Este é o 10º volume e simultaneamente o 19º e último livro de uma obra que teve muito impacto no final do século XVIII. Com o título "Histoire Philosophique et Politique des établissements des européens aux deux Indes", ficou mais conhecida por "Histoire des Deux Indes", ou seja, "História das Duas Índias", as Índias Orientais, na Ásia, e as Índias Ocidentais, nas Américas.
Foi publicado em França pela primeira vez em 1770, reinado de Luís XVI, em seis volumes, mas várias edições se seguiram ainda antes da Revolução Francesa, sendo esta já posterior.
Uma curiosidade a salientar neste exemplar é que está datado na folha de rosto com a anotação "3º ano da era republicana".
Efetivamente, durante um período que vai de 1792 a 1805, foi abandonado em França o calendário gregoriano e adoptada uma contagem dos anos a partir da Proclamação da Primeira República Francesa em 22 de Setembro de 1792. Trata-se aqui portanto de um ano que corresponde a 1794-1795.
O autor, o abade Guillaume-Thomas Raynal (1767-1796) que pertenceu à Companhia de Jesus, pouco ali tem da sua autoria, já que fez uma compilação de textos de autores consagrados, sendo Diderot o mais conhecido.
Nesta obra critica-se a exploração que as potências coloniais europeias - Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Holanda - vinham a fazer dos territórios sob o seu domínio e nesta gravura o alvo da crítica é o rei de Portugal, que era D. José I à data da publicação da obra.
Na legenda pode ler-se: "Eis os tributos que paga o Rei de Portugal", vendo-se a figura real a apontar para as armas que estão a ser amontoadas aos seus pés.
É claro que nem o rei D. José nem qualquer outro rei europeu anterior a D. João VI, terá alguma vez posto os pés num cenário assim exótico, quer em terras orientais, representadas pelo seu interlocutor com o turbante, quer a ocidente do Oceano Atlântico, territórios simbolizados pela figura do índio americano.
Trata-se de uma cena idealizada por Jean-Michel Moreau (1741-1814), conhecido por Moreau o Jovem, desenhador e gravador francês nascido em Paris.
Teve uma carreira muito prolífica, desde muito jovem, e em 1781 o seu prestígio ganhou-lhe a nomeação para Desenhador e Gravador do Gabinete do Rei, Luís XVI, passando a viver no Palácio do Louvre.
A certa altura da sua prestigiada carreira precisou dos serviços de outros gravadores para as obras que criava e neste caso é Edme Bovinet (1767-1832) o autor da gravação.
Também francês, natural de Chaumont, Bovinet não ficou tão conhecido como o seu parceiro nesta gravura.
Ola Maria Andrade
ResponderEliminarFalei de si a um colega meu..
Espero que não se importe.. Disse-lhe que gostava de livro. Ele é vendedor de livros e tem exemplares na colecção dele muito antigos. O mais antigo é de 1620 se não me engano. Ele tem um site onde vende todo o tipo de livros...
Livros Suméria. É daqui da minha terrinha =D
Gosto imenso de livros antigos e domingo comprei ao meu colega 4livros por 1 euro. um de 1805 ingles, outro de 1809 frances, um de 1909 portugues e outro de 1940. Ele em feiras vende optimos livros muito baratos. Em outra feira comprei-lhe o famoso romance Georgetta de 1842..
Um abraço
Flávio
Olá Maria
ResponderEliminarLindíssimo o seu livro sobre as duas Índias. Curiosos são os textos, tantas vezes fantásticos, com afirmações que não correspondiam à realidade.Interessante seria, também, relacionar essas obras com a criação e desenvolvimento das Companhias das Índias (orientais e ocidentais)e o papel económico e social que estas desempenharam no incremento do comércio e das relações entre os povos.
Cumprimentos
if.
Olá Flávio,
ResponderEliminarClaro que não me importo que fale do meu gosto por livros e em particular pelo livro antigo a outros amantes de livros.
Tenho uma vaga ideia de já ter visto esse nome, Livros Suméria, se calhar já me cruzei com esse seu amigo em alguma feira.
Comprou esses livros baratíssimos, dois deles entram na categoria de livro antigo, por isso foram praticamente dados e não vendidos... Claro, dependendo muito do estado de conservação, mas mesmo assim...
Cumprimentos
Olá If,
ResponderEliminarGostei muito deste livro, em primeiro lugar pela gravura e pela curiosidade da data, mas ao ler extratos achei-o muito interessante e muito avançado para a época nas posições que ali se defendem. É fortemente contra a escravatura, critica a ganância da corrida ao ouro e às outras riquezas à custa da exploração dos povos, sendo sobretudo uma abordagem filosófico-moral, cheia de máximas e de conselhos.
Por exemplo, há um capítulo dedicado ao comércio mas, embora comece por fazer o historial das relações comerciais entre os povos desde a Antiguidade até ao tempo das Descobertas, são 44 páginas sobretudo de considerações morais e reflexões filosóficas acerca dessas relações.
Não há qualquer referência concreta ao estabelecimento das Companhias das Índias no início do século XVII, nem à sua ação, o que também eu acharia interessantíssimo ler.
Muito obrigada pela sua achega. Obrigou-me a um esforço adicional de escrita que ao fim e ao cabo veio completar o conteúdo do post... Talvez até ainda lá vá acrescentar alguma desta informação.
Um abraço
Gracias Maria Andrade, (asi se llama tambien una amiga aca en Ecuador) como decia en mi post, este modelo de decoracion verde es el autentico enseñado por los Españoles en los 1800s, tambien un cafe claro, no muy bonito; yo opte por reproducirla en verde nada mas. Los gallos, gallinas, borregos, etc., tambien era costumbre como uds. de los Españoles antiguamente, entonces los hicimos asi tambien. Dime si prefieres que te escriba en Ingles o en Español?? Cariños, FABIOLA
ResponderEliminarOLá Fabíola.
ResponderEliminarMuito obrigada por teres vindo responder-me aqui. Podes escrever na língua em que te sintas mais confortável, que seja a tua língua materna e eu não sei se é o inglês ou o espanhol porque dominas muito bem as duas...
Eu no teu blogue escrevo em inglês porque as línguas usadas pelas outras visitantes são inglês ou espanhol e como eu não sei escrever em espanhol...
Abraços e volta sempre.
Partilho consigo a paixão pelo livro antigo, pelas belas gravuras que contêm e pela investigação que sempre implicam.
ResponderEliminarDe facto, nos finais do XVIII começam difundirem-se as ideias que a escravatura era má e que a exploração colonial não era uma coisa afinal tão cristã. Foi gente pioneira que defendeu essas ideias numa época em que a sociedade europeia pouco ou nada se importava com índios ou negros.
Gostei muito do post
Abraços
Caro Luís,
ResponderEliminarFoi para mim um prazer vê-lo em pessoa. Foi sem contar, mas mais semana menos semana acabaria por acontecer numa das minhas idas a Lisboa...
Afinal, já foi há mais de um ano que iniciámos estas conversas online,quando eu comecei a comentar os seus posts, ainda antes de ter este blogue.
Um dia destes será altura de fazer um "balanço" do ano de atividade bloguista.
Ainda bem que gostou do post.
O livro é muito interessante e tem a coroá-lo aquela bela gravura do séc. XVIII, ainda por cima representando o rei de Portugal. Não é nada abonatória, mas era aquela a realidade da época...
Abraços