De novo as florzinhas de Sacavém!
Gosto particularmente deste jarro ou leiteirinha com um mimoso motivo estampado de grinaldas de rosas. Já o tenho há bastante tempo e estive para o incluir nas peças com flores de Sacavém que aqui partilhei há tempos, mas achei que merecia mais protagonismo e reservei-o para outra publicação.
Não sei qual o nome deste motivo, mas é relativamente comum e eu conheço-o desde sempre da casa de amigos muito próximos, numa base de candeeiro a petróleo e em chávenas e pires.
A marca que apresenta não ajuda muito à datação. Sendo do período Gilman começou a ser usada na primeira década do século XX e manteve-se igual, ou quase, até aos anos 70. O "quase" deve-se à forma da fivela e à terminação do cinto que, segundo o MAFLS, permitem situar este carimbo com alguma certeza em período anterior a 1930.
Acabei por lhe arranjar a companhia de uma azeitoneira com um motivo também muito delicado de grinalda de flores, desta vez de cravinas.
É de um formato usado na Fábrica de Loiça de Sacavém com vários outros motivos decorativos, com a asinha única a dar-lhe uma graça muito especial.
Neste caso encontramos a sobreposição de várias marcas que permitem afirmar estarmos perante um período mais restrito da laboração da fábrica, a transição do nome Howorth para o nome Gilman. A par do carimbo Real Fábrica de Sacavém e da coroa gravada na pasta, ambos a remeter para o século XIX, encontramos a inscrição G. & Cª EM Cta, ou seja, Gilman & Companhia em Comandita.
Esta companhia em comandita foi estabelecida entre James Gilman e a Baronesa Howorth de Sacavém, certamente Alice Rawstron, a esposa legítima de John Stott Howorth (1829-1893). No entanto, Maria Margarida Pinto Basto (1866-1936), a companheira de muitos anos e mãe dos seus três filhos, com quem nunca se chegou a casar, também assumiu o título de baronesa, havendo assim lugar a dúvidas quanto à titular da sociedade em comandita.
Por curiosidade, encontrei uma peça exatamente igual à minha no catálogo do Museu da Cerâmica de Sacavém, Itinerário pela Produção da Fábrica de Loiça de Sacavém, que a identifica como covilhete, nome certamente referente à forma deste tipo de objetos, maioritariamente com a função de azeitoneiras.Outras peças muito interessantes são as mostardeiras de Sacavém, em forma de sopeira em miniatura com um prato incorporado à volta da base.
Esta tornou-se uma peça única :) já que tendo-se partido o prato ou aba, a base foi limada a toda a volta de forma a parecer uma peça completa. Não deixa de ser bonita e por isso, depois de a Maria Paula no seu comentário falar de uma terrina com este motivo, achei que esta pequena também merecia ser aqui vedeta!
Fascinating Maria! Trying to figure out the back stamps can be so challenging. This one is one I have never seen here in America. The little pitcher is very sweet with it's decoration of lovely roses. The plate as well is delicate in beauty!
ResponderEliminarThanks so much for sharing these with us.
Hugs,
Terri
Hi Terri,
EliminarThanks for your nice visit. No wonder you have never seen any of these backstamps in America. This is a very popular Portuguese company although it was run by English industrialists during most of its existence. I know they exported to Africa but to my knowledge, not to North America...
Have a great week!
Hugs
So interesting Maria... Your little pitcher looks to be a very sturdy pottery that has been made to endure ... It's a sweet little pitcher that one might use as an every day milk or cream jug. The winged handles on your serving dish also make it a user friendly item especially for teatime sweets ...
ResponderEliminarFollowing trademarks is always a chore... Your stamp is unique ... I have read somewhere that various companies trademarks change every ten years or so ...making it harder for us to research their origins.. Thank for sharing these little beauties with us today ... hugs
Hello Zaa
EliminarI loved your comment and I'm glad you liked the two pieces I shared here.
Trademarks are always a challenge to me, they can provide a lot of information about the item or its manufacturer and that's something I do value, the history of an object...
Thanks for visiting.
Hugs
Olá Maria Andrade
ResponderEliminarDe novo em casa :)
A sua pequena leiteira é muito bonita e muito semelhante a uma terrina da minha cunhada, bem, isto pensava eu até ver a sua azeitoneira, que, esta sim, tem precisamente o mesmo motivo da tal terrina. E o mais curioso disto tudo é que ainda ontem estive em casa dela a ver as suas últimas aquisições, onde se inclui a terrina, que não apresenta nenhuma marca.
Pessoalmente acho tão subtis as diferenças entre estas marcas representadas por um cinto,que tenho dificuldade em identificá-las.
Vou continuar a pôr as minhas leituras em dia:)
Um abraço
Olá Maria Paula,
EliminarÉ verdade que vamos todos regressando a casa e vai-se instalando de novo a rotina...
Quanto às peças de Sacavém, aparecem algumas sem marca e é sempre útil a comparação com outras semelhantes em formato e decoração para se poderem identificar com alguma certeza. Até acrescentei aqui a minha mostardeira incompleta do motivo "cravinas", agora uma terrina em miniatura :), para poder comparar melhor. Também não tem marca mas pode ter tido na parte do prato que se partiu.
Quanto às marcas com o cinto, ao ler a explicação do MAFLS, fiquei bastante elucidada, acho que não é difícil ver as diferenças, mas como ele também diz, há sempre exceções à regra...
Bjs.
Gostei particularmente da azeitoneira ou covilhete.
ResponderEliminarTal como à Maria Paula, as marcas de Sacavém também me confundem e pelo que percebi ultimamente, as informações do Dic. de marcas da Filomena Simas sobre esta fábrica não estarão absolutamente exactas o que nos deixa a todos aos papeis. Recentemente, recebi um comentário sobre a identificacão das marcas de uma peça em Metz que apresentei e fiquei bastante apreensivo.
bjos
Luís, estas peças mais antigas - as decorações florais são as minhas favoritas - são as que apelam mais ao nosso gosto por velharias , também porque são menos vulgares.
EliminarQuanto às marcas, é sempre um problema, talvez porque a fábrica nunca se preocupou muito em distinguir períodos de fabrico, pelo menos ao longo do século XX. Mesmo nas marcas do século XIX há por vezes ligeiras diferenças que fazem a diferença...
Tenho que ir rever o seu post sobre o motivo Metz...
Beijos
Bom dia, Maria Andrade.
ResponderEliminarÉ curioso como algumas das publicações do MCS muitas vezes não contribuem para a unificação da própria terminologia dos formatos da FLS, nem cruzam informação com as fontes disponíveis nos arquivos do CDMJA. Mas enfim, são deslizes que a qualquer um podem acontecer.
Esta peça está claramente classificada como azeitoneira formato Redondo na fotografia do catálogo de Formatos de Loiças Domésticas, de Maio de 1951, existentente no CDMJA.
Saudações!
Caro MAFLS,
EliminarMuito obrigada pelo contributo que aqui veio dar sobre esta questão de terminologia. Não me espanta que chamem à peça covilhete, sendo pequena e redonda, mas agora ficamos a saber que foi mesmo azeitoneira o nome atribuído pela fábrica.
Já agora, espero que não tenha detetado nenhuma incorreção no arrazoado que aqui escrevi :)
Um abraço
"Já agora, espero que não tenha detetado nenhuma incorreção no arrazoado que aqui escrevi :)"
EliminarNão, não, mas acabei por detectar uma incorrecção no meu arrazoado... :)
A data do catálogo é 1950 e não 1951, obviamente.
"Mas enfim, são deslizes que a qualquer um podem acontecer"... :)
Quanto ao termo covilhete, não é usado sequer neste catálogo.
Saudações!
Og dear Maria, you know I'm a big fan of your stunning porcelains you share with us too. I specially love this pitcher, it's gorgeous! Thank you for your lovely visit. Hugs,
ResponderEliminarFABBY
Bom dia Maria Andrade,
ResponderEliminarPermita-me que corrija a informação sobre a companhia em comandita. Foi, de facto, estabelecida entre James Gilman e a Baronesa de Sacavém, a legítima, Alice Rawstron e não com Margarida Pinto Bastos.Cumprimentos. Luísa Duarte
Cara Luísa Duarte,
EliminarMuito obrigada pela correção que veio aqui introduzir.
Considero a fonte em que me baseei bastante credível, mas efetivamente tem muito mais lógica que fosse a esposa legítima a herdar a posição na fábrica e a estabelecer a sociedade com James Gilman e por isso já alterei o texto. De qualquer forma, embora tenha alguns catálogos sobre Sacavém, ainda não encontrei qualquer referência que clarifique este assunto.
Cumprimentos
Cara Maria Andrade, as fontes consultadas referem (quase)sempre e apenas o título, Baronesa de Sacavém. Porém, nas actas da escitura da cessação das quotas da empresa que geria a Fábrica de Loiça de Sacavém, datadas de 1922, surge o nome da Baronesa, Alice Rawstron. Aproveito para lhe solicitar que, caso não se importe, me esclareça sobre a utilização do título de Baronesa, por parte da Margarida Pinto Bastos. Desde já agradeço a sua disponibilidade e simpatia. Luísa Duarte
ResponderEliminarCara Luísa Duarte,
EliminarBasta fazer uma pesquisa na internet escrevendo na barra de pesquisa o nome da senhora e a palavra Sacavém para encontrar pelo menos duas referências a esse facto: uma na Wikipédia e a outra num jornal on-line da Câmara de Loures, em ambos os casos em textos sobre John Stott Howorth.
Pelo menos o da Câmara de Loures deve ser credível, tendo à disposição o Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso do Museu de Sacavém...
Já agora satisfaça-me também a curiosidade. Está envolvida em algum estudo ou investigação sobre este assunto?
Apareça sempre.
Cumprimentos