segunda-feira, 13 de maio de 2013

A propósito do Dia da Espiga - About "Dia da Espiga" (Ear Day)




Foi já há dias, na última quinta-feira, que se celebrou mais uma vez o Dia da Espiga, que coincide com a Quinta-feira da Ascensão. 
Aqui na Bairrada é feriado municipal em vários concelhos, permitindo a participação das populações em festejos religiosos e profanos, entre eles as tradicionais  romarias  do Buçaco e  do Buçaquinho, de que já aqui falei no ano passado.
No entanto, só ontem, domingo, tive oportunidade de ir com o meu neto de dois anos apanhar as flores e os verdes que compõem o raminho, achando que, mesmo com atraso, há que cumprir uma tradição que nos leva ao campo, ao ar livre, e transmiti-la aos nossos rebentos. 


Apanhámos uma pequena haste de oliveira, outra de alecrim, uma folha de videira, duas papoilas, dois malmequeres brancos, vários amarelos... e juntámos duas espigas secas que tinha cá em casa, uma vez que por aqui não há campos de trigo. Acho que não faltou nada do que é tradicional e tem uma simbologia própria: paz (oliveira), saúde (alecrim), alegria (videira), amor (papoila), ouro e prata (malmequeres) e pão ( espiga de trigo e de outros cereais).
Há um ano, assinalei aqui a data com pratos do modelo "espiga" de Sacavém, mas este ano escolhi um conjunto de louça, na maioria inglesa, que pela decoração me faz lembrar estes nossos ramos da espiga que ficam de prevenção durante todo o ano a partilhar com Santa Bárbara a missão de proteger os lares de raios e trovões, numa simpática parceria cristã-pagã...


Os dois pratos maiores e a chávena de café são de fabrico Wedgwood - os pratos em faiança fina tipo creamware e a chávena em porcelana. Só que a infeliz chaveninha estava há muito sem companhia e um dia destes apercebi-me que um pratinho Vista Alegre que por aí andava fazia com ela o par perfeito: raminho de flores nas mesmas tonalidades e filete dourado a rematar. Ficámos eu e ela satisfeitas :).



O pratinho V. A. é de meados do século XX, como prova a marca usada entre 1947 e 1968.

Quanto aos pratos em faiança Wedgwood têm uma orla moldada a fazer lembrar as orlas em pena (feather edge) ou em concha (shell edge) que tão populares foram em Inglaterra, a verde ou a azul, nos serviços de louça comum em creamware  a partir do final do século XVIII. No entanto, as marcas destes pratos apontam já para o final do século XIX ou início do XX, sendo anteriores a 1908, data em que a Wedgwood generalizou o uso de Made in England nas suas marcas, segundo o site the potteries.org .






Na marca da chávena vemos os nome do motivo,"colonial sprays", que foi produzido entre 1974 e 1980, como louça comemorativa associada a Williamsburg, uma cidade americana do estado da Virgínia que teve  proeminência na época colonial.


E agora, resta-me acrescentar que me vou associar às minhas parceiras do chá que são as amáveis e incansáveis anfitriãs semanais de Tea Time Tuesday e Tea Cup Tuesday, a Sandi, a Terri e a Martha (a Ruth de Tuesday Cuppa Tea não tem aparecido), embora desta vez traga uma chávena de café... que também posso usar para beber chá, claro ;)


E que seja bem-vinda a Primavera, finalmente a fazer-se sentir a sério!

I apologize to my English-speaking friends and visitors for not writing a bilingual text, but time has been scarce lately, and so I'll have to rely on Google Translator.

20 comentários:

  1. Dear Maria,
    thank you for sharing this wonderful post. I is here also a habbit in the suburban areas to pick such a spice bouquet with flowers. Your china and potteries are beautiful to that.
    Best greetings, Johanna

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    1. Hi Johanna,
      This must be a very old pagan tradition celebrating Spring and the offspring of nature, so it's only natural that it's still followed in your country and in other European countries.
      Thanks for visiting.
      Hugs

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  2. Hi Maria,
    I like the way you tied the flowers. The colors are very traditional, nothing fancy here but it's truly from the countryside.
    I like poppy a lot.
    Hugs,
    Felicity

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    1. Well, Felicity, that's what it's all about, a bouquet made of very simple and humble field flowers, herbs and branches to celebrate nature. The bright red poppies are an essential element to it.
      Have a great week.
      Hugs

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  3. Your bouquet is pretty and I enjoyed reading of your cultural traditions for the flowers selected.
    Google translate works fine for English, thanks.
    Judith

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    1. Hello Judith,
      I'm glad you enjoyed reading about this tradition and knowing that Google Translator didn't let us down...
      Thanks for letting me know about it.
      Best greetings.

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  4. Hello Maria,
    I couldn't get your translator to work for me so I had to be content looking at your pretty china. Your poppy bouquet is very pretty and compliments your Wedgwood pieces very nicely. Thank you for sharing and joining me for tea. Have a lovely week, my friend.

    Blessings,
    Sandi

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    1. I'm so sorry, dear Sandi, I don't know why that happened, but at least you could enjoy the pictures.
      I'm glad you liked it!
      Thanks for hosting Tea Time Tuesday.
      Hugs

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  5. Hello Maria,
    I think your holiday tradition is wonderful. I wish we had one like this here in America. I love the symbolism and that you pass it on to the younger generation. We miss this kind of tradition here.
    Your bouquet is beautiful and full of meaning. The china you chose to pair it with works beautifully. It is a lovely pattern and it does mimic your sweet gathering of flowers, herbs and plants.
    Thank you so much for sharing.
    Hugs,
    Terri

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    1. Hello Terri,
      Who knows if there is a similar tradition in some unknown place in the US taken by European immigrants into your huge country?!
      Thanks for your nice comment to both the bouquet and the china.
      And thanks again for being a great hostess of these lovely tea parties.
      Hugs

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  6. Hi Maria: Love your post today. It is always so nice to hear of people's traditions. Love the china you shared today. Blessings, Martha

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    1. Hello Martha
      These tea parties are a great way to share each other's customs and traditions, aren't they? I'm glad you enjoyed the post and thanks for hosting Tea Cup Tuesday.
      Hugs

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  7. Em Estremoz também a quinta feira é feriado municipal e vem acompanhada de muitos eventos ligados ao campo, sobretudo à agricultura e à criação de animais, se bem que não percebo bem o porquê da agricultura, pois a maior parte dos campos que me rodeiam servem para deixar crescer ... erva e apascentar animais. São hectares e mais hectares!
    Mas a tradição do dia da espiga mantém-se, e o senhor que lá pelo Alentejo me vai olhando pelas coisas ficou muito admirado por eu não ter este hábito.
    "Entã vocemessê nã tem este uso da espiga? Olhe qu'aqui ninguém falha."
    E era verdade, no final de semana, após a quinta feira de ascenção, ainda se viam os resquícios do hábito e as pessoas tinham guardados os ramos, os quais só devem ser substituídos no próximo ano.
    Estes ramalhetes, por aqui, contam com uma quantidade de cereais: centeio, trigo e cevada (havia mais que o senhor me disse, mas ... já me esqueci), para não falar das célebres papoilas, alecrim e oliveira.
    São afinal a base de uma economia ancestral ligada à produção do cereal, base da alimentação de homens e animais, e do fundamental azeite, tudo relacionado com rituais pagãos, os quais respeito profundamente, e que, lastimo, estejam desvirtuados, o que devemos agradecer aos devotos esforços iniciais da santa madre igreja.

    Agrada-me referir que para colher todas estes itens não necessitaria de sair do meu quintal, pois tudo isto cresce à vontade por todos os cantos (nem sempre isto me dá prazer, devo confessar, pois o crescimento é invasivo), o que é um prazer para a vista, um aroma fantástico para o nariz e um encanto para a alma. Já quase tenho uma sebe toda feita de alecrim, alfazemas e rosmaninho, para lá de outras aromáticas igualmente fantásticas, e que só agora tenho vindo a descobrir.
    Uma boa semana para vós
    Manel

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    1. Manel, gostei muito de saber que esta tradição ainda é valorizada por terras alentejanas, porque por aqui, pelo que me apercebo, só as romarias e respetivas merendas têm ainda seguidores; valem pelo convívio são ao ar livre que grupos de amigos e famílias teimam em manter, mas penso que já não é hábito apanharem o ramo da espiga. Afinal já temos para-raios por todo o lado... ;)
      O meu ramo foi quase todo apanhado no jardim e arredores, só não tinha papoilas nem espigas de trigo, mas o meu terreno não é tão silvestre como o seu, parte cultivado, parte pastado...
      Adoro ler as suas imitações do falar alentejano. Que mimo!
      Um abraço

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  8. How gorgeous! I totally love the poppy bouquet for the festivity of Dia da Espiga. Your china is always to die for, you always share the most beautiful! Thank you for your sweet visit dear friend, I so appreciate it! Big hugs,
    FABBY

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    1. The bouquet results very beautiful, being made with such simple wild flowers and herbs.
      Thanks for your nice words, dear Fabby.
      Hugs

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  9. Olá Maria Andrade
    Gostei dos seus pratos, especialmente do primeiro da fábrica de Wedgwood. Os motivos são perfeitos para ilustrar o tema deste post.

    Tenho pena que cá pelo Norte, não exista esta tradição do Dia da Espiga, que só vim a conhecer já adulta, nos anos em que trabalhei em Lisboa. Nem em garota ouvi falar de semelhante tradição, pois a minha família é essencialmente originária do norte. Durante os anos que trabalhei em Lisboa cumpri sempre a tradição:)Ao fim do dia, quando chegava a Lisboa comprava um raminho às mulheres que andavam ali pelo Campo Grande a vendê-los. Sempre achei estes ramos de flores silvestres muito bonitos. O seu está muito bonito. Também escolheria ráfia para o atar :)
    Beijinhos

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    1. É verdade, Maria Paula, o prato com a papoila ao meio é mesmo adequado ao Dia da Espiga e os outros vieram por acréscimo.
      Sabe,estou a chegar à conclusão de que esta tradição de ir apanhar a espiga é mais lembrada no sul do país do que no norte. Mesmo aqui na Bairrada, já ninguém fala nisso e mesmo há 40 ou 50 anos acho que dependia muito da terra e também da família, claro.
      Independentemente do significado que lhes é atribuído, também acho os ramos muito bonitos, só é pena depressa perderem o viço.
      Beijos e bom fim de semana.

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  10. Sabe que não fazia a menor ideia do simbolismo do dia da espiga?

    Imaginava qualquer coisa relacionada com uma antiga festa pagã celebrando a fertilidade, mas mais nada. Ser-se criado num bairro moderno de Lisboa significa viver-se alheio às tradições. Julgo que o pensamento mais transcendente da nossa adolescência em Benfica era saber que cafés estavam abertos depois das 9.30 da noite para poder comprar cigarros.

    Só depois de fazer vinte anos é que comecei a interessar-me por estas coisas. O curso de história abriu-me os olhos e o espírito para perceber o significado destas tradições.

    Bjos

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    1. Luís, também penso que basicamente esta tradição é o que diz, uma antiga festa pagã a celebrar a fertilidade; depois os povos foram-lhe acrescentando significados e hoje está praticamente vazia deles...
      Fazia sentido nos meios rurais quando a vida das pessoas estava intimamente ligada ao campo, mas hoje mesmo nas aldeias aqui do litoral o estilo de vida, sobretudo dos jovens, não difere muito do citadino.
      Mas eu acho interessante lembrar estes rituais antigos.
      Tenha um bom fim de semana.
      Bjs.

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