quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Um "cantão popular"... à inglesa?

Muitas vezes os postes do Luís  no Velharias dão-me logo ideias para coisas que acho giro publicar, só que depois instala-se a inércia, falta a vontade para desenvolver - fotografar, confirmar dados, escrever - e... fico-me por aí.


Esse estímulo aconteceu novamente com a belíssima travessa inglesa W. Smith & Co. que ele publicou na semana passada. E desta vez, como uma espécie de prenda de aniversário do Velharias, resolvi mesmo avançar :) Assim espero retribuir um pouco o prazer que o Luís nos proporciona com a partilha de tantos objetos interessantes, trazendo aqui uma peça da sempre apreciada faiança inglesa, num padrão que é dos favoritos de muita gente que aqui passa.


Quando vi esta travessa numa banca em Coimbra, pensei tratar-se de mais um exemplar do nosso cantão popular, mas logo a vendedora me informou que não era portuguesa. De qualquer forma, bastou-me virá-la para reconhecer a marca Davenport gravada no tardoz. Tinha contas a acertar com a senhora por causa de uma troca, por isso fiquei contentíssima com o achado.

Marca da travessa

Só que, ao chegar a casa, quis ver com uma lupa os pormenores da marca para saber a época de produção. No caso Davenport, muitas das marcas com a âncora gravada na pasta encimada pelo nome Davenport têm algarismos de um e outro lado da âncora que indicam o ano de fabrico.
E aí começaram as dúvidas. Em primeiro lugar, não conseguia reconhecer na palavra as primeiras letras que formam Davenport; em segundo lugar, os algarismos que ladeiam a âncora, um 1 e um 5, apontariam para 1815, o que eu nunca tinha visto em inúmeras outras marcas do género.
É certo que a empresa foi fundada por John Davenport no final do séc. XVIII (1793) e por aí tudo bem. A travessa com um ar até algo primitivo dentro da faiança inglesa, decorada por estampilha com pinceladas à mão e muitos pormenores à mão livre, podia muito bem ter sido produzida pela Davenport nessa data. O que me causava estranheza era que uma marca tão recuada já incluísse  algarismos a ladear a âncora. Eu só conhecia exemplares do anos 30 aos anos 60 do século XIX , daí ter ficado com a pulga atrás da orelha.

Marca com data de 1860
e de 1836

Ao saber do caso de contrafação exemplificado pela travessa do Luís, comecei a achar que também a minha travessa podia ter uma marca falsa Davenport. E vai de procurar marcas de âncora na internet e no meu livro inglês de marcas,  de queimar as pestanas a decifrar pormenores com o nariz colado ao écran, ou de lupa em punho a percorrer todas as minhas peças Davenport, ou ainda de pesquisar informação no site the potteries.org. Tudo sem resultado, ou seja, não encontrei qualquer informação sobre contrafação deste fabrico, nem qualquer marca idêntica  a esta que não fosse Davenport. A que mais se assemelha talvez seja a da fábrica espanhola "la Cartuja de Sevilla" de Pickman y Cia, mas se atentarmos nos nomes e noutros pormenores, não se podem confundir.
Acabei por encontrar marcas incisas, mesmo nas minhas peças do padrão Rhine (Reno) já aqui mostradas,  com  letras e algarismos pouco claros, só que nunca me levantaram dúvidas por terem, além desta marca, uma outra a azul com o nome bem legível.



Acho esta segunda marca da âncora muito semelhante à da travessa de hoje.
E nestes  dois pratos com motivos florais vê-se como a palavra Davenport incisa nem sempre está clara e completa.





Ufa! Fiquei novamente convencida de ter adquirido uma travessa Davenport genuína e bem recuada.
Continuo intrigada com o tal 15 e com o processo de decoração a estampilha numa altura em que já se usava há muito o transfer printing em Inglaterra, mas, quem sabe, um dia qualquer esbarro numa explicação para o facto...
Voltando à travessa com o seu desenho Cantão, tem um  tamanho (41x32cm) muito usável, sobretudo se considerarmos as famílias numerosas de antigamente, daí as  muitas marcas de uso no vidrado e em todo o tardoz.
Para além da decoração da aba, tão típica das nossas faianças da mesma família, várias motivos nos são sobejamente conhecidos.


















Por incrível que pareça, este padrão com os  vários elementos assim simplificados, quase esquemáticos,  acabou por ter continuidade na nossa mais tosca faiança popular, como é o caso do exemplar que se segue, bem velho e usado, mas talvez 100 ou cento e tal anos mais novo do que o desenho inglês que lhe pode ter servido de modelo.




Mais uma foto da marca da travessa
 Já depois de ter publicado este poste, depois dos comentários do Luís e do Manel e depois de ter dado mais umas voltas por sites e imagens da internet, continuo a achar a travessa muito intrigante e vou resumir o que tenho como certo neste momento:
. trata-se de uma travessa em loiça pó de pedra ou faiança fina com uma marca que parece inglesa;
. não parece ser produção Davenport, dou razão ao Manel, não só pela marca, mas sobretudo pelo tipo de decoração - só tenho encontrado faiança do tipo transferware deste fabrico, mesmo a mais recuada;
. o motivo tem origem no cantão chinês mais tardio, mas apresenta o pormenor das nuvens (?) sobre a água, que só encontro no cantão popular português.

14 comentários:

  1. Maria Andrade

    Já cá tinha vindo ontem à noite ler o seu post, mas o conteúdo do seu texto traz um dado novo para o estudo do nosso cantão popular e achei que tinha que escrever um comentário com mais calma.

    Em primeiro lugar agradeço-lhe as palavras muito simpáticas que me dirigiu. De facto, é muito engraçado pois neste círculo informal de blogues a que pertencemos, acabamos por nos desafiar uns aos outros a procurar mais informações sobre faiança porcelana, azulejaria ou antiguidades.

    Todos nós sabíamos que o cantão popular português tinha origem no padrão do salgueiro, cujo fabrico se iniciou cerca de 1780, por Thomas Minton e que é uma espécie de interpretação europeia da loiça e arte chinesas. Numa palavra, é aquilo que em arte se designa por “chinoiserie”.

    Pessoalmente, também já tinha pensado qual teria sido a influência da loiça de Cantão azul e branca (produzida na China entre 1785 to 1895 e destinada sobretudo ao mercado europeu) no nosso cantão popular, mas nunca averiguei muito sobre esse assunto, até porque sei muito pouco sobre cerâmica chinesa ou porcelana de exportação.

    Agora, a Maria Andrade, apresenta uma travessa inglesa inspirada na loiça de Cantão e todos nós sabemos que os produtos ingleses chegavam abundantemente ao mercado português e eram muito apreciados e algumas das faianças inglesas foram copiadas por cá, como por exemplo, a View to fort Madura, por Miragaia.

    Portanto, teremos três fontes de inspiração plausíveis para o nosso Cantão popular:
    - o willow pattern;
    - a verdadeira loiça de cantão azul e branca fabricada na China;
    - as imitações inglesas do Cantão.

    Talvez essas três fontes de inspiração distintas sejam a explicação da variedade de motivos do nosso cantão popular. Porque se algumas peças apresentam uma decoração mais próxima da louça chinesa, outras apresentam as figurinhas na ponte, os passarinhos e as árvores da história e outros elementos da história do Mandarim malvado, que o Padrão do Salgueiro nos conta. O mais certo, é que a certa altura da história, as nossas fábricas de cerâmica misturaram tudo e produziram um género híbrido, mas que foi extremamente apreciado em Portugal durante pelo menos um século e meio.

    Bjos e parabéns pelo post

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Luís, é realmente muito apaixonante tentar destrinçar um emaranhado de fios que fazem parte da história da cerâmica, do Oriente ao Ocidente, e as variadíssimas influências que se fizeram sentir nos dois sentidos.
      No início do meu entusiasmo por velharias em cerâmica, comecei por me interessar pela porcelana chinesa, ainda antes da era “Arte, livros e velharias” Mudam-se os tempos... e virei-me depois mais para a porcelana europeia e para a faiança portuguesa, mas as peças Cantão continuam a estar sempre presentes, assim como as decorações na paleta Imari, orientais ou europeias, que muito me atraem.
      Neste momento, tenho os exemplares Cantão em porcelana todos juntos, mas não estão aqui comigo. Tenho no entanto bem presente que as cenas chinesas de rio e palácio(s) não mostram em geral figuras humanas.Mas há porcelanas Nanking do séc. XIX em que efetivamente já as tenho visto, esporadicamente.
      Não haja dúvida que as figurinhas em cima da ponte decorrem da história do Willow Pattern inventada pelos ingleses. A sua influência foi de tal maneira grande que chegou até à porcelana chinesa da mesma época.
      O Luís fez aqui uma boa súmula das fontes possíveis para o nosso cantão popular. Na terceira eu talvez dissesse antes europeia em vez de inglesa. É que já admito a hipótese de a marca não ser inglesa e a terminação ORT (lugar em alemão) apontar noutra direção, mesmo sem ter encontrado nada.
      A travessa está realmente cheia de mistérios. A ser inglesa, estranha-se não ser decorada por transfer, acreditando que date de 1815. A marca é do estilo Davenport sem ter a palavra inequivocamente escrita. E assim ficamos à espera que surja alguma evidência irrefutável...
      O Luís sabe que pode vir aqui escrever as vezes que quiser, dirigindo-se ao Manel ou a quem quiser. Só lhe tenho a agradecer todas as achegas que foi aqui deixando e que enriqueceram muito este post.
      Bjos.

      Eliminar
  2. Ora vamos lá a ver se me consigo orientar, e não começo a disparatar, pois o tema interessa-me e a peça que mostra também. Vou ser longo, pelo que me desculpo desde já.
    Pelo comprimento terei de dividir o comentário em dois.
    Quanto à marca não me parece ser da Davenport, mas consultando o pouco que me é dado ver do Kovels, há muitas outras fábricas inglesas que utilizam a âncora na sua marca, como Longport ou T. Fell & Cº ou ainda a sua marca de eleição, Derby, mas esta última seguramente não será.
    Ainda existem outras que não estão identificadas (a não ser que eu pagasse...), não esquecendo o seu uso por outras fábricas de outros países.
    Esta sua marca tem, a par da âncora, também há uma corda que salta da âncora, passa por debaixo das letras acima, e vem enroscar-se na argola da base da âncora, o que faz alguma diferença no reconhecimento do motivo. Mas continuo a não reconhecê-lo.
    Agora, relativamente ao motivo. Continuamos com alguma polémica sobre ele, ou pelo menos eu continuo.
    Este motivo tem alguma afinidade com o ditos “Cantão”, “Cantão Popular” e “Padrão do Salgueiro”, no entanto há alguma diferenças. Não aparecem quaisquer figuras antropomórficas na ponte ou no pavilhão, o que está de acordo com o motivo denominado de Cantão – na denominada loiça oriental antiga deste tipo, só aparem figuras antropomórficas sobre a ponte na produção de “Nanquim” (vários sites o referem, este é um deles - http://www.jefpat.org/diagnostic/post-colonial%20ceramics/Less%20Commonly%20Found/CantonPorcelain/index-cantonporcelain.html), esta última uma loiça com muito mais qualidade e refinamento que a de Cantão.
    Talvez por isso, porque a loiça dita de Cantão era mais barata pois a pintura era mais descuidada e o próprio material mais grosseiro, e talvez porque a sua rusticidade agradasse mais ao cliente ocidental, esta loiça sobreviveu enquanto a de Nanquim desapareceu de moda durante o primeiro quartel do século XIX.

    ResponderEliminar
  3. Continuando:
    Não creio que este tipo de motivo ou ainda a colocação de figuras na ponte fossem invenções orientais, pois a grande maioria dos motivos ditos “orientais” da porcelana que nos chegou da China, não são originais daquela região, mas sim de solicitações ocidentais à produção do oriente.
    Os motivos tradicionais orientais estavam relacionados com uma simbologia cujo significado escapava aos ocidentais, pelo que os comerciantes, e demais encomendadores de peças, levavam loiça do ocidente para que no oriente pudessem ser adaptados para agradar à clientela, sobretudo a europeia.
    A história do “padrão do salgueiro” é uma invenção ocidental, mais precisamente, inglesa, de finais do século XVIII (de acordo com o site “Gotheborg”, que considero um bom local para pesquisar sobre porcelana oriental), para dar resposta e corpo à fantasia que o nosso continente nutria por tudo o que era oriental; aliás, a moda das “chinoiseries” impôs-se na Europa sobretudo a partir de finais do século XVIII.
    Claro que, neste sentido, a China produziu, dirigido ao ocidente, aquilo que ficou designado como loiça de exportação, a qual chegava ao ocidente nos porões dos navios (servindo de lastro – daí que quando os navios navegavam à vela, necessitavam de maior peso no fundo pelo que era conveniente que a loiça fosse mais pesada, no entanto, aquando do uso generalizado do vapor, sobretudo a partir de meados do século XIX, o peso do porão já não era de todo necessário, quiçá, nem conveniente, a loiça passou a ser mais leve) pertencentes a companhias formadas e dominadas pelos potentados de então.
    Aquilo que conhecemos como o motivo de Cantão, é identificado no site Gotheborg (http://gotheborg.com/qa/exportforthewest.shtml) como pertencendo ao período que vai de 1820 a 1860). Sabemos que ,devido às guerras do ópio, os portos chineses de exportação mais importantes estiveram fechados durante o período de 1839 a cerca de 1860, sendo o comércio assegurado por Macau e Hong Kong, pelo que as casas de exportação de Cantão devem ter diminuído a sua produção.
    Sabemos que já desde o século XVI o comércio da porcelana era assegurado pelos portugueses, logo seguidos dos espanhóis, holandeses, e, mais tarde, pela Inglaterra e França, com as denominadas “Companhias das Índias”, porque afinal, existiram várias.
    Esta sua peça é muito curiosa porque veio preencher um hiato que andava na minha cabeça, pois faltava-me este elo inglês (?) na produção deste tipo de padrão.
    Tergiversei, sei, mas necessitava de organizar as minhas ideias sobre este assunto, que, não obstante, continua algo embrulhado na minha cabeça, sobretudo pela terminologia díspar que existe no campo para definir coisas semelhantes.
    Ainda bem que regressou!!!
    Manel

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Manel

      Peço desculpa à Maria Andrade, por responder ao Manel no seu blog, mas o assunto é tão apaixonante.

      Percebi desde logo que do Cantão azul e branco chinês não constam figuras humanas.

      Segundo entendi da leitura do site http://gotheborg.com/qa/exportforthewest.shtml o cantão azul e branco produzido entre 1820-1880 (noutros sítios da internet colocam o início da sua produção numa data um pouco mais recuada) é uma encomenda ocidental e corresponde a um gosto europeu por temas chineses. Nesse site, referem mesmo que é uma espécie de padrão do salgueiro encomendado aos chineses.

      Enfim, também estou um pouco confuso, mas não há dúvida que a Maria Andrade fez-nos reflectir a todos nas origens do nosso cantão popular

      Um abraço

      Eliminar
    2. Meu caro Manel,
      Começo por lhe agradecer muito o trabalho a que se deu para tentar esclarecer as dúvidas que esta travessa levanta. Desenvolveu o tema de uma forma muito e interessante e cheia de novas pistas.
      Realmente não se consegue ler na marca a palavra Davenport, nem sequer Longport que era uma outra possibilidade para o mesmo fabrico. Mas, sei lá, uma punção já muito gasta não poderia dar este resultado? A âncora não tem nenhuma corda, o que tem por baixo é o nº 3, uma numeração que também era comum na Davenport. Por mais que tente, não consigo que a fotografia da marca fique mais nítida, até parece uma marca relevada e não incisa como é de facto.
      Eu também fiquei cheia de dúvidas e percorri as marcas todas com âncora do meu livro e do site Kovels, só não consegui, tal como o Manel, ter acesso a toda a informação do site sem pagar ;) mas do que vi não encontrei nada que me ajudasse.
      Fui hoje ao site da Gotheborg que frequentei muito há uns anos quando estava mais virada para a porcelana oriental. Nessa altura trouxe-me muita informação relevante e a novidade da quantidade enorme de porcelana de naufrágios que se foi vendendo em leilões pela Europa e Estados Unidos e que eu tinha esperança de encontrar ao menos uma peça por aí à venda...
      Em relação ao padrão willow e à porcelana Nanquim, é difícil perceber quem influenciou quem porque a chamada porcelana Nanquim ( nome do porto chinês de exportação) começa com o período Kangxi ainda no séc. XVII e o willow tem várias datas e autores atribuídos, mas no final do XVIII.
      Não consegui lá ver a informação que aqui tem de que o motivo Cantão foi produzido na China de 1820 a 1860 e estranho esse dado, mas ainda vou voltar para perceber como está posta a questão.
      Enfim, Manel, o assunto dá pano para mangas, temos que continuar a estar atentos a ver se chegamos a mais certezas.
      Obrigada por se ter alongado sobre este tema sempre interessante.
      Um abraço

      Eliminar
  4. Já percebi, Manel e Luís, a vossa referência a esse período do séc. XIX para a produção Cantão.
    Eu estava a relacionar o motivo Cantão chinês com o período Nanquim e não com a versão mais tardia, de menor qualidade para consumo ocidental, sobretudo nos Estados Unidos. Se calhar foi mesmo aí que o nosso cantão popular foi buscar inspiração, com o desenho simplificado e as cercaduras em faixa monocromática.
    E esta travessa também está nessa linha.

    ResponderEliminar
  5. Mais um saborosíssimo mistério, desta vez, não inteiramente resolvido..:-)
    Um bom fim-de-semana!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :)
      Sim, desta vez parece que está difícil, APS.
      Obrigada. Um bom fim de semana também para si!

      Eliminar
  6. Querida Maria A.

    Vejo que ando bem sumido. Depois voltarei a este post e aos demais com a apreciação que merecem.

    Agora, na correria que ando, colo aqui uma resposta ao seu comentário no meu blog sobre a Sacavém e prometo, se a Providência também permitir, voltar com calma, mesmo, como semre, não tendo muito o que dizer sobre "Cantões" etc. Mas vamos aprendendo...
    Um abração.

    A cola:

    Querida Maria A,

    (não repare por ter duplicado aqui e no seu Blog este comentário)

    Obrigado.

    Olha só. Temos no blogue (etc) um instrumento bem útil para nossa mania de juntar coisas e não sabemos bem usar, pelo menos eu não sei muito bem, Sobretudo quando estas ferramentas vão se expandindo, círculos, sei lá o que, etc. Não consigo acompanhar.

    Estes seus comentários sobre minhas louças Sacavém foram uma grata surpresa e quase não os achava. Isto porque não sei lidar bem com os recursos do blogue. Mas vi no e-mail que você havia comentado e vim ver suas sempre muito bem vindas palavras e idéias.

    O prato deve ser mesmo Sacavém. E como você mencionou sobre círculos concêntricos lembrei-e que tenho um prato "cebolinha" com estes círculos, com cara de mais ou menos velho, sem marca e não se parece nada com as peças "new Ching" que estão por toda parte das feiras e do mundo.
    Depois eu posto e peço sua ideia. Mas não sei se a Sacavém produziu peças "cebolinha" . Seja como for, vou postar este prato e um outro "cavalinho" cor de terra vermelha e com marca de "Valente ... Gaia". Mas o decalque é idêntico ao verde (Sacavém).

    Um abração.

    ab

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Amarildo,
      É sempre agradável vê-lo por aqui e eu sempre que posso também vou "dar uma olhada" nas suas peças, em geral bem antigas e interessantes.
      Apareça quando puder e quiser, será sempre bem-vindo.
      Um abraço daqui para o Brasil :)

      Eliminar
  7. Manel,
    Numa matéria tão vasta e complexa como esta da cerâmica oriental com as sua enorme produção, com inúmeras versões, com cópias e cópias de cópias e algumas falsificações à mistura, não é fácil ter certezas, nem elaborar um discurso cem por cento claro e sem falhas.
    Agradeço-lhe que venha aqui partilhar os seus raciocínios e as suas dúvidas, vindo sempre trazer mais achegas importantes ao assunto.
    Na origem desta conversa toda está esta intrigante travessa que continuo sem perceber o que é e até já acrescentei um ponto de interrogação ao título.
    Depois de mais alguma pesquisa pela produção Davenport, acho que tem razão ao dizer que a marca não deve ser Davenport e nesse sentido vou acrescentar mais um parágrafo ao texto.
    Esteja à vontade para voltar aqui e acrescentar o que lhe parecer sobre o assunto.
    Logo que possa vou também consultar mais este link que aqui deixou.
    Bom início de semana, caro amigo!

    ResponderEliminar
  8. Maria Andrade

    Concordo com a hipótese sugerida pelo Manel, que as dificuldades que deve ter havido na afluência das peças orientais ao ocidente, devido ao fecho dos principais portos de exportação durante as "Guerras do Ópio" (1839-1842 e 1856-1860), poderá ter levado ao surto, no ocidente, de cópias do Cantão azul e branco.

    Com efeito, as peças mais antigas que conhecemos do nosso cantão popular, parecem-me precisamente desse período.

    Em todo o caso, estamos sempre no campo das conjecturas, mas a Maria Andrade levantou uma lebre muito interessante, que pode dar pistas para resultados muito curiosos.

    Bjos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, Luís, também acho que o Manel lançou uma pista muito credível, essas Guerras do Ópio que motivaram o fecho dos portos chineses seriam uma boa razão para terem proliferado na Europa estes motivos... nomeadamente em Portugal que é o que conhecemos melhor.
      Mas farto-me de procurar na internet motivos Cantão noutros países e só me aparece o willow por todo o lado, nas várias versões, nunca esta versão simplificada da minha travessa, mesmo ao estilo chinês do Cantão tardio. E depois há aquelas nuvenzinhas, tão nossas...
      Enfim, mas não quero pensar mais na travessa. :) Pode ser que um dia apareça alguma coisa...
      Bjos.

      Eliminar