Nem sempre este blogue tem vivido da "prata da casa" como temática ou como ilustração de textos, mesmo quando se trata de objetos e não de edifícios ou monumentos.
Com efeito, a disponibilização de fotos por parte de familiares e amigos, alguns já feitos através do blogue, tem sido um recurso inestimável que em muito tem contribuído para enriquecer os conteúdos. Alguns desses posts estão até entre os mais populares.
É de novo o caso do tema de hoje, "alimentado" por três bons exemplares de faiança do Norte, que tenho a agradecer à If, grande entusiasta e estudiosa das nossas faianças.
Os motivos centrais destes dois primeiros exemplares, embarcações à vela, parecem-me muito ligados às vivências dos trabalhadores cerâmicos das fábricas gaienses, ali à beira do rio e tão perto do mar. Também não nos podemos esquecer que o século XIX foi uma época de intensa emigração, sobretudo para o Brasil, a partir do populoso Norte do país, e era este o meio de transporte utilizado pelos viajantes. Por isso, teria a sua popularidade como motivo decorativo, embora eu não conheça outros exemplares neste género de faiança.
A paleta de cores é muito idêntica, e também os filetes à volta do covo, mas pelo tipo de cercadura podemos arriscar atribuir o primeiro à Fábrica da Bandeira e o segundo à da Fervença, ambas situadas em Vila Nova de Gaia e ambas fundadas na primeira metade do século XIX.
O terceiro exemplar destaca-se pela cercadura nada usual, com grinaldas de flores miúdas a delimitar zonas de quadriculado amarelo.
Já o motivo central de casario é comum a outros exemplares atribuídos à Fábrica da Bandeira, como este que eu já tinha mostrado num primeiro post e repetido num outro meses depois.
Há diferenças de pormenor mas o conjunto de edifícios é basicamente o mesmo e há grande semelhança na forma de representar a vegetação.
Também curioso é verificar que o conjunto de quatro cisnes que aparecem no primeiro prato com o motivo do barco à vela é exatamente o mesmo que se pode observar no prato seguinte, do Museu Nacional de Arte Antiga, atribuído à Fábrica da Bandeira. Imagino que cada fábrica disporia de variados motivos em stencil que depois eram agrupados ou sobrepostos formando diferentes composições.
Penso que esta possibilidade que temos tido de comparar, quer os motivos centrais, quer os filetes e cercaduras, em vários exemplares, muitos já com atribuição de fabrico, nos vai permitindo ganhar mais conhecimento e confiança relativamente a estas faianças não marcadas.Há diferenças de pormenor mas o conjunto de edifícios é basicamente o mesmo e há grande semelhança na forma de representar a vegetação.
Obrigada, If, mais uma vez...
Julgo que concordo com as atribuições que fez. Comprei agora num saldo na FNAC o catálogo dos Meninos Gordos, que além de tratar do motivo decorativo meninos Gordos, tenta também identicar o que é Bandeira, Fervença ou Afurada. Já conhecia o catálogo da biblioteca, mas tive a lê-lo agora com mais atenção e de facto os dados do livro coincidem com as atribuições que a Maria Andrade fez.
ResponderEliminarClaro haverá seguidores que desconfiam da palavra escrita nos livros e farão certamente outras classificações, mas eu julgo que devemos tomar como ponto de referência as conclusões de gente, que fez do estudo da faiança, do mobiliário ou da pintura um modo de vida. Muitos desses estudos implicam investigações em arquivos, como nos catálogos sobre Miragaia ou Rato e parece-me que as conclusões destes estudos devem nortear as nossas opiniões, o que não quer dizer que não sejamos livres de seguir as nossas intuições e procurar provas que as sustentem.
Peço desculpa pelo "arrosado", mas os dedos escaparam-se pelas teclas fora
Beijos
Ainda bem que os dedos se lhe escapam assim pelo teclado, porque tudo o que aqui escreve vem sempre acrescentar informação ou reflexão relevante.
EliminarEu também gostaria de comprar esse catálogo "Meninos Gordos...", limito-me a ter algumas fotocópias a preto e branco que tirei numa biblioteca, com exemplares das três fábricas que refere. É realmente com base em estudos sérios que podemos avançar nas nossas atribuições por muito falíveis que ainda possam ser.
Em relação a estes exemplares Bandeira e Fervença parece-me que já não há grande margem de erro. Afinal de contas são duas produções relativamente recentes, com caraterísticas muito próprias e que foram bastante populares, por isso bem conhecidas.
Mas, claro, há sempre exemplares que nos trocam as voltas... :)
Bjos.
Obrigada pela dica sobre o livro, Luís.
EliminarAinda está em promoção na FNAC e já o comprei ;)
Fico maravilhada com as fotos e texto! Lindo! Beijinho
ResponderEliminarOlá Lagartinha,
EliminarObrigada pela simpatia, mas as três primeiras fotos, que estão realmente boas, não são da minha responsabilidade.
Quanto ao texto, olha quem fala!
Bjos
Hi Maria,
ResponderEliminarYour plates are wonderful with the different motifs. Thank you for sharing and have a wonderful weekend.
Blessings,
Sandi
Thanks for the visit, Sandi.
EliminarI'm glad you liked these Portuguese earthenware plates,
which are over a hundred years old.
A great weekend for you, too.
What a wonderful and decorative set of plates. I love them! Living by the coast, I especially like nautical, ocean of seaside designs. These are wonderful!
ResponderEliminarRuth
Hi Sandi.
EliminarThese earthenware plates are very decorative, indeed.
I see you appreciated the nautical themes, something you're very familiar with.
Thanks for visiting.
Hugs