sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Prato de Miragaia

Finalmente tenho um prato da Fábrica de Miragaia. E com marca!

Celebrando-se hoje o segundo aniversário do blogue Velharias, do LuísY, é a ele que dedico este post, com votos de que celebre muitos mais aniversários, para deleite de todos nós.


O prato foi oferta de uma querida amiga e minha madrinha (também minha comadre, já que dois filhos são meus afilhados, um deles padrinho da minha filha; é  afilhada da minha mãe que por sua vez é afilhada da mãe dela... estão a ver o intrincado da  relação... lol).
Sempre conheci os pratos Miragaia lá em casa, mas obviamente durante muitos anos não sabia do que se tratava. Este verão estive mais uma vez a apreciar um que está exposto, a ver a marca, Miragaia Porto por extenso, e a apreciar a pasta, lembrando-me das atribuições indevidas que se vêem pelas feiras. Ao falarmos dele a minha madrinha referiu que o par tinha sido partido por um dos meus afilhados em  miúdo, tinha sido colado mas não sabia onde ele parava. Acrescentou que se calhar alguém já o tinha deitado fora...
Imaginem o meu desgosto! Disse-lhe que de qualquer forma, se o encontrasse, eu gostaria muito de ficar com ele mesmo partido e colado (que descaramento!)
Finalmente - alegria!!! - o prato apareceu e foi-me oferecido.


Tinha uma cola amarela e estava muito mal colado, com junções mal ajustadas, abertas mesmo. Tive que meter mãos à obra e comecei pela descolagem.
Esqueci-me de tirar uma fotografia do estado em que estava antes, mas tirei esta depois de descolado.


Segui as dicas que me foram dadas por um vendedor, meu ex-colega, para a descolagem e limpeza e comprei uma cola recomendada pela conservadora e restauradora Sandra Pena. No fim o meu marido encheu as ranhuras com uma massa branca e eu dei-lhe uns retoques a azul.
Não se pode dizer que tenha ficado um trabalho perfeito, mas para mim é um encanto poder apreciá-lo, exposto no meu armário de faianças.
No catálogo da exposição "Fábrica de Louça de Miragaia"  editado pelo Museu Soares dos Reis em 2008, há um prato igual e com a mesma marca  na página 221.


No mesmo catálogo este motivo decorativo conhecido por "tipo país" utilizado no 2º período de fabrico (1822-1850), fase em que se pretendia imitar a faiança inglesa azul e branca, é associado a um exemplar da Herculaneum Pottery de Liverpool com um motivo central conhecido como "View in the Fort  Madura" da Indian Series.
Tenho um prato desses há anos mas não conhecia a relação entre os dois motivos e mesmo depois de já ter visto a exposição sobre a Fábrica de Miragaia, mas antes de comprar o catálogo, fui alertada para o facto num post do blogue do LuísY.


O prato que tenho há mais tempo é o da direita, em flow blue ou azul escorrido, mas o da esquerda que adquiri entretanto, deve ser mais antigo, quer por ainda se ver em baixo a chamada seam ou costura da junção da estampa na aba, problema que foi resolvido pela técnica do flow blue, quer pela tonalidade da pasta e rebordo no tardoz.
No meu fraco entendimento de pastas cerâmicas, acredito que o mais antigo seja em creamware e o outro em pearlware, até porque tem uma tonalidade azulada, caraterística da pasta desse tipo de fórmula.
As marcas também são diferentes, situar-se-ão entre 1810 e 1820, mais ou menos o período em que foi usado este padrão decorativo, tendo a fábrica sido encerrada em 1840.


O que é curioso é que o nosso motivo “País” da Fábrica de Miragaia e de outras que a imitaram, sobretudo Darque na opinião de José Queirós,está mais próximo da versão da Herculaneum do que esta está da pintura original de Thomas Daniell, do final do século XVIII . Até as flores em fundo esponjado da aba, usadas por Miragaia e que depois perduraram como cercadura muito típica nas faianças do Norte, devem ser uma cópia da aba de flores da versão Herculaneum. Nesta, a cena resultou de uma amálgama feita pelos artistas gravadores de elementos presentes em várias gravuras de uma série de paisagens indianas -  juntaram ao forte um arco, a vegetação luxuriante, incluindo as palmeiras, uma montanha e as figuras e assim criaram uma paisagem que nunca existiu. A Fábrica de Miragaia só não copiou a montanha e as figuras de homens e elefante, mas também há peças mais pequenas desta série da Herculaneum que não incluem estes elementos.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Par de trios com paisagens - Pair of trios with landscapes



Hoje venho para o chá de Tea Cup Tuesday e Tea Time Tuesday com chávenas, pires e pratos de bolo de boa porcelana inglesa.
Today I come for Tea Cup Tuesday and Tea Time Tuesday with cups saucers and cake plates of fine English porcelain.


Tenho estas chávenas e pratos comigo há mais de dez anos. Foram comprados em Coimbra, numa loja de boas decorações e algumas antiguidades, no início do meu  interesse especial por porcelana inglesa.
I have had these tea cups and plates for more than ten years now. They were bought in Coimbra, at a store with good home decorations and some antiques, when I was beginning to get a special interest in English porcelain.


É verdade que tive que alargar bem os cordões à bolsa mas, com aquele tom verde água de que eu tanto gosto e toda aquela elegância das molduras douradas a enquadrar  paisagens, vim muito feliz com elas para casa...
It's true I had to spend more than usual but,  with that aqua colour I so much enjoy and all that elegance of gold frames around colourful landscapes, I came home very happy with them...





Têm algum desgaste nos dourados, mas as paisagens em miniatura pintadas à mão que decoram as peças - ao todo 16 paisagens, todas diferentes -  formam uma galeria liliputiana de pintura paisagística que me encanta.
The gold trims are a bit worn out but the hand-painted miniature landscapes that decorate these items - 16 landscapes in the whole, all different -  form a Lilliput gallery of landscape painting that delights me.


O fabricante inglês, Charles Ford, que marcava a sua produção com um  monograma CF, dedicou-se ao fabrico de porcelana em Hanley, Staffordshire, entre 1874 e 1904, tendo sucedido a Thomas Ford naquele local. Por vezes este monograma aparece sobre um cisne.
Apenas nos pires também se pode ver o nº de padrão 2467.
The English maker, Charles Ford, who marked his production with a CF monogram, went into porcelain production in Hanley, Staffordshire, between 1874 and 1904, having succeeded Thomas Ford in the same place. Sometimes this monogram appears on a swan.
One can also see, on the saucers only, the pattern number 2467.


E agora só me resta perguntar: É servido/a de uma chávena de chá?
And now I'll just have to ask: Would you care for a cuppa?



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Um ano de atividade bloguista - One year of blogger activity

Por incrível que pareça, já faz hoje um ano que me iniciei nestas andanças, uma data sem dúvida a assinalar!
Resolvi ilustrar este post comemorativo com imagens das 5 mensagens mais visualizadas de sempre.

Apontamentos Arte Nova na Curia - I  ( 285 visualizações)

Nunca imaginei vir a dedicar-me desta maneira a uma atividade centrada no computador e no mundo virtual, hesitei muito antes de começar, mas a verdade é que estou muito satisfeita, feliz mesmo, com esta maneira de preencher grande parte do meu tempo disponível.
Foi para mim uma surpresa poder retirar tanto prazer da escrita. Nos anos de juventude era quase uma leitora compulsiva, mas fui abrandando o ritmo ao longo da vida profissional e familiar... A escrita é que nunca me seduziu, era apenas o estritamente necessário por dever de ofício, achava que não tinha jeito nem paciência...
Agora, o jeito pode não ser muito, mas paciência há de sobra, mais do que isso, há muito prazer envolvido nesta escrita sobre  temas que tanto me apaixonam. O tempo é que por vezes é escasso...
Dou por mim quase a seguir o lema de um amigo, professor e investigador da Universidade de Aveiro que várias vezes mo repetiu e eu achava difícil de concretizar: nulla dies sine linea (nenhum dia sem uma linha). É claro que a vida profissional também me obrigava a escrever diariamente, mas não era certamente este tipo de escrita...

Prato de porcelana de Paris ( 248 visualizações)
 Aqui fiz  vários amigos e amigas, alguns até já conheci pessoalmente e ao encontrá-los foi como estar com alguém já conhecido de longa data.
Lembro-me das hesitações iniciais, dos receios pela exposição... e nessa altura a M. Isabel do Lérias e Velharias incentivou-me muito a começar. Senti o apoio não só dela mas também do LuísY do Velharias, já que desde o início me acolheram com os seus comentários favoráveis e muito assíduos e por isso lhes estou sinceramente agradecida.
Logo a seguir apareceu a Marília do Armazém de Paixões e depois o Manel, uma presença imprescindível para todos nós, que eu, de início, como o via a comentar noutros blogues mas nunca no meu, pensava não me querer acolher na pequena comunidade que se tinha formado :) Afinal não conseguia comentar como anónimo por azelhice minha...
Penso que o mesmo acontecia com a Maria Paula do blogue As coisas de que eu gosto que só mais tarde começou a deixar comentários.


Prato antigo com decoração barroca ( 231 visualizações)
Depois foi o Fábio Carvalho do Porcelana Brasil a aparecer de vez em quando e mais assiduamente quando comecei a participar no Tea Cup Tuesday...  por o ter visto participar.  Achei que seria  interessante o contacto com uma comunidade de gente tão distante, mas com quem eu partilhava o gosto pelo chá,  pelas porcelanas... Foi também uma inovação que assinalou os seis meses em que comecei a frequentar mais a blogosfera.
Mais recentemente tenho contado com as visitas e comentários frequentes do jovem Flávio, do Trapos Cacos e Velharias, cheio de entusiasmo pelo mundo das velharias e pelo colecionismo a ele associado.
Para além dos meus 42 seguidores "oficiais", há muitas pessoas que me visitam e até me contactam pelo e-mail que disponibilizei aqui, mas privilegio sempre os contactos através do blogue porque nem sequer tenho tempo para manter uma correspondência assídua on-line.


Azulejos do séc. XVIII (210 visualizações)
Entretanto, fiz conhecimentos muito interessantes que me permitiram visitar duas maravilhosas coleções de faiança portuguesa e de arte sacra e daí surgiram amizades que muito prezo. Já mostrei várias peças de uma dessas coleções e sei que continuarei a contar com a disponibilização de fotografias de peças  excecionais.
Segundo as estatísticas do blogger, o número total de visualizações até hoje,  foi de 35.300, mas obviamente haverá  pessoas que vêm cá quase diariamente e outras terão vindo só uma vez, por acaso. A partir de Janeiro de 2011 a média mensal de visitas foi superior a 2.000 e nos últimos meses aproxima-se das 4.000.
Outro dado interessante fornecido pelas estatísticas é o número total de visualizações por país e essa parte tem-me  deveras surpreendido.
É claro que em primeiro lugar e a grande distância de todos os outros está Portugal(27.281) e logo a seguir vem o Brasil (5.976), o que também não é de estranhar. Depois seguem-se com mais de 100 visualizações os Estados Unidos(605), Espanha (272), Alemanha (143), Reino Unido(105) e Canadá (101). Mas há visitas de quase todos os países da Europa e de todo o mundo, situação a que não é certamente alheia a minha participação quase semanal no Tea Cup Tuesday...

Chávenas de chá de porcelana inglesa do séc. XIX (181 visualizações)
 Não sei se estes números interessarão a outras pessoas,  para além de mim e dos amigos e familiares que têm acompanhado mais de perto este processo, mas eu gosto muito de saber quem me visita e ficam aqui os dados para contar a história deste blogue.
Agradeço aos meus 42 seguidores habituais, alguns amigos e familiares, por se terem disposto a acompanhar com regularidade as minhas histórias  mais ou menos longas, mais ou menos (des)interessantes.
Espero continuar a contar com a vossa presença do lado de lá...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Meninos holandeses em serviço de chá - Dutch kids on a tea set

(I'm sorry if Google Translator isn't working yet; I'm not sure about it...)

Esta semana vim para o chá no Tea Cup Tuesday e no Tea Time Tuesday com a colaboração de uma amiga, ao permitir-me utilizar fotografias de um delicioso serviço de chá antigo da Vista Alegre que recebeu de herança familiar.
This week I came for tea in Tea Cup Tuesday and Tea Time Tuesday with the collaboration of a friend of mine that allowed me to use photos of a delicious Vista Alegre tea set, from family heirloom.


Pertenceu à avó do marido e quem sabe se terá sido uma prenda de casamento nos anos dez do século xx.
Deve ter sido muito apreciado e usado e por isso já não chegou completo aos nossos dias.
It belonged to her husband's grandmother and, who knows, may have been a wedding present in the second decade of the 20th century.
It must have been very much cherished and used and that's why it didn't come complete to our days.


A marca é mais uma vez uma que a Vista Alegre usou de 1881 a 1921. Os modelos das várias peças estão entre os mais fabricados durante esse periodo, embora as decorações variassem muito de serviço para serviço e esta era para mim desconhecida.
The backstamp is, once again, one used by Vista Alegre from 1881 to 1921. The models of the several items are among the most produced in that period, although the decorations varied from one tea set to another and this one was unknown to me.


Esta é uma  decoração muito juvenil, cheia de ternura, com várias cenas de miúdos,  vestidos com traje holandês.
This is a very juvenile decoration, full of tenderness, with several scenes of kids dressed in Dutch costume.





Agradeço muito à minha amiga e... espero que tenham gostado do serviço.
Eu adorei!
I very much thank my friend and... I hope you have enjoyed the tea set.
I loved it!

sábado, 17 de setembro de 2011

Nossa Senhora da Piedade

Gosto de gravuras antigas, sobretudo porque as relaciono muito com a ilustração de livro antigo, mas as de caráter religioso, os chamados registos,  foram também executadas independentemente da arte livreira, para dar resposta a uma procura motivada pela devoção popular.


O LuísY tem mostrado vários registos da sua coleção e no último post, como resultado de uma pesquisa que fez sobre o assunto, clarificou alguns termos com ele relacionados e deu-me a deixa para este post, embora hoje não me sinta particularmente inspirada para a escrita.
Encontrei esta gravura ou registo representando Nossa Senhora da Piedade, já emoldurada, numa loja de antiguidades de Coimbra, que agora está quase sempre fechada. Comprei-a a preço de saldo, considerando a qualidade e o ótimo estado da moldura, mas também o tema que tem em geral muita aceitação.


Como já aqui tenho dito, as imagens em escultura ou em pintura de Nossa Senhora da Piedade, as Pietás, também são das representações religiosas que mais me cativam e acho esta particularmente tocante.
A posição dos corpos parece-me magistralmente composta, sendo o corpo inerte do Cristo morto uma representação bem realista, anatomicamente perfeita, de uma figura de homem jovem, com 33 anos de idade, segundo a história que conhecemos.
Gosto particularmente da forma como as mãos  estão desenhadas e como se entrelaçam as mãos direitas das duas figuras.



Constam da cena todos os elementos que aí teriam figurado, como o caixão, a base da cruz onde se encosta a mãe com o filho morto nos braços, a escada pela qual foi apeado, no chão os objetos usados na tortura:  martelo,  pregos, alicate e a esponja amarga.

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Mas também constam elementos simbólicos como a espada cravada ao coração de Maria, um elemento mais presente nas iconografias de Maria  designadas como Mater Dolorosa.
A cena de sofrimento e morte está adequadamente encimada por um escudo com as cinco chagas dentro de uma coroa de espinhos, tendo por trás a lança e a esponja de vinagre , todos símbolos da paixão de Cristo.


Embora estes registos fossem destinados à devoção popular, muitas vezes sem grandes exigências  de qualidade artística, a expressão de sofrimento desta Mater Dolorosa e toda a restante composição saiu certamente do lápis de um bom desenhador, cujo nome desconheço.


O que se pode saber pela inscrição na margem inferior é  que esta obra foi executada em Lisboa, na fábrica de António Joaquim Ribeiro situada na Rua da Padaria, nº 17, sendo o G que antecede a inscrição muito provavelmente da palavra gravado ou gravador.
Ainda não consegui encontrar informação sobre este gravador, mas a rua fica na zona da Sé, sai do Largo da Igreja de Santo António e vai entroncar perpendicularmente na rua dos Bacalhoeiros (que passa à frente da Casa dos Bicos). O nº 17 pertence hoje a um prédio que aparenta ser do séc. XIX e se não estou em erro o último ramo de negócio que ali esteve instalado foi uma carpintaria. 
Estas oficinas de gravação e impressão eram simultaneamente locais de venda destas gravuras, daí a vantagem de incluirem o endereço completo do gravador.

Graças ao comentário do Luís, fiquei a conhecer o culto lisboeta de Nossa Senhora da Piedade das Chagas de Cristo, onde certamente se insere este meu registo com o pormenor do escudo com as cinco chagas, e numa breve pesquisa, encontrei um blogue onde se fala deste tema com informação relevante e várias imagens: 


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Chávenas decoradas com paisagens - Cups with landscape decoration

I'm so sorry, but only yesterday  was I aware that Google Translator isn't working.  I'll try to fix it as soon as possible.


Hoje estou aqui para o chá de terça-feira - Tea Cup Tuesday e Tea Time Tuesday -  com este conjunto de chávenas Vista Alegre, duas de café e duas de chá, todas decoradas com paisagens.
Today I'm here for Tuesday tea - Tea Cup Tuesday and Tea Time Tuesday - with this set of Vista Alegre cups, two coffee cups and two tea cups, all of them decorated with landscapes.


Esta primeira tem uma pintura muito ingénua, quase infantil, e pode ter sido inspirada nas paisagens ribeirinhas que rodeiam o complexo de edifícios da Fábrica da Vista Alegre, na parte sul da ria de Aveiro.
This first one has a very naif, almost childish  painting and may have been inspired by the waterfront landscapes that surround the buildings of Vista Alegre Factory, in the southern part of Aveiro sound.


A asa, parecendo galhos cruzados atados na junção, é muito típica da Vista  Alegre, pelo menos não conheço este formato de asa em nenhum outro fabrico.
A que se segue, embora também com cena ribeirinha, apresenta edifícios que não são típicos em Portugal.
The handle, looking like crossed twigs knotted at the junction, is very typical of Vista Alegre, at least I don't know this type of handle by any other maker. 
The one that follows, although with another waterfront scene, shows buildings that are not typical in Portugal.



Serão provavelmente franceses, o que não me causa surpresa já que a produção Vista Alegre deste período - final do século XIX, início do XX - sofria grande influência da porcelana francesa.
They are probably French, which doesn't surprise me as Vista Alegre production in this period - late 19th century, early 20th - used to be largely influenced by French porcelain.


Poderão ter sido desenhos ou gravuras franceses que foram copiados ou serviram de modelo aos artistas da Vista Alegre.
Tem alguns pormenores de requinte como o moldado do fundo do pires e a forma elaborada da asa.
French prints or drawings might have been copied or used as models by Vista Alegre artists.
It shows some exquisite details like the moulded saucer bottom and the elaborate shape of the handle.


Voltamos a uma paisagem ribeirinha a lembrar as antigas pontes de madeira da zona de Aveiro, inclusivamente uma que existe muito perto da Fábrica da Vista Alegre.
Here again a waterfront landscape recalling the old wooden bridges in Aveiro region, including one that stands  near Vista Alegre Factory.


Mas a familiaridade acaba aí porque mais uma vez os edifícios apontam para outras paragens, mais a norte... O raminho a semi-emoldurar a cena confere-lhe um encanto muito especial.
But the familiar look ends here because once again the buidings suggest other environments, further north... The sprig that half-frames the scenery conveys a very special and charming look.


Finalmente, a última da série  volta a ter uma paisagem que se pode encontrar em Portugal e neste caso os edifícios também nos são familiares.
Finally, the last one in the series has again a landscape that can be found in Portugal and in this case the buildings are also familiar to us.



Gosto muito do tom lilás do céu e do último plano da paisagem.
I love the mauve colour of the sky and of the landscape background.



 A marca da esquerda é a das chávenas de chá e a da direita das chávenas de café, ambas usadas pela Vista Alegre no período 1881-1921.
The backstamp on the left belongs to the tea cups and the one on the right to the coffee cups, both used by Vista Alegre in the period 1881-1921.

sábado, 10 de setembro de 2011

Mais faiança ratinha para a coleção...

Este verão comprei várias peças de faiança, sendo as últimas dois pratos ratinhos.  Neste caso, usando a despropósito a conhecida frase bíblica, os últimos vão ser os primeiros... a merecer postagem.
Entretanto recebi de uma amável colecionadora fotografias de pratos ratinhos do tipo dos meus e acrescentei-os ao post.



O primeiro ratinho  foi comprado na feira de velharias da Figueira da Foz e foi a minha amiga Alice que fez o negócio, um bom negócio, porque estava a comprar outras coisas à vendedora.

O meu marido é que viu primeiro a peça, que achámos bonita e em muito bom estado, mas só nos entusiasmámos com a compra ao sabermos o preço, que à partida era bastante razoável. Com a intervenção da "stôra" Alice ainda lucrámos 5 euros...


Tem cerca de 26 cm de diâmetro e foi fazer companhia aos pratos, palanganas e bacias que já mostrei numa parede há tempos.
Não tinha nenhum com estes motivos, mas o LuísY do blogue Velharias mostrou num post um parecido que comprou há uns meses e também uma bacia da barba de uma sua seguidora.
Só tenho pena que o meu não tenha a espiral ao centro, como tem o que se segue e pertence à colecionadora que nos brindou com belas imagens de exemplares seus.

É uma peça belíssima que apresenta um esquema decorativo semelhante ao do meu  e tem as mesmas cores,  à exceção do azul, pelo que poderá ser mais antigo.
Da  mesma colecionadora é este exemplar listrado e desta vez com um esquema decorativo semelhante ao da minha segunda peça.


O meu segundo ratinho, maior do que o primeiro, foi uma compra mais ponderada, com um namoro de várias feiras, já que , apesar de partido ao meio e com gatos, estava à venda na feira de Aveiro pelo dobro do preço do outro. Finalmente, com o preço arredondado em conjunto com outra peça, lá nos decidimos a trazê-lo.

O vendedor dizia ser um pré-ratinho, mas eu, conhecendo alguns pré-ratinhos (inclusivé das colecionadoras que têm disponibilizado fotografias de peças suas neste blogue e no do LuísY) não fiquei muito convencida com essa classificação.
Será um ratinho de finais do século XIX, enquanto que muitos dos que andam por aí à venda, incluindo alguns dos meus, já serão do início do século XX, mas penso que pré-ratinhos serão  faianças coimbrãs do início de oitocentos...
Não nos podemos esquecer que por exemplo a coleção de faianças ratinhas de José Régio foi reunida em recolhas por aldeias alentejanas dos anos 30 aos anos 60 do século XX. É certo que muitos dos seus Cristos também foram assim recolhidos e alguns são muito antigos, mas esses não eram peças utilitárias, manuseadas diariamente e num material mais perecível como é a faiança dos ratinhos.

O que eu quero dizer é que estas não são peças que as famílias rurais guardassem como relíquia; se as tinham em casa, andariam ao uso, partiam-se e seriam recuperadas com os populares "gatos" ou então iam parar à capoeira das galinhas, onde não durariam muito tempo, e eram substituidas por outras novas.
Uma outra ajuda para a datação desta produção popular coimbrã é o quadro de José Malhoa "A Sesta", de 1909, que o Luís também mostrou num dos seus posts sobre ratinhos, onde se vê uma bacia desta faiança ao uso, dentro do cesto da merenda de um trabalhador rural.
De qualquer forma, o vendedor deste meu prato percebe de faiança e tem peças boas. Há tempos tinha um Menino Gordo, mas vendia-o caríssimo, pelo menos pelos meus padrões de compras de faianças...

Este é também parecido com um de uma seguidora do Luís mostrado num post de 14 de Junho último, mas bem mais pobre na decoração.
Teria sido à partida mais decorado, mas deve ter tido um azar qualquer na aplicação de listras de esponjados a amarelo, porque notam-se restos desses esponjados junto à orla e entre as linhas castanhas. Terá sido no forno ou então com o manuseamento e lavagens que aquela cor não resistiu? Até me apetecia mandar-lhe acrescentar os esponjados a amarelo para ver o efeito...
Mesmo assim, por enquanto tem direito a exposição em lugar de honra, numa das paredes da entrada da minha casa. Um dia destes vai para  lá o outro...
Finalmente acrescento aqui mais um lindíssimo exemplar da mesma colecionadora com uma paleta de cores que o inclui já na produção do século XX.