Refiro-me à Fábrica de Santo António de Vale da Piedade, uma das mais importantes e mais duradouras fábricas de cerâmica de Vila Nova de Gaia. Nunca é demais repetir que teve uma existência de cerca de 150 anos (1785 - 193...) com uma produção muito variada, desde faiança utilitária doméstica até azulejos e ornamentos de arquitetura, destinada não só ao mercado interno, mas também à exportação, sobretudo para o Brasil.
Como acontece com quase toda essa produção, este prato grande marmoreado não está marcado, mas há um dado que me faz suspeitar tratar-se de fabrico de Santo António. É a semelhança decorativa com uma salva de aguardente ou escorredor de copos, peça já aqui referida, apresentada por Artur de Sandão na obra Faiança Portuguesa, Séculos XVIII - XIX , vol. II, p. 154 e atribuída a Santo António de Vale da Piedade, ao período de João do Rio Júnior (anos 60-80 do século XIX).
Também no Museu da Cerâmica, nas Caldas da Rainha, há um prato muito semelhante , mas aí a ficha de catalogação limita-se a referir fabrico do Norte, sem mais, datando-o do século XIX.
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| Prato do Museu da Cerâmica |
Não só a decoração mas também as dimensões coincidem com as do meu prato (30 cm de diâmetro e 5 cm de altura).
Este foi mais um dos meus achados na Feira de Velharias de Aveiro, a preço de pechincha, certamente por estar partido e colado, embora não se note muito, e por não exibir uma decoração muito vistosa. Mas só pelo desafio da descoberta e por admitir ser de Santo António, trouxe-o para casa há uns meses com todo o prazer... e acho que fica muito bem a fazer companhia a uma caraterística tampa em Cantão Popular.
Tive conhecimento, há algum tempo, de uma página criada no Facebook, sobre a Fábrica de Santo António, pelo estudioso de cerâmica Francisco Queiroz. Recomendo a visita, pelo que deixo aqui o link:
https://www.facebook.com/FabricaDeSantoAntonioDoValeDaPiedadeE, também do mesmo autor, uma outra página sobre a Fábrica das Devesas:
https://www.facebook.com/pages/F%C3%A1brica-de-Cer%C3%A2mica-das-Devesas/271032116245596
Olá Maria Andrade
ResponderEliminarBelo exemplar da nossa faiança! Atendendo às semelhanças com os dois exemplares que nos mostra e que estão devidamente identificados, parece-me legítimo poder-se-lhe atribuir a origem à Fábrica de Stº António de Vale da Piedade. Quando olhei pela primeira vez para o seu prato pareceu-me igual a um que cá tenho em casa, com medidas aproximadas ao seu (32x3), mas com uma técnica que me parece esponjado,embora diferente do esponjado circular. Forma quase que um ziguezague.Como já sei que a curto prazo não terei grande tempo para fazer um post sobre o meu prato, vou-lhe enviar uma foto, para perceber o que lhe tento dizer :)
A sua tampa é uma pequena maravilha.Parece ter o formato da tampa de um prato coberto. Será?
Beijinhos
Maria Paula, são realmente belas faianças, mas ainda não consegui fotografar melhor o meu prato...
EliminarQuanto ao seu, também um belo exemplar, obrigada por ter enviado a fotografia. Também me parece decorado a esponjado, que, ao cobrir todo o prato, forma um efeito semelhante ao do meu.
A tampa era de um prato coberto, semelhante ao seu precioso exemplar com o motivo "País". Fui ao seu blogue para comparar e também vi outros no MatrizNet, só que aqui só ficou a tampa :(
Mais uma vez obrigada.
Beijinhos
Querida María
ResponderEliminarSaber que estás ahí pendiente de mí me da
fuerza ,Gracias
Un Beso y todo mi cariño
Desejo-te toda a sorte do mundo, Princesa!
EliminarBeijos e muita força!
Esqueço-nos muitas vezes da produção de Sto Ant Vale da Piedade, e como, a par da sua vida de cerca de meio século, terá tido igualmente uma produção prolífica ... só para baralhar as coisas ainda mais do que estão!
ResponderEliminarQuantas e quantas peças, atribuídas a esta ou àquela fábrica, como Fervença ou Bandeira, por exemplo, não deverão ser de SAVP.
Fico sempre algo desolado pela falta de uma marquinha que seja!
No entanto, e tendo em conta os exemplares que apresenta, fica-se com a impressão que o seu poderá efetivamente pertencer a SAVP.
Tendo tido a hipótese de ver esta sua peça e sentido o seu peso, posso dizer-lhe que o prato que tenho, e que apresenta alguma semelhança decorativa com este, é bem mais leve. Quando for ao Alentejo dir-lhe-ei com exatidão o seu peso e dimensões.
No entanto, para este meu, nem sequer tenho qualquer hipótese viável.
Parece-me ser também uma peça originária do norte, mas aqui acaba todo o meu poder de adivinhação.
Uma boa semana e agradeço-lhe de coração a vossa simpatia e generosidade
Manel
A vida da fábrica foi de século e meio, faltou-me a adição do século ... até os séculos já me escapam!!!!
ResponderEliminarManel
Tem razão, Manel, os nomes de Bandeira e Fervença são realmente dos mais referidos quando se trata de faiança do Norte não marcada e afinal a produção gaiense vai muito para além destas duas fábricas. O que não andará por aí de Santo António de Vale da Piedade, considerando o século e meio de contínua laboração! Eu adoraria que, não só o prato, mas também a tampa, fossem de lá, com maior probabilidade o prato, mas...quem sabe... Vai-se aguardando o resultado de descobertas em escavações recentes...
EliminarO edifício ainda existe, mas está em degradação acelerada sem que ninguém lhe deite a mão, o que é uma dor de alma!
Fico então à espera de saber mais sobre o seu prato.
E não há que agradecer nada quando há reciprocidade e fica a vontade de repetir a dose... ; )
Um grande abraço e uma ótima semana de trabalho.
Depois de ver bem o meu prato já lhe posso dizer que o trabalho decorativo é diferente deste, pois, enquanto o seu é feito através de traços que se arrastam pela superfície, o meu trata-se mais de esponjados. A diâmetro do meu é de 32 cm, com 5,5 cm de altura e um peso de cerca de 1,1 kg, e, na aba, paredes com cerca de 7 mm de espessura.
EliminarManel
Manel, pela descrição, o seu prato deve ser muito parecido com o da Maria Paula. O meu é realmente diferente na decoração e também um pouco mais pequeno e mais leve.
EliminarRealmente, pelos exemplos que apresentou, o seu prato parece ser de Santo António de Vale da Piedade. A decoração da salva de aguardente é igualita, igualita ao seu prato, como dizem os nuestros hermanos. Aos poucos, vamos conseguindo juntar alguns dados sobre faiança e fazer aproximações ao que serão conjuntos de peças da mesma família, provenientes talvez de um mesmo fabricante.
ResponderEliminarBjos e uma boa semana de trabalho
Também me pareceu "igualita", Luís, : ) embora a fotografia do meu prato não tenha ficado muito nítida. Não sei se é pelo fundo branco da parede que, apesar das varias tentativas, não consegui fazer melhor que isto. : (
EliminarMas é graças a estas comparações que vamos dando nome às coisas e ficamos todos contentes... tendo sempre a noção de que há alguma dose de falibilidade...
Uma boa semana igualmente para si. Bjos.