quarta-feira, 8 de maio de 2013

O beiral de faiança da Rua das Sobreiras

Mais uma vez aqui trago um beiral de faiança fotografado no Porto, desta vez na zona da Foz, na Rua das Sobreiras, marginal ao rio Douro.


O edifício antigo com a capela adjacente foi remodelado recentemente e ali foram instalados estabelecimentos comerciais e de serviços, sem que lhe alterassem a nobre fachada.


Deliciei-me a admirar o beiral azul e branco de telhas de faiança, mas também os pormenores do trabalho de cantaria em granito que  dá ao edifício um aspeto sólido e muito digno. 


Numa esquina do beiral, onde se destacam os magníficos telhões mais compridos que formam o ângulo reto, consegui detetar quatro motivos diferentes, para além de ligeiras variantes dentro do mesmo motivo, todos a terminar em relevo de folhas de acanto a branco e filete azul. 


Imagino que quem se encarregou da obra terá tido dificuldade em encontrar estas caraterísticas em telhões com o mesmo desenho, daí a miscelânea de motivos que, na minha perspetiva, só veio enriquecer o efeito decorativo.


Também estou convencida que terá havido recurso ao Banco de Materiais, em boa hora instituído  pela Câmara do Porto, já lá vão uns anos, agora com um espaço de exposição situado na Praça de Carlos Alberto, numa esquina do Palácio dos Viscondes de Balsemão. Segundo informação que obtive lá, há materiais  de todos os tipos provenientes de demolições, mas sobretudo azulejos, que estão armazenados num espaço muito maior, à espera de serem requisitados  e utilizados em projetos de remodelação de edifícios antigos, a título gratuito. Quem dera que outros municípios adotassem uma medida semelhante!

O motivo que se encontra em maior abundância, talvez Devezas

As telhas brancas que nos beirais se sobrepõem às decoradas

Em cima um motivo típico de Sto António de Vale da Piedade,
com relevo branco a  rematar

Para mais e melhores  imagens do Banco de Materiais ver:
http://portojofotos.blogspot.pt/2012/04/124-banco-de-materiais.html

9 comentários:

  1. Olá Maria Andrade
    Mais um belíssimo beiral e também desta vez no Porto. Creio que o Porto é a cidade onde mais se vê este tipo de beiral. No passado sábado fotografei um, na rua Miguel Bombarda, um pouco diferente do habitual. Está em lista de espera para ser "postado" :)
    O Banco de Materiais é uma ideia extraordinária. Ouvi falar dele na casa onde comprei os meus azulejos que apliquei num dos rodapés da minha sala. Tal como a Maria Andrade, também lamento que mais câmara siga o exemplo desta.

    Engraçada a mistura de motivos no caso deste beiral. Ainda pus a hipótese de ser uma opção estética,mas depois de ampliadas as fotos vi que não fazia sentido.São demasiados motivos.Provavelmente, tal como diz, não haveria telhões iguais em número suficiente.
    Beijos

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    1. Olá Maria Paula,
      Cá andamos neste entusiasmo pelos belos edifícios e os encantadores beirais que ainda se preservam! É natural que se concentrem sobretudo no Porto, já que era nas duas margens do Douro que eram produzidos e de lá eram exportados.
      Por coincidência, no mesmo dia em que fotografei este beiral na Rua das Sobreiras, fotografei mais dois na zona da Miguel Bombarda - um com flores e outro com pássaros - mas resolvi não sobrecarregar mais este post e deixá-los para outra altura. Agora vou ficar a aguardar o seu, na expectativa de ver melhores imagens do que as que habitualmente consigo fazer para estas alturas...;)
      O Banco de Materiais foi realmente uma "ideia luminosa", oxalá seja aproveitada devidamente, e aquele núcleo expositivo vale mesmo a pena ser visitado.
      Beijos

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    2. os telhões têm uma ordem e representam as estações do ano !o numero e as séries representam a historia do clima .Têm uma mensagem ... a ver quem decifra ?

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  2. Uma magnífica e notável recuperação.
    Já visitei, também, o Banco de Materiais da C. M. do Porto, uma louvável iniciativa!

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    1. Caro APS,
      Felizmente ainda acontecem casos destes para nos fazer esquecer um pouco toda a delapidação de património que por aí grassa...
      E nunca é demais elogiar esta iniciativa do Banco de Materiais da Câmara do Porto!

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  3. Mais uma vez uma investigação com resultados felizes.Está de parabéns a Maria Andrade, bem como a Câmara Municipal do Porto, com o seu Banco de Materiais, que põe à disposição daqueles que recuperam imóveis antigos.
    Os beirais, pelos belíssimos tons de azul e branco, alegram a vista.
    Cumprimentos
    if

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    1. Olá If,
      Cheguei a este beiral a partir de uma fotografia que encontrei na internet e depois foi só procurar saber onde era a Rua das Sobreiras...
      Os beirais passam despercebidos a muita gente, mas são realmente um elemento arquitetónico que embeleza e dá caráter aos edifícios. E eu fico felicíssima de cada vez que descubro um novo :)
      Um abraço

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  4. Estes beirais são como os azulejos, ficam bem as misturas mais estranhas. Parece que os diferentes padrões nasceram para casar uns com os outros.

    O pequeno solar que fotografou é muito bonito. Só é pena a caixilharia das janelas ser tão anacrónica e feia.

    O banco de materiais é uma excelente ideia. Pena que não façam uma coisa semelhante em Lisboa. Mas aqui há demasiados e poderosos interesses económicos e as demolições de antigas casas não tem parado. Os últimos presidentes da Câmara de Lisboa tem sido uns medíocres. Jorge Sampaio, que foi um bom presidente de câmara dizia que Lisboa pagava o preço da capitalidade, isto quer dizer que os interesses económicos pressionam de forma muito forte a actividade de licenciamento de obras e que há instituições públicas, que constroem monstruosidades na cidade, sem passsarem cavaco à CML, pois os seus projectos não carecem de autorização municipal.

    Talvez por essas razões o Centro do Porto esteja melhor preservado que o de Lisboa

    Bjos

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    1. Pois é, Luís, a caixilharia está ali a destoar,é uma concessão às modernices, mas se for esse o preço a pagar pela recuperação destes belos edifícios...
      Ainda hoje me custa a compreender como foi possível deixarem degradar as zonas antigas das grandes cidades e apostarem na construção de tantos bairros periféricos, muitos deles cheios de caixotes verticais. Isso aconteceu mais em Lisboa do que no Porto também por Lisboa ser um centro de atração para emigrantes internos e externos e ter aumentado muito a população nas últimas décadas do séc. XX. O que eu acho é que se as nossas cidades antigas, com todo o rico património construído que têm, estivessem bem limpas e cuidadas seriam as mais belas cidades europeias! E no Porto há zonas de excelência como a Ribeira e respetiva encosta, igrejas, ruelas e monumentos, agora sempre cheios de turistas.
      Quanto a esta iniciativa da Câmara, é realmente de se lhe tirar o chapéu!
      Beijos

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