segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Porcelana Minton para um chá de aniversário - Minton porcelain for blog anniversary tea


Após meses de ausência em que deixei o blogue quase em auto-gestão - e surpreendentemente não se saiu mal, com um número razoável de visitas diárias - ao aproximar-se mais um aniversário do meu início nestas lides, achei que um espaço que teve uma atividade intensa e bem gratificante durante mais de três anos, merecia ter o seu 4º aniversário assinalado.
Não me canso de lembrar que foi o blogue que me trouxe conhecimentos e amizades que muito estimo, pessoas com quem tenho partilhado e aprendido muito e cujas visitas e comentários me estimularam a pesquisar e a querer saber sempre mais nesta área das velharias. 
A preparação de um chá de terça-feira, aliás sugerido pelo LuísY, em parceria com a Martha de Tea Cup Tuesday - não esquecendo a querida Terri a quem envio daqui um forte abraço - com a Sandi de Tea Time Tuesday, e com a Ruth de Tuesday Cuppa Tea , pareceu-me uma forma adequada de marcar devidamente este dia.


A Sandi propôs para esta semana, muito apropriadamente, um chá de Outono, mas para além da falta de luz que se nota nas minhas fotografias graças a este dia cinzento a anunciar a estação, não consegui pensar em nada apropriado. Sorry, Sandi.


Nunca tinha escrito aqui sobre a porcelana inglesa Minton, pela simples razão de que tenho tratado a porcelana e a faiança inglesas sobretudo nos chás da terça-feira e não tinha, ou julgava não ter, qualquer chávena dessa produção. Devidamente identificados tinha apenas pratos e pires, o que não chegava para o chá.


Há pouco mais de um ano encontrei este gracioso conjunto à venda no chão da feira de velharias das Fontainhas, no Porto, e por menos de 5 € trouxe estas irresistíveis peças para casa.
Não sabendo do que se tratava, encontrei um número de padrão a azul que logo me fez suspeitar serem inglesas.


Mas os requintados pormenores com decoração a ouro, sobretudo as pegas do açucareiro, embora muito maltratado e com uma tentativa de restauro que correu mal, e a pega torcida da chávena, levaram-me a listar como possibilidades de fabrico vários nomes, desde Sèvres a Coalport e Minton.





Finalmente, um destes dias, ao pensar nestas peças para um tea time, descobri que aquela pega torcida da chávena, com uma junção em forma de folhas ao corpo da peça, é tipicamente Minton. Um pormenor que fez a diferença para a identificação... até prova em contrário. Claro, foram as imagens da internet que me iluminaram o caminho.
Logo fui rever as peças que já tinha com marca ou padrão Minton e resolvi escolher para acompanhar o chá neste dia de aniversário a que tenho há mais tempo e talvez seja a minha preferida.


É um pratinho de sobremesa que encontrei numa feira há quase dez anos e me custou a módica quantia de 2 € :).
Não o identifiquei logo como Minton, mas aquela decoração a ouro, os medalhões e as rosas, tudo em primorosa pintura à mão, fizeram-me perceber a qualidade da peça.


Só depois reparei que, para além do número de padrão, tinha a palavra Minton, quase impercetível, gravada na pasta em maiúsculas. Não consegui fotografá-la de modo a que fosse aqui visível, por isso só mostro o pattern number - A5937 - seguido de um tally ou cifra do pintor.


Pelo tipo de decoração e pelos números de padrão, imagino que todas estas peças datem do final do século XIX, mas a produção Minton começou ainda no final do XVIII.
A partir do meu livrinho English Porcelain, de John Sandon, resumi a informação sobre a empresa, que aqui registo.
Foi Thomas Minton que deu início à firma com a produção de faiança em Stoke-on-Trent, Staffordshire, em 1793, mas poucos anos depois virou-se também para o fabrico de porcelana, do tipo bone china. A partir de 1805, usou uma marca baseada nos Ls cruzados de Sèvres com a letra M e um número de padrão., mas sabemos que nem todas as peças eram assim marcadas, sobretudo nos serviços.

Foi com o filho, Herbert Minton, que a partir de 1830 muita da inspiração para formas e decorações veio dos grandes nomes do continente europeu, primeiro de Meissen e depois de Sèvres. Com uma produção de qualidade reconhecida, mais para o fim do século  veio a ser muito marcante a influência japonesa. 
No século XX assiste-se a um certo declínio que vai culminar no fecho da fábrica já nos anos 80.  


E pronto, o chá está servido. A taça que foi certamente taça de pingos ou slop bowl pode agora ser usada para uns docinhos a acompanhar o chá. ;)