terça-feira, 8 de maio de 2012

Formas de Massarelos para pudim


Ao ver aqui as fotografias das minhas três formas da Fábrica de Massarelos, no Porto, achei que lhe faltava uma corzinha, estão demasiado sóbrias só a bége e castanho, mas à falta de disposição para me ir meter na cozinha, imaginei-as cheias de uma gelatina de morango ou de um pudim de ovos bem amarelinho... ;-)



Estas formas para pudim, ou marmelada, ou gelatina, ou o que se quiser lá pôr, até arroz cozido para depois desenformar, foram muito fabricadas em Inglaterra, pelo menos desde meados do século XIX. Sendo duas delas do período Chambers & Wall (1912-1936), antecedidos em Massarelos por William MacLaren (1900 -1912), é de crer que tenham vindo de terras anglas os moldes aqui utilizados.
Vê-se bem que essas duas mais pequenas e mais antigas andaram na labuta das cozinhas, guardam muitas cicatrizes do seu tempo de atividade intensa, mas não deixam de ser para mim objetos muito graciosos.








A marca da esquerda, correspondente à forma oval pequena, deve ser anterior à da direita, a da forma redonda, já que nesta vê-se a inscrição Portugal, o que aponta sempre para épocas mais tardias.


A forma oval maior (15,5 x 13 x 8,5cm) já é do período LUFAPO da Fábrica Lusitânia, que adquiriu a de Massarelos em 1936, portanto será já dos anos 40 do século XX ou posterior.
Como para quase tudo, também há colecionadores para este tipo de objetos de cozinha, os ingleses chamam-lhe "kitchenalia" e há coisas giríssimas do tempo das nossas avós que já nem sabemos para o que serviam, mas as formas para doçaria, em lata, cobre, loiça ou vidro, hoje em materiais mais sofisticados, são facilmente reconhecíveis e fazem-nos logo crescer água na boca...


Afinal sempre fui para a cozinha, mas optei pela solução mais fácil, uma gelatina de morango ;-)
E ficou bem bonita na forma maior!


                                         

16 comentários:

  1. Fiquei encantada, desconhecia completamente que existiam estas formas em faiança. Só as conhecia em alumínio, folha de Flandres, plástico, cobre e vidro... Tenho mais de meio século mas não me lembro de ter visto nenhuma. A verdade é que a primeira peça que comprei nos leilões na Internet foi precisamente um utensílio em faiança que não conhecia (um funil)... Obrigado pela partilha.
    Vim à procura do chá das terças e saiu-me a sobremesa!
    Ana Silva

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    1. Olá Ana Silva,
      Como vê, nem sempre há chá à terça-feira :).
      O meu "compromisso" para comigo própria, é de que o chá seja pelo menos quinzenal, mas aqui tudo depende da inspiração do momento...
      Conhecia estas formas de sites ingleses e por isso também me surpreendi quando as comecei a ver de fabrico português, mas só conheço de Massarelos.
      Ainda bem que gostou!
      Cumprimentos

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  2. Olá Amaria Andrade

    Gostei muito do post.A gelatina fez-me crescer água na boca. Tenho uma forma igual à sua mais escura com o carimbo de Massarelos.Lembro-me de na minha casa haver em lata, folha de flandres.

    Beijos

    Isabel

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    1. Olá M.Isabel,
      As peças de faiança nem sempre precisam de ser muito antigas ou muito caras para nos encantarem.
      Às vezes basta surpreenderem-nos de alguma maneira.
      Depreendo que a sua forma tenha carimbo igual ao primeiro que mostro, à esquerda, portanto já pode ter perto de cem anos!
      Obrigada pela visita.

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  3. Olá
    Também eu me surpreendi ao ver estas formas. E a surpresa de ver a marca Lufapo Massarelos. É que a minha Mãe insiste dizer que a Lufapo não era em Massarelos, mas no Porto, onde o meu avô viveu (na margem do rio) numa casa da fábrica.
    Fiquei um pouco baralhada, tenho de esclarecer isto melhor.
    Beijinho e parabéns pelas formas, são muito bonitas e raras.
    Ana Caetano

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    1. Bem, Ana Caetano,Massarelos hoje em dia faz parte do Porto, como deve saber fica à beira do rio, logo a seguir a Miragaia, perto do edifício da Alfândega; mas há uns anos ainda seria uma localidade à parte.
      No entanto, a sua mãe tem razão, o edifício original da Fábrica de Massarelos ardeu em 1920 e a empresa mudou-se "de armas e bagagens", para um local mais a montante, também à beira do rio, inclusive os fornos ainda lá estão hoje. Terá sido esse segundo local que a Lusitânia comprou, já mais dentro do Porto.
      Beijinhos e obrigada.

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  4. Desconhecia estas formas, e não me lembro de as ter visto à venda, senão ... lá faria mais uma asneira (nestas coisas gosto de ir com alguém com gosto semelhante e que me vá comprando as coisas todas, e assim tiram-me as tentações da frente ... como em Estremoz ... rs).
    Lá por Estremoz vejo à venda muitas formas deste tipo, mas em cobre, absolutamente fantásticas e antigas, no entanto demasiado caras para a minha bolsa - por sorte, senão não deixaria lá nenhuma e arruinava-me, porque elas ainda são várias, e cada uma mais bonita que a anterior.
    Mas que é uma tentação, lá isso é!
    Em minha casa havia umas com desenhos intricados, metálicas, onde o senhor que cozinhava me fazia, de vez em quando, mas mesmo muiiiiito de vez em quando uns pudins de gelatina (ninguém lá em casa gostava de gelatina), mas, quando os fazia, valia por todas as outras vezes em que eu pedia ... e nada acontecia; ele fazia-os às camadas coloridas e, em cada camada dispunha diferentes tipos de fruta fresca cortada fininho. Chegava a ter quatro camadas de diferentes cores e sabores ... o que eu me deliciava e lambuzava com aqueles pudins.
    Posteriormente, e de quando em vez, ainda tentava fazer, mas saía tudo torto, desconjuntavam-se as camadas, e acabava por comer uma mixórdia que, de gelatina, só tinha o sabor, o resto era uma sopa com fruta a boiar! Não tinha paciência para deixar uma camada solidificar antes de adiconar a próxima.
    Desisti! Fiquei só com a recordação!
    O meu pai, que não apreciava doces (vá-se lá saber porquê!), chamava a estes pudins, "pudins remelosos", apesar de me parecerem, na altura, obras de alta gulodice!
    Manel

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    1. Manel,
      Não imagina o que eu me ri com a descrição dos seus falhanços na confeção de gelatinas em camadas!
      É que comigo, apesar desta já proveta idade, passa-se exatamente a mesma coisa!
      Tenho amigas,e mais particularmente uma delas, que fazem belíssimas sobremesas com várias camadas de gelatina e frutas, toda a gente come primeiro com os olhos e depois delicia-se a saborear... e eu estou farta de sofrer desaires.
      Umas vezes as camadas misturam-se umas nas outras e a fruta fica a boiar, outras vezes solidifica-se a primeira mas quando se vai a meter a colher ainda está tudo líquido ao cimo...
      Eu sei que aquilo resulta quando começa a ser feito com muito tempo de antecedência, se possível na véspera, mas eu quando me lembro da gelatina é como sobremesa rápida e estrago tudo (LOL)
      Agora é mais fácil com o "Jelly Ja" ou coisa parecida, mas mesmo assim requer algum tempo.
      Há que continuar a insistir ;).
      Um abraço

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  5. Tenho também uma paixão por antigas formas de bolos e pudins e se tivesse dinheiro e uma cozinha grande certamente faria uma colecção deste tipo. Julgo que este gosto tem a ver com a infância, com os pudins, gelatinas e bolos que antigamente havia tempo para confeccionar. Eu ainda por cima sempre fui muito guloso e estas formas recordam-me todos os bons pudins que comi na meninice.

    Hoje sei fazer um pudim no microndas com uma asséptica forma de pirex e confecciono umas honestas farófias, onde lá me esmero e sirvo numa travessa antiga da Vista Alegre, uma peça muito funda e bonita. Nos jantares familiares alargados, já sou o único que levo uma sobremesa caseira. Os meus irmãos já compram tudo feito no supermercado. Sinais dos tempos.

    Talvez por isso tenha gostado tanto das suas formas. São o testemunho de um tempo da história portuguesa, onde mães, avós, tias e criadas cozinhavam sobremesas estupendas com duzias de ovos e os termos "cozinha de fusão", "nouvelle cuisine" e "suchi" e "alimentos baixos em calorias" eram ainda desconhecidos.

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  6. Pois é, Luís, vão-se revelando aqui os gulosos todos! ;)
    Tenho-lhe a dizer que também gosto muito de farófias, mas não sei porquê, há anos que não faço.
    Agora, por ver as suas referências às ditas cujas em dois comentários, já destinei que vai ser a próxima sobremesa, amanhã mesmo.
    No tempo das nossas avós não havia tanta preocupação com as calorias porque o consumo destas coisas era muito mais moderado, uma vez por festa, e para dividir por famílias numerosas...
    Até reparei que no meu livro de culinária da Maria de Lurdes Modesto, onde já fui rever a receita, os ingredientes são em porções baixas, não dá para ninguém se empanturrar com aquilo... a não ser que seja só para dose individual ;)
    Obrigada pela lembrança.
    Beijos

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  7. Boa noite,

    Tenho uma amiga, que tem uma loja de velharias, que adquiriu, em lote, duas formas muito semelhantes às suas, da Vista Alegre (creio que 1924-47). São totalmente brancas, diferentes uma da outra e lindíssimas.
    Ela procura informações acerca delas (até para saber que preço pedir). Será que me pode ajudar? Ou sugerir quem posso contactar para obter informação? Já procurámos por todo o lado e não conseguimos saber nada - até eu, que sou doida pela VA, nunca tinha visto tal coisa!
    Marta Brito Martins

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    1. Se a sua amiga tem uma loja de velharias, deve saber mais desse assunto de preços do que eu!!!
      De qualquer forma, para peças da Vista Alegre aconselho-a a visitar o AVALUART - http://www.avaluart.com/productList.php

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    2. Olá,

      Ela abriu a loja há menos de 1 semana e foi mesmo por amor às antiguidades.... anda a aprender! Não sabe muito disto, não..
      Obrigada pela sugestão,

      Marta

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  8. A minha avó tem destas malgas e eu andava há anos a querer comprar uma. Finalmente encontrei numa loja, no Porto, na esquina entre a Rua de Ceuta e a Rua José Falcão. Comprei-a no Sábado e ainda ficou uma na loja. Para o caso de alguém estar interessado em comprar...

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    1. Obrigada por esta partilha que pode ser útil a alguém...
      Não me lembro de ver uma loja de velharias nessa zona. Ou é uma loja antiga de utilidades para cozinha?
      Cumprimentos

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    2. É uma loja de decoração. A forma de que falava era inglesa, de fabrico recente. Entretanto encontrei algumas antigas numa loja de velharias na rua da Torrinha.

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