Chegados ao Outono, é inevitável surgir aqui mais um post sobre cogumelos, a exceção anual às temáticas habituais, já que tem sido um por ano desde que iniciei o blogue.
A chuva que caiu por todo o país nos últimos dias de Setembro, aqui com alguma intensidade, prometia cogumelos, promessa que não me deixou defraudada uma semana depois.
A chuva que caiu por todo o país nos últimos dias de Setembro, aqui com alguma intensidade, prometia cogumelos, promessa que não me deixou defraudada uma semana depois.
Os primeiros a aparecer são sempre os agaricus campestris, pé e chapéu brancos e lâminas rosadas, muito semelhantes aos champignons de Paris (agaricus bisporus). Surgem na relva ou em terreno não cultivado perto de casa - em parte consequência de eu atirar sempre para a terra a água de os lavar. Depois os esporos... estão a ver...
Mas curiosamente, a meados de Setembro tivemos aqui uma novidade. No meio da madeira de um pinheiro que tinha secado por ação do nemátodo, apareceu um tronco com muitos botões de cogumelos e alguns já formados, que identifiquei como pleurotos (pleurotus ostreatus). Claro que esse tronco já não foi rachado para lenha e ficou cuidadosamente guardado à sombra para mais produção.
Há dias, graças aos chuviscos e à humidade da noite, voltou a surgir no tronco uma bela forma de pleuroto, branco de neve e de textura aparentemente muito delicada, mas bastante consistente.
Aqui vê-se o pé curto e excêntrico como é próprio dos pleurotos, agarrado ao tronco morto de pinheiro, como um candeeiro de parede, cheio de estilo...
Na mesma zona onde foram rachados os troncos, um pequeno bosque que temos perto de casa, começaram a aparecer, como em anos anteriores, estes outros agáricos, já não da espécie campestris mas silvícola. São maiores, quer o pé quer o chapéu, e embora sejam comestíveis, o sabor tem um travo desagradável, pelo menos cá em casa não apreciamos. Quem fica a ganhar são umas ovelhinhas gulosas que por aqui andam e lhes chamam um figo!
Na mesma altura, mais cedo do que tem sido hábito, também começaram a despontar uns botões em tom de castanho camurça que formam cogumelos não muito grandes mas de um família que é muito apreciada: os boletos.
Vêem-se bem na primeira fotografia, amarelos gema de ovo no pé e debaixo do chapéu e, ao contrário da maioria dos cogumelos, sem lâminas mas sim com poros, formando uma espécie de esponja.
Estes vieram cá parar de forma muito científica: inoculados num pequeno quercus suber, agora já grandito, um dos sobreirinhos oferecidos a todos os participantes num congresso da Associação Micológica "A Pantorra", sediada em Mogadouro. O chapéu é coberto de uma película, viscosa com a humidade e facilmente separável; depois de retirada, a cor da carne é toda amarela.
Agora só me falta mostrar aqui os que já apanhei em maior quantidade, mas como não aparecem à volta de casa, ainda não os fotografei, tenho-me esquecido de levar a máquina. Amanhã vou tratar disso...
São cogumelos de choupo (agrocybe aegirita) e como o nome indica, formam tufos nos troncos velhos dos choupos, por isso é só apanhar e encher o cesto... Têm uma tonalidade entre o pardo e o branco, pé fibroso e comprido, muitas vezes a irradiarem vários exemplares do mesmo ponto do micélio.
Eles aqui estão!
Na primeira foto já velhos, na base de um enorme choupo; na que se segue, na fase ideal para a apanha.
Durante os próximos dois meses, esta e outras espécies vão aparecendo, para regalo de quem aprecia - e conhece bem - estes saborosos macrofungos.
Tanto cogumelo Maria Andrade.
ResponderEliminarPara mim, um leigo na matéria, são todos de evitar, só acompanhado por quem sabe me atrevo a apanhar.
No meu quintal, misturados com os poejos, nasceram uns cogumelos de chapéu branco, parecidos com os agaricus campestris que aqui apresenta, mas como não tenho a certeza, deixo-os lá muito quietinhos até que decidam desaparecer.
Outras espécies também me estão a aparecer, mas não me parecem comestíveis, no entanto, se o forem, sê-lo-ão para os insetos e demais "bicheza" que, uma vez por outra (são sempre vezes demais), me invade a horta :-(
Mas a sua primeira tigela tem um ar apetitoso
Boa recolha
Manel
Manel, realmente, não os conhecendo, nunca convém arriscar o consumo de cogumelos silvestres.
EliminarO que eu achava interessante saber era quais as espécies que os habitantes da sua aldeia alentejana costumam apanhar e consumir. São costumes muito regionais e os próprios nomes populares variam de região para região, mas se tiver oportunidade, há-de perguntar por aí. Quem sabe ainda lhe oferecem alguns... ;)
E nesse caso, pode fotografar e enviar-me, não?
Um abraço
Tenho que os ir ver in loco! Deve ser giro! Adoro cogumelos, mas só os conheço em lata ou em cuvete..
ResponderEliminarAs imagens estão lindas, parecem postais. Quem tira as fotos???
Beijinho.
Então um dia destes apresento-tos in natura!
EliminarObrigada pelo elogio às fotografias, são tiradas por mim, umas saem melhor, outras nem por isso... As primeiras foram tiradas em tempo de chuva, falta-lhes luz...
Bjos.
Eu para mim tudo é novidade, mas fico fascinado com esse seu conhecimento sobre cogumelos e com os belos pitéus que deve preparar com eles. Se vir aqui no Alentejo cogumelos não deixarei de os fotografar, embora aqui tenha chovido ainda muito pouco e ainda não vi nenhum. Em Vinhais comiam-se muitos cogumelos e havia muitos pois a precipitação era grande. Mas quem os sabia colher já morreu, bem como as pessoas que sabiam os nomes deles. Enfim, a velha cultura rural a morrer.
ResponderEliminarUm dia, houver uma crise realmente grande e se tivermos que regressar aos campos, morreremos todos à fome, pois já não saberemos tirar alimento da terra
bjos
Beijos
Agora que se tornou um homem do campo ao fim de semana :) pode começar a procurar conhecer também estes verdadeiros mistérios da natureza!
EliminarAqui já pouca gente sabe de cogumelos, conhecem só os míscaros amarelos e esses apanham-nos em quantidade todos os anos nos pinhais de areia do litoral. Em Vinhais estou certa que ainda haverá gente que os colhe, como por todo Trás-os-Montes, mas geralmente vendem-nos e vão em camiões para o estrangeiro. Os boletos - os franceses chamam-lhes "cèpes" e os italianos "porcini", não sei se conhece os termos - encontram-se muito nos soutos e carvalhais transmontanos. Como atingem preços altos, têm muita procura...
Ainda um dia há de calhar passar aqui por casa em época de cogumelos...
Bjs.
Olá.
ResponderEliminarNos meus tempos de menino, ainda conhecia os "tortulhos" ou "capões" (com um "chapéu" grande de cor acastanhado, suportado num pé alto) nome como são conhecidos na gíria popular lá para os meus lados. Apanhava-os principalmente nos vinhedos e fazia uns belos petiscos. Agora, tenho algum receio em os comer fruto de não ter suficiente conhecimento sobre as variedades que são comestíveis. Um dia destes e se me permitir enviar-lhe-ei fotos de alguns cogumelos silvestres.
Fiquei maravilhado com o seu conhecimento sobre o assunto.
Cumprimentos.
Olá J. Pereira,
EliminarConheço bem esses cogumelos, enormes e muito saborosos, e falo deles no primeiro post que aqui fiz sobre cogumelos em 15/11/2010. Realmente têm muitos nomes populares, de acordo com a região, mas o nome científico é Macrolepiota Procera. Pode consumi-lo à vontade porque só o tamanho do chapéu, com as suas escamas acastanhadas, e a altura do pé tornam-no inconfundível. Uma outra caraterística que o identifica é que o anel é móvel, isto é, pode deslizar ao longo do pé.
Este ano já vi vários no mesmo sítio mas só dois ainda estavam em condições de serem consumidos (não convém consumir cogumelos já velhos). Resta-me esperar que apareçam mais...
Cá fico a aguardar as suas fotos.
Cumprimentos
Tenho umas fotos para saber se o cogumelo é comestível. Podem me ajudar? qual email?
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