segunda-feira, 19 de agosto de 2013

De novo a Fábrica de Santo António


Tenho a sorte de, através do blogue, ir contactando com entusiastas e colecionadores de faiança e, de vez em quando,  receber fotografias de boas peças, como é o caso deste vaso ornamental de arquitetura ou de jardim, com marca da Fábrica de Santo António de Vale da Piedade. Formalmente muito semelhante a um exemplar do acervo do Museu do Açude no Rio de Janeiro, já apresentado pelo LuísY no Velharias graças à colaboração em fotos do nosso amigo Fábio Carvalho, e a um outro exemplar da Ordem da Lapa no Porto, que aqui mostrei, tem a particularidade de revelar em toda a sua beleza o azul intenso de Santo António, complementado pela mancha de amarelo nas duas pegas com cabeças de leão.

Vaso de jardim do acervo do Museu do Açude
Tendo sido uma importante unidade cerâmica de Vila Nova de Gaia, sempre tratada pelos estudiosos destas matérias nas obras que publicaram - Vasco Valente, José Queirós, Artur de Sandão... -  a Fábrica de Santo António não é um nome muito conhecido por cá - talvez seja mais conhecido no Brasil que foi o destino privilegiado destas cerâmicas ornamentais - ou sequer referido pela generalidade dos  vendedores e compradores de faiança. Pelo menos não ao nível de Miragaia, Fervença, Bandeira ou Viana, para só referir fabricos do Norte.
Penso que tal situação só se pode dever a duas razões: o facto de esta fábrica ter marcado muito pouca da sua produção se considerarmos os seus cerca de 150 anos de laboração, ficando por isso muitas peças no anonimato; o facto de alguma da sua produção estar muito na linha do último período da Fábrica de Miragaia, a que esteve ligada por volta dos anos 30 do século XIX e de que parece ter "herdado" operários e materiais, após o fecho em 1855, sendo as duas produções frequentemente confundidas.
E assim ficamos com muitos meninos nos braços, sem saber que nome de família lhes dar, vindo logo à baila o nome de Miragaia, mas com a suspeita de que possam ser desta fábrica gaiense com nome de santo, quer sejam os azuis e brancos do motivo País, quer as várias versões do Cantão Popular ou mesmo faianças policromadas.


É por isso que, sempre que aparecem peças marcadas da Fábrica de Santo António, há um regozijo enorme por parte de quem se interessa pela origem da faiança portuguesa, como é o meu caso e o de seguidores e amigos que por aqui se encontram.


Há cerca de dois anos, precisamente em Agosto de 2011, já aqui mostrei uma terrina igual a esta, com o motivo País, sem marca, em fotos enviadas por uma colecionadora que aqui tem amavelmente partilhado algumas das suas peças. Acabei por a atribuir a Miragaia por ter encontrado na Coleção do Museu de Arte Sacra de Arouca um exemplar idêntico assim marcado. E com base nessa informação, também o MAFLS considerou Miragaiense uma sua terrina deste formato e decoração.
Acontece que...


...como se vê esta tem marca da Fábrica de Santo António... de Vale da Piedade.
Tanto o vaso ornamental como esta terrina pertencem à coleção de um seguidor do Norte que já por várias vezes me cedeu fotografias de peças suas, mais uma generosa partilha que nos permite a visualização de exemplares que de outra forma não estariam acessíveis. Muito lhe agradeço por isso e também pela informação que me tem facultado a acompanhar as fotos.
Segundo Vasco Valente, na sua obra Cerâmica Artística Portuense, as marcas dos dois vasos foram usadas no último período de laboração da fábrica, entre 1887 e a data de encerramento, cerca de 1930, durante a gerência de António José da Silva e Silva. Mas já José Queirós em Cerâmica Portuguesa e outros estudos fá-las recuar no tempo, datando marca semelhante (apenas diferindo nas palavras "fábrica de" escritas por extenso) e também a marca tipo Miragaia com os ramos de louro, dos anos 40 do século XIX, ou seja, do que é já considerado o 2º período de fabrico. Por outro lado, a marca da terrina não está referenciada por qualquer dos autores citados acima, pelo que, sendo seguramente do período posterior a Rossi, o fundador da fábrica e seu proprietário, ele e depois a filha, entre 1785 e os anos 1830, incluindo o período dos arrendatários Rocha Soares, fico na dúvida se a terrina será do segundo período se do terceiro e último.

A marca com ramos de louro datada por José Queirós de 1840 e por Vasco Valente do último período de fabrico

Estas considerações e dúvidas podem parecer coca-bichices, pormenores sem importância, mas eu, com as minhas manias já bem conhecidas por aqui ;), considero-as relevantes para o conhecimento da história das peças e da produção da fábrica.
Deixo para o fim a que considero a vedeta de hoje:


Também do mesmo colecionador é este escorredor de copos ou salva de aguardente, só que... sem marca. Foi no entanto comprada como fabrico de Santo António de Vale da Piedade, a intensidade do azul aponta nesse sentido, mas também a tipologia parece fundamentar a atribuição. É que conhece-se pelo menos um escorredor de copos deste formato atribuído por um especialista a Santo António de Vale da Piedade. A decoração é também a azul, mas marmoreada e pode ser vista no 2º volume da obra Faiança Portuguesa de Arthur de Sandão, p.154.


Aqui as duas peças, base e salva, bem visíveis e no seu esplendor máximo com a ingénua decoração de pássaro e ramos.
Devo confessar que este post saiu quase a ferros!!! Com a azáfama familiar que tem andado à minha volta, e ainda bem, só hoje arranjei umas horitas para alinhavar  a escrita... enquanto a malta foi até à praia ... :)

24 comentários:

  1. Nossa Senhora do Bom Parto esteve consigo no alinhavar da escrita, Maria Andrade... :)

    O que mais me intriga na decoração desta terrina e das outras são os distintos pormenores das duas árvores que, sendo aplicados a stencil, não deveriam apresentar tais diferenças entre peças da mesma fábrica...

    Gostaria também de poder comparar desde já a base daquela terrina com a que nos faculta nesta imagem, mas como as peças se encontram disseminadas por diferentes locais terá de ser (muito) mais tarde...

    Quanto às outras duas peças - soberbas, particularmente o vaso ornamental.

    Saudações!

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    1. LOL!!! O parto foi difícil mas pelos vistos bem sucedido, caro MAFLS!
      Não tinha reparado nessas diferenças nos pormenores das árvores, mas concordo com a sua observação e já acrescentei outra fotografia para que se veja melhor todo o motivo. Se chegar a alguma conclusão depois de comparar a sua terrina com esta, faça-nos saber...
      Um abraço

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    2. Já agora, mais um detalhe distintivo, Maria Andrade.

      A pasta também parece ser bastante diferente: quase branca neste exemplar de Sto. António de Vale da Piedade, quase castanho-alaranjada no outro exemplar. "Ergo"...

      Saudações!

      MAFLS

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    3. Sim, também reparei agora nessa diferença. Mas onde a sua difere mais das outras três que conheço - esta de Sto António, a de Miragaia do Museu de Arouca, a que postei em 2011 - é na vegetação. Ao contrário da sua, todas têm o mesmo número de folhas nas árvores e a vegetação é mais baixa.
      Ergo... :) haverá outro fabrico para além de Miragaia e de Santo António...
      Abraço

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  2. Maria Andrade, que postagem sensacional! Não apenas nos brinda com fotos de peças maravilhosas, mas ainda por cima apresenta uma marca, que nesse meio é quase um troféu, tudo acompanhado por um texto leve, claro e delicioso de se ler. obrigado!
    b'jinhos

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    1. Amigo Fábio, é um prazer vê-lo por aqui de novo!
      Tem estado pouco ativo nos seus blogues, imagino que muito trabalho artístico a ocupá-lo?
      Muito obrigada pelo seu comentário e ainda bem que apreciou o poste! Na verdade não me admira, dada a afinidade de interesses que temos por estas coisas... E foi graças a si que tivemos acesso ao importante acervo do Museu do Açude!
      Beijos

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  3. Esta de parabéns. Pecas soberbas, acompanhadas de um texto bem construído e esclarecedor. Realmente, nesta comunidade de aficcionados das faianças e cerâmicas que aqui se criou, vão surgindo verdadeiras surpresas e que surpresas. A terrina e linda e em perfeito estado. A marca que mostra e do mesmo período da que eu mostrei. A salva de aguardente e um mimo. Bonita e elegante, na simplicidade da sua decoração.
    Cumprimentos
    If

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    1. Cara If, calculei que gostaria de ver estas peças marcadas, tanto mais que este modelo de terrina já lhe é familiar. Graças a colecionadores e entusiastas da faiança portuguesa, aos poucos vamos conhecendo melhor a produção de Santo António.
      A marca desta terrina não aparece na literatura de referência. No entanto, embora a partir de outro carimbo, é efetivamente do mesmo estilo da que apresentou e das que se veem nos vasos ornamentais, que Vasco Valente situa no último período de laboração da fábrica.
      Oxalá possamos contar com mais surpresas destas! Cumprimentos

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  4. Este aspeto do aparecimento deste motivo dito "país" em peças de fábricas diferentes como Miragaia e Santo António, parece-me que tem como origem a posse destas mesmas fábricas sob o mesmo dono, Francisco da Rocha Soares, durante o período que vai de 1824 a 1833 (com várias outras fábricas à mistura também, o que vem baralhar todo este problema, mas vou concentrar-me nas duas fábricas em questão).
    Segundo o catálogo de Miragaia (pg. 247) este tipo de decoração teria tido início em Miragaia, no entanto, após o arrendamento de St. Ant. em 24, teria passado para esta a produção deste motivo enquanto, e em simultâneo, teria sido abandonado na fábrica original.
    Assim, seria possível que este motivo tivesse tido origem em Miragaia, por volta dos inícios da segunda década do séc. XIX, e que, com os arredamentos de outras fábricas (Sto. António de 1829 até 1833, Massarelos de 1829 a 1844) que entretanto Rocha Soares foi conseguindo, este fosse passando para a produção dessas unidades, aí se mantendo enquanto era abandonada na original.
    Aliás, segundo o mesmo catálogo, operários e formas de Miragaia passaram para a fábrica de Sto. António, após a falência da primeira, o que vem baralhar de sobremaneira a identificação das peças quando não marcadas, o que parece uma constante na de Santo António.
    É também interessante observar que este motivo "país" pertence ao segundo, e último, período de laboração de Miragaia, 1822-1850, denotando já à influência inglesa tanto de padrões como de composição das pastas, com as inovações desenvolvidas dos "stoneware", "creamware", "pearlware", o que não era de estranhar, face à derrota napoleónica e a ascendente supremacia da indústria inglesa na Europa e em Portugal, muito particularmente.
    Tanto mais que o primeiro período daquela unidade fabril tinha estado muito ligada à produção francesa de Moustiers e Rouen, por exemplo, e, por osmose associativa, igualmente à holandesa de Delft (o que não seria de estranhar, pois parece que, segundo Queiroz, um dos mestres tinham passado ou estado em França).
    Tal como foi referido já, quer no seu blog quer no do Luís (com certeza em outros igualmente, mas não é fácil arranjar tempo para visitar todos), a origem deste motivo terá sido o "View in Fort Madura", então produzido pela Herculaneum Pottery, desde os primeiros anos do séc. XIX, baseado num desenho publicado em 1797.
    Claro que o desenho final foi feito a partir de uma miscelânea de outros motivos tirados de várias gravuras chegando-se mesmo ao cúmulo de se colocar sobre o pavilhão mais alto, com cúpula, de origem hindu, um crescente de origem islâmica. Era de quem não entendia nada das complexidades religiosas, sociais, raciais e políticas envolvidas!
    O arco que se encontra logo abaixo do pavilhão com cúpula provém de um local que se situava a milhares de quilómetros de Madura.
    Um desenho para consumo europeu e que os povos orientais deveriam tomar como afronta, se acaso chegassem a reconhecer aquela miscelânea!
    Claro que na passagem para o nosso motivo "país" tudo isto se alterou e desvirtuou, a bem das religiões e regiões envolvidas!
    Ganhou a harmonia e a adaptação das formas em detrimento das diferenças geográficas, religiosas ou outras.
    Gostei muito da salva de aguardente, ou escorredor, com motivo muito simples e ingénuo.
    Bons dias de sol e praia
    Manel

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    1. Manel, fez aqui uma ótima súmula da história do motivo "País", muitíssimo utilizado pela Fábrica de Miragaia e quase sempre com ela identificado, mas afinal também usado por outras unidades fabris.
      E assim o seu comentário resultou num belíssimo complemento a este post!
      Quanto à salva de aguardente, um objeto que muito aprecio, também não me sai da memória o seu lindo exemplar, assim como o da Maria Paula. Quem sabe se serão todos deste fabrico...
      Obrigada e boas férias, maioritariamente sob o sol alentejano, creio eu... ;)
      Um abraço

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    2. Que bela aula Manel!
      obrigado!
      abraços

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  5. Olá Maria Andrade
    Muito bom este seu post que nos alerta para o quão difícil é atribuirmos uma origem a uma faiança não marcada. De facto, a situação geográfica das fábricas todas muito próximas umas das outra, o movimento de trabalhadores que deve ter sido frequente, as falências, compras e vendas destas unidades fabris originou certamente produções muito semelhantes, que, não estando marcadas, torna difícil a sua identificação com cem por cento de certezas. Tenho um prato coberto que o identificava como sendo de Miragaia, porque apresenta uma decoração muito frequente nas peças normalmente atribuídas aquela fábrica, mas agora fica tudo em aberto :)
    As peças do seu seguidor são um requinte. Deixo-lhe aqui uma ligação para o meu blog, onde o Carlos Fernandez nos mostra em pleno Montevideu, uma pinha da fábrica do Santo António de Vale da Piedade, onde se pode observar o mesmo amarelo intenso do vaso do seu seguidor.
    Beijinhos

    http://ascoisasdequeeugosto.blogspot.pt/2011/06/pinha-portuguesas-no-uruguai.html

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    1. Maria Paula, fez muito bem em deixar aqui o link desse seu poste porque já não me lembrava das fotos enviadas do Uruguai e que atestam bem que não foi só para o Brasil que estas faianças ornamentais foram exportadas!
      Estas peças são realmente muito boas e assim vamos visualizando e conhecendo melhor faianças de qualidade e respetivas marcas.
      Agora tem que também nos mostrar o seu prato coberto... e ainda não me esqueci das chávenas inglesas que ainda não postou... :)
      Beijinhos

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    2. Olá Maria Andrade,
      Cabe Lembrar que o Uruguai foi invadido pelos portugueses em 1811 e anexado ao Brasil em 1821, e assim permaneceu até 1828. Talvez daí o gosto pelo azulejo e as faianças, pois certamente, mesmo depois da independência, muitos portugueses teriam permanecido no novo país. E também não podemos descartar a influência de modas vindas do país vizinho, ex-invasor, o maior e mais rico da América do Sul.
      abraços

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    3. Sim, amigo Fábio, é conhecida a influência portuguesa no Uruguai, ainda bem antes das datas que refere, desde a fundação da Colónia do Sacramento junto ao Rio da Prata. É natural que os gostos e os contactos se tenham mantido pelos séculos seguintes...
      Um abraço

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  6. Olá Maria,

    Embora de férias, sempre que me lembro venho dar uma espreitadela no seu blog.
    Mais uma vez reitero o que já aqui tenho expressado:
    - O seu blog, bem como o do Luís Montalvão são um colírio para os olhos, e uma lufada de ar fresco para a alma. Nestes tempos de desgoverno, é aqui que se encontram os assuntos que nos dão ânimo.
    Mas vamos ao que mais interessa.Como sabe, não sou nenhuma expert nestes assuntos, mas gosto de tudo o que é belo. E,sinceramente, no que a estas peças diz respeito, nem sei,se fosse esse o caso, qual delas escolheria...no entanto julgo que me inclinaria para a belíssima terrina!
    Quem me dera ser a feliz proprietária de algo idêntico.
    O vaso, considero-o uma peça fora do comum mas teria dificuldade em acomodá-lo, pois precisa de bastante espaço para brilhar como merece.
    O estilo do desenho do escorredor de copos faz-me lembrar algo, mas por mais voltas que dê, não consigo saber o quê, nem onde. Quando me vier à ideia direi.
    Só é pena que não se possam encontrar "santinhos" desses dentro de missais...;))
    Um muito obrigada pela partilha e demais ensinamentos!!

    Abraço

    Alexandra Roldão

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    1. Bom dia, Alexandra!
      Diria o mesmo em relação às três peças, não saberia qual escolher, mas em minha casa também não sobressaem as peças grandes.
      Considerei o escorredor a vedeta deste poste por ser uma peça mais rara, que nunca tinha aparecido aqui no blogue.
      São realmente um bálsamo para os olhos e para a alma! Mas a cerâmica não se presta a achados como esse do seu "santinho"... ;)
      Obrigada por ter retirado algum tempo das suas férias, que desejo continuem ótimas, para deixar este simpátco comentário.
      Um abraço

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  7. Boa tarde Maria Andrade
    Passei pelo seu blog e gostei muito, revela o seu conhecimento e amor pelas velharias e antiguidades.
    Pelo que me apercebi também é coleccionadora e tenho para venda algumas peças que podem ser do seu interesse, caso esteja interessada posso dar-lhe o meu contacto.
    Os meus parabéns pelo seu blog mais uma vez.
    Com os meus cordeais comprimentos
    Sou,
    Frederica B. Rodrigues

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    1. Boa tarde Frederica!
      Obrigada pela visita e pelas palavras de apreço.
      Não sou propriamente uma colecionadora, apenas adoro velharias, gosto de entrar em antiquários e de percorrer as feiras e vou comprando peças, não muito caras, que me despertam curiosidade, isto é, vontade de saber mais sobre elas. Assim vou aprendendo sempre...
      Cumprimentos

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  8. Maria Andrade

    Tenho estado de férias em Vinhais, em grandes correrias, para o rio, o lago ou as albufeiras e com o computador ocupado pelos meus filhos e sobrinha, de modo que nem tive tempo de vir aqui.

    O seu post está muito bem feito e estou de acordo com o MAFLS, Nossa Senhora do Bom Parto assistiu-a neste texto. Fica como referência para o futuro e ensina-nos a todos a nunca ter grandes certezas na faiança.

    Julgo que será interessante recordar aqui uma das opiniões do J. Saraiva, comentador habitual do blog da Maria Isabel. Segundo ele, a maioria dos fornos destas fábricas eram ainda muito artesanais e a temperatura era controlada empiricamente. Pelas mesmas razões, as peças consoante a posição que ocupavam no forno, coziam de forma diferente. Resultado, dentro da mesma fornada, ou de uma fornada para a outra, as faianças saiam com tonalidades diferentes, umas mais cremes, outras mais brancas e por aí fora, o que nos pode levar a fazer atribuições distintas a peças saídas da mesma fornada.

    Por fim e agora a conclusão é minha, há ainda muito que fazer em termos de levantamento de marcas.

    Bjos e parabéns pelo post. As peças são lindas.

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    1. Luís, em tempo de férias todas as nossas rotinas são bastante alteradas, e ainda bem! É tempo de estar mais com a família, de dedicar tempo extra aos mais pequenos e de nos divertirmos com eles, como tem feito aí por Vinhais com os seus. E eu por aqui com o meu bonequito a pilhas... :)
      Obrigada pela apreciação que faz do poste. Lá vamos discorrendo sobre a nossa faiança à medida que se nos oferecem boas peças, marcadas e não marcadas, para apreciar.
      Quanto ao seu raciocínio sobre as diferentes tonalidades da pasta que podem resultar de deficiente controle das temperaturas, baseado na opinião do J. Saraiva, não iria muito por aí relativamente a estas unidades cerâmicas bem estruturadas e a laborar ao longo de décadas, com produções de qualidade. Já nas pequenas olarias, na faiança mais ordinária, acredito que isso se verificasse com frequência. Claro que pode haver sempre azares nos melhores fabricos, mas daí resultariam peças de refugo que estariam certamente entre as não marcadas...
      Enfim, tema para conversa à volta destes assuntos nunca nos falta, não é verdade? :)
      Boa viagem de regresso. Beijos

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  9. Caro anónimo,
    Ainda bem que gostou do post!
    Obrigada pela informação e pelo link que aqui deixou. Irei certamente lá visitá-lo.
    Cumprimentos

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