito peculiar, devia ter contado com um núcleo expositivo mais extenso.




São lindos os pratos ratinhos de figura central que lá se encontram em exposição, assim como estes dois que igualmente pertencem ao acervo do museu e encontrei no MatrizNet. São geralmente os mais valorizados, até pelo testemunho que dão de costumes, trajes e figuras típicas, mas as restantes três peças em exposição não lhes ficam atrás em interesse. Aquela garrafa, o pucarinho, o grande prato de flores são peças magníficas! Gosto de apreciar a forma como são tratados os motivos vegetalistas e até o jogo de cores nos geométricos, cada um exemplar único; desses haverá alguns nas reservas do museu inacessíveis ao olhar do público e é disso que tenho pena.
Já o Professor António Augusto Gonçalves, fundador do Museu Machado de Castro, dava primazia aos mais simples, sem figuras, vendo com olhar crítico a introdução, no final do século XIX, da figura central nos rústicos ratinhos. Considerava-as "arrebiques" que os descaraterizavam, talvez por os distanciarem da herança islâmica que lhes é atribuída.


À falta de exemplares mais comuns na exposição do museu, trouxe aqui um dos últimos que trouxe para casa e me agrada particularmente. São os verdes intensos que aqui mais me seduzem, naquelas pinceladas livres a imitar folhagem, numa composição floral pentagonal que acho muito atraente. 
Uma caraterística deste meu prato que é comum aos mais primitivos ratinhos e que também me atrai muito é a disposição do motivo por toda a superfície, covo e aba, sem distinção entre um e outra e obviamente sem cercadura, apenas dois filetes a rematar.
Em baixo o prato ladeado de dois pequenos covilhetes no mesmo tom de verde.


Deixei para o fim uma boa notícia que foi ao fim e ao cabo a razão para este poste: soube há pouco tempo que o  MNMC recebeu uma doação de mais de cem ratinhos para o seu acervo. Só que, como já não têm lugar na exposição permanente, teremos que aguardar por uma exposição temporária, quando houver meios para a preparar e montar, o que não será certamente nos próximos tempos...
E há outra boa notícia: um novo blogue, o Tempo e Histórias, que se propõe dedicar muito do seu espaço à faiança ratinha, ou não fosse a sua autora uma estudiosa desta faiança popular coimbrã.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Fábrica das Devezas na Pampilhosa


Os edifícios da sucursal das Devezas junto ao entroncamento ferroviário da Pampilhosa



Hoje, para grande pena minha, estou a fazer concorrência ao Ruin'Arte, só me falta a arte...
Tinha destinado já há tempos ir à Pampilhosa numa tarde de sol para fotografar o que resta da sucursal da Fábrica das Devezas, ali fundada junto ao entroncamento ferroviário em 1886,  e foi o que fiz ontem. Ia ainda tentar saber se na sua produção incluiram alguma vez os telhões de faiança a que já dediquei várias postagens aqui no blogue, mas a informação que obtive de pessoas locais descarta essa hipótese. Nem mesmo as figuras alegóricas tão típicas das Devezas, uma ou outra ainda visível em velhos edifícios da Pampilhosa, terão alguma vez sido fabricadas lá. Ali a produção era sobretudo em barro cozido - telhas, tijolos, manilhas em grés e todos os materiais ornamentais ou utilitários para telhado.

Alegoria da Fábrica das Devezas (coleção do Underground Museum das Caves Aliança de Sangalhos)

Foram três as empresas de cerâmica de construção que laboraram durante um século na Pampilhosa, mas hoje estão todas fechadas e em estado semelhante a este. Uma delas tinha o nome Mourão e Teixeira Lopes Lda, já que teve como sócio fundador um dos membros da família Teixeira Lopes deslocados para a Pampilhosa para trabalhar na Fábrica das Devezas, a Fábrica Velha como ficou ali conhecida.
É o estado desta que choca mais, não só pelos elementos arquitetónicos que se mantiveram no edifício a atestar o gosto de uma época, mas pela história que a liga ao grande complexo industrial da Companhia Cerâmica das Devezas, de António de Almeida Costa & Cª, em Vila Nova de Gaia. Esta sucursal fechou nos anos 80, mas só no ano passado a Câmara da Mealhada conseguiu adquirir todo o complexo de edifícios da Pampilhosa, já em avançado estado de degradação, como se vê, e agora  nem sei se  haverá dinheiro ao menos para consolidar a ruina...
Na sede da associação cultural pampilhosense GEDEPA, um espaço que alberga vários núcleos museológicos, foram recolhidos muitos materiais cerâmicos, inúmeros moldes e outros artefactos que poderiam agora estar debaixo daquela ruína e das suas vizinhas se não tivesse havido esse cuidado.

Moldes de madeira para telhas de canudo

As telhas para beirais rendilhados

Vários ornatos para telhado
De qualquer forma perdeu-se ou encontra-se vandalizado, por exemplo, um mostruário de azulejos aplicados na parede, azulejos esses que não eram fabricados na Pampilhosa mas seriam encomendados à sede em Gaia. Entretanto  outros elementos da fachada e do restante edificado foram simplesmente caindo.

Quanto ao edifício sede em Gaia, que fotografei há pouco mais de um mês, continua ao abandono e não tardará muito que venha a atingir o mesmo estado de ruína.
Seria sem dúvida o local ideal para instalar um grande museu da cerâmica de Gaia (e Porto, por que não?) e penso que já houve tentativas nesse sentido mas não se vislumbra como, quando, quem, com que meios...

Lê-se ainda na parede: "COM SUCURSAL NO ENTRONCAMENTO DE PAMPILHOSA"



Sobre a entrada principal, a ladear a alegoria da indústria, os dizeres: "Fundada em 1865" e "Reformada em 1900"


É uma dor de alma continuarmos a assistir a casos destes por todo o lado. Que triste país este!!!


terça-feira, 9 de abril de 2013

Ch'a, Chá, Chai, Té, Tè, Te, Tea, Tee, Thé, Thee...


Dita rapidamente em voz alta, esta série de palavras parece uma vocalização de criança que não domine ainda bem a linguagem... mas em dia de chá à terça-feira - com Tea Cup Tuesday, Tea Time Tuesday e Tuesday Cuppa Tea - já todos perceberam do que se trata...
If you say it aloud quickly, this series of words looks like the utterance of a child who doesn't master language yet... but on a Tea Tuesday - with Tea Cup Tuesday, Tea Time Tuesday and Tuesday Cuppa Tea - everyone has already understood what it is about...



 Por que será que o nome português para chá é o mais parecido com o chinês cha e totalmente diferente dos seus equivalentes nas outras línguas europeias mais conhecidas?
Why is it that the Portuguese name for tea (chá) is the most similar to the Chinese cha and quite different from its equivalents in the other best-known European languages?


A flor do chá ou Camellia Sinensis
The tea or Camellia Sinensis flower
Já ouvi contar sobre isso uma história meio anedótica segundo a qual muitas línguas europeias usam para o chá um nome cujo som é parecido com o da letra T porque os caixotes que vinham do Oriente com as preciosas folhinhas trariam um T marcado com o significado de "transporte"... :) Soa a piada, não?
About that, I've already heard a story, kind of a joke, which tells that many European languages use a name with an identical  sound  to the letter T because the boxes that came from the Orient containing the precious leaves would bear a T meaning "transport"... :) It sounds like  a joke, doesn't it?


O que acontece é que nos vários dialetos ou línguas da grande China há variantes da palavra e conforme a zona onde os comerciantes europeus efetuavam os seus negócios, ouviam um determinado som para chá que depois adotavam nos seus países.
The fact is that in the several dialects or languages of the great China there are variations of the word and according to the region where the European merchants made business, they heard a certain sound for tea which they later adopted in their countries. 




Em Macau, onde os portugueses se estabeleceram e comerciaram a partir do século XVI, era a versão cha que ouviam e foi essa que importaram... vindo a dar o nosso ternurento chazinho. :) Claro importaram a palavra ao mesmo tempo que importavam o produto e também os delicados recipientes para o servir, como as tacinhas de porcelana que se veem em cima.
In Macao, where the Portuguese established and traded from the 16th century on, the version cha was the one they heard and imported...which resulted in our sweet and tender chazinho. :) Of course they imported the word as they imported the product as well as the delicate recipients to serve it, like the porcelain little bowls you can see above.

Pormenor de uma gravura de William Hogarth do séc. XVIII 
Detail of a William Hogarth's 18th cent.engraving 
Neste pormenor de uma gravura de William Hogarth (Londres, 1697 - 1764), da série "Industry and Idleness"  (Diligência e Ociosidade) podemos ver à janela um jovem casal da burguesia bem-sucedida do século XVIII a sorver o seu chá por delicadas tacinhas. Repare-se na forma como pegavam nelas para não se queimarem!!!

A gravura completa com cena de rua em Londres e o London Monument ao fundo
The complete engraving with a London street scene and London Monument in the background

In this detail of an engraving by William Hogarth (London, 1697 - 1764), from the series "Industry and Idleness"  we can see a young couple at the window, belonging to the successful bourgeoisie of the 18th century, sipping their tea from delicate tea bowls. Notice the way they hold them to avoid getting burnt!!!

Taça chinesa com um motivo "Cantão"
Chinese tea bowl with a "Canton" pattern

Taça chinesa em porcelana azul e branca
Chinese tea bowl in blue and white porcelain


Taça chinesa com decoração "família rosa"
Chinese tea bowl with "famille rose" decoration
Este modelo e decoração da familia rosa acabou por ser muito imitado pelos fabricantes europeus, particularmente ingleses, como já  mostrei aqui numa postagem do ano passado.
This shape and "famille rose" decoration ended up being  very much copied by European manufacturers, specially English ones, as I have already shown here in a post last year.




Entretanto, com a invenção das chávenas de chá, graças à asa ficámos com o problema resolvido de como pegar para não queimar, mas eu continuo a ter um fraquinho pelas tacinhas de chá, não só as chinesas, mas também as que se continuaram a fabricar pela Europa fora.
Meanwhile, with the invention of tea cups, thanks to the handle we had that problem solved of how to hold  not to burn, but I still have a crush on the little tea bowls, not only the old Chinese ones but also the ones that continued to be made all over Europe.


sexta-feira, 5 de abril de 2013

O Cantão Popular nortenho



O prometido é devido e hoje cá estou com mais algumas peças de faiança portuguesa conhecida por Cantão Popular, das que tenho mais antigas e que identifico como nortenhas. Têm em comum o tipo de cercadura e o tema central, uma paisagem ribeirinha com ilha, edifício oriental, arvoredo e nuvens.
Começo por falar do prato da esquerda, que não oferece dúvidas quanto à origem, já que está marcado Cavaco Gaia.



Penso tratar-se da peça mais recente deste conjunto,  da Fábrica Cerâmica do Cavaco, uma das unidades gaienses que integrou o nome Cavaco, tendo  laborado à beira do Douro até meados do séc. XX.
Este intenso azul cobalto torna muita da sua produção inconfundível a juntar à marca que estas faianças quase sempre ostentam. À paisagem já muito estilizada faltam elementos Cantão tal como foi popularizado pelo padrão "Willow" inglês, pelo menos  a ponte e as três figuras, um barco...


Quanto à travessinha da direita, com aquelas árvores tipo cato, já foi aqui tratada num outro post, por isso não vou adiantar agora mais nada sobre ela.
À esquerda está um prato sem marca, mas cuja paisagem e respetivos elementos decorativos são muito semelhantes aos do prato Cavaco. Falta no entanto a este a intensidade do azul e o tracejado mais abundante que carateriza essa produção bem identificada.


A semelhança entre os dois relativamente à paisagem permite-me pensar que se trata de fabrico próximo, embora este segundo prato, com algumas mazelas e restauros, me pareça de uma época mais recuada.


A paisagem da travessa é menos estilizada do que a dos pratos, mas continuam a faltar-lhe elementos típicos do Cantão Popular. Ao centro deverá estar representada uma ilha, com o palácio oriental, arvoredo, num desenho mais realista do que o habitual, e demais vegetação, mas tal como nos dois pratos anteriores não se vislumbra qualquer ponte, apenas água, representada em primeiro plano e ao fundo, assim como nuvens e pássaros.
Este foi mais um pequeno contributo para a sistematização das várias versões de Cantão Popular, iniciada e desenvolvida pelo LuisY no seu Velharias.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Livrinhos


Assinala-se hoje o Dia Internacional do Livro Infantil e por isso escolhi este dia para partilhar aqui as muito estimadas velharias que são os livrinhos que me restam de quantos recebi e me encantaram na minha  longínqua infância. Era esta a prenda que eu preferia e assim fui reunindo um número apreciável destes contos numa época em que as bolsas não se abriam com muita frequência  para aceder aos pedidos das crianças.


Quase sempre as ilustrações no interior eram desenhos a preto que eu ou outras mãos infantis nos entretinhamos a colorir, mas ainda me lembro de dois maiores, com ilustrações a cores lindíssimas, que tanto foram apreciados e manuseados que acabaram por desaparecer, já na geração seguinte ;) - A Gata Borralheira e A Menina do Capuchinho Vermelho.

Um exemplar igual ao que eu tive e que adorava

Os que ainda restam são quase todos das edições Majora, dos anos 50 e 60, de várias coleções com nomes bem sugestivos: Colecção Pequenina, Colecção Princesinha, Colecção Mil e Uma Noites, Colecção Formiguinha, Colecção Pintarroxo, Colecção Varinha Mágica... e depois havia a Colecção Manecas das Edições Romano Torres. É desta coleção o mais antigo que  ainda tenho, O Sapatinho do Natal, que me chegou da geração anterior à minha.




Na contra-capa ainda se veem os preços carimbados, 2$00, 2$50, 3$00... A minha primeira semanada era de $70 precisamente para comprar aos sábados um livrinho da Colecção Formiguinha, um dos conjuntos mais pequenos que atei com uma fitas para não se perderem.
Espero que as pessoas que me visitam e viveram a sua infância há 5 ou 6 décadas,  gostem de rever estas pequenas preciosidades desses tempos únicos da nossa  meninice...