sexta-feira, 24 de maio de 2013

Uma caneca que veio do Norte...


 

Bem, comprei-a no Norte, a um vendedor do Norte, isso posso assegurar. Quanto à origem do fabrico, as dúvidas habituais... mas há palpites!
Descobri-a na Feira da Vandoma no Porto, assim inteirinha mas com várias rachadelas, a um preço  que achei compativel com o estado... e com a atração que exerceu logo sobre mim :)
É um recipiente de litro, pelo que o imagino a ser usado por homens de há cem anos dados ao copo, que ao regressarem do trabalho, ao fim do dia, tinham passagem obrigatória por tabernas ou adegas para beber uma litrada, à roda ou talvez não! E depois, em casa, era um Deus nos acuda...
Na forma e tamanho é muito parecida  com uma que foi partilhada pelo Luís no Velharias, atribuída à Fábrica da Fervença em Gaia. O meu palpite quanto a esta azul e branca, por analogia  com outras faianças nortenhas, é que seja também de Gaia - os dois tons de azul, o estampilhado, os esponjados, as pinceladas largas - e logo os nomes que ocorrem, com produção mais conhecida neste tipo de faianças, são Fervença, Bandeira e Santo António de Vale da Piedade; mas sei lá quantas fábricas gaienses, utilizaram as mesmas técnicas decorativas?!

Canjirão da coleção António Capucho atribuído à Fábrica da Bandeira em Gaia

Mede 15cm de altura, 10,5 cm de diâmetro, tem paredes finas e, ao achá-la muito leve, verifiquei o peso que é de 400 gramas. Será que estes dados são relevantes para a identificação? Se ao menos aparecesse uma igual em coleções antigas...


Bem, eu sei que ela só estava habituada a lidar com vinho, mas não resisti a pôr-lhe dentro este raminho de flores bem singelas - malmequeres e centaureas(?) - que, mesmo sem grandes cuidados,  teimam em aparecer todos os anos no meu jardim. E eu fico bem agradecida por esta dádiva da natureza!

A minha sinfonia azul




19 comentários:

  1. Love this beer can. The combination of the color of the can and the flowers is perfect.
    I am not normally fond of blue and white china but this shade of blue is very nice and calming to look at. love the flower arrangement.

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    1. Hi Felicity,
      It isn't a beer can, beer din't use to be a popular drink in Portugal; it's an antique wine can, as we are traditional - and very good!!! - wine producers.
      Thanks for your appreciation of my old can and of the flower arrangement.

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  2. Maria Andrade mais uma belíssima peça!
    Fantástica! Sem certezas absolutas, mas parece-me da região de Gaia.
    Deve pertencer ao tipo de caneca de que o Luís também tem um exemplar e eu outro, pois todas estas peças têm a capacidade de 1 litro, cerca de 15 cm de altura e 10 de diâmetro, e são de um material muito leve (não pesei a minha e não creio que o Luís tenha pesado a dele, pois não tem balança !).
    A minha, segundo o Luís descobriu recentemente (neste congresso que está a decorrer no MNAA, e fiquei entusiasmadíssimo), muito provavelmente terá sido produzida por Santo António do Vale da Piedade, pois numa das comunicações apresentada, apareceu a imagem de um fragmento de uma caneca com um desenho igual à minha, proveniente dos achados no caqueiro daquela fábrica,.
    Assim se vão fazendo pequenos ajuntamentos afetivos de peças de faiança; no meu caso não posso considerá-lo de coleção, seria pedante da minha parte fazê-lo, pois falta-me o rigor de classificação, o número de exemplares de cada fase da produçãos das fábricas e a preocupação de ter toda a tipologia de peças e de todas as fábricas possíveis.
    Assim, ao que possuo não denomino de coleção, mas de ajuntamento afetivo de peças.
    Muitos parabéns pela aquisição, pois é assim que os ambientes que nos rodeiam se tornam de facto o nosso espelho, e, para alguns de nós, será afinal a memória que acabamos por transmitir a alguém que, no futuro, nos queira conhecer.
    Um bom final de semana para vós
    Manel

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    1. Manel, eu também já calculava que o Luís não iria perder a comunicação sobre Santo António de Vale da Piedade e roo-me toda de inveja, tanto mais que estão a surgir novidades sobre essa e outras produções.
      E que excitação deve ter sido para si saber que tem uma caneca com toda a probabilidade de ser SAVP! (fico a aguardar que ela seja apresentada aos amigos no blogue do Luís :)). Também adoraria que esta minha fosse dessa fábrica, não sei porquê, acho que é um nome com carisma...
      Quanto ao nosso gosto por ir juntando velharias e neste caso faianças, gostei muito da maneira como pôs as coisas - ajuntamento afetivo de peças. É que é isso mesmo que nos move, também a mim, ir reunindo peças que nos cativam sem qualquer pretensão ou até possibilidade (pelo menos no meu caso) de fazer uma coleção séria e valiosa.
      Um bom fim de semana também para si, animado pelas notícias e relatos que o Luís lhe trouxe do congresso.

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  3. Lindíssima. E belamente utilizada.

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    1. Ainda bem que apreciou a peça e depreendo que também as singelas florinhas com que a enfeitei.

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  4. Cara Maria,

    Parabéns!A sua caneca é belíssima! E com aquelas flores ainda se torna mais delicada. Também tenho uma predilecção pelos "cacos", especialmente pelos de cor azul. Para além destes, gosto particularmente da Vista Alegre no período do séc. XIX.
    Já algumas vezes tenho deitado uma olhadela a este seu cantinho, mas hoje não resisti. O tom de azul dessa caneca é de enfeitiçar!
    Aqui em casa tenho um exemplar, não de caneca, mas de bacia de lavar as mãos, que só por ser azul poderá ser considerado algo semelhante a essa caneca.
    Como também sigo com muita atenção o blog do Luís Montalvão,um dia destes fotografo-a, e depois me dirá de sua justiça!

    Um abraço, e continuação de boas aquisições.


    Alexandra Roldão

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    1. Cara Alexandra,
      Já conhecia o seu nome do Velharias e é muito bem-vinda a este meu cantinho como simpaticamente lhe chama.
      Nas feiras de velharias aparece cada vez mais muita quinquilharia, mas quase sempre se encontra uma peça que nos enche os olhos e queremos trazer para casa. A Vista Alegre antiga é realmente uma boa opção e vai sempre aparecendo.
      Agora fico cheia de curiosidade em ver a sua bacia azul e branca e poder fazer comparações.
      Um abraço

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  5. Linda a sua caneca. Realmente as dimensões dela são tb impressionantes e é muito bonita. O Manel pesou hoje a caneca dele e pesava 500 gr. As dimensões são semelhantes às suas. Eu ainda não pesei a minha, pois não tenho balança. Como já devo ter ouvido comentar, os meus dotes culinários resumem-se a uns 20 a 25 pratos e só faço bolos pré-preparados do Pingo Doce. Mas julgo que vou comprar uma balança.

    Fiquei muito entusiasmadado com a comunicacação de Santo António de Vale da Piedade. Os arqueólogos exumaram da antiga fábrica dezenas de cacos de azulejos e telhas de beiral, restos de vasos ornamentais e muita, muita loiça. Julgo que o extracto reporta-se a meados do séc. XIX. Entre a loiça há muitos restos de cantão popular, o que confima que esta casa é uma das produtoras das peças mnais antigas daquela decoração que tanto gostamos.

    Mas surpresas, das surpresas, Santo António fabricou em grande quantidade loiça muito colorida, com amarelo, verde, laranja e azul, que normalmente se atribue a Bandeira ou Fervença. em meados do XIX houve uma moda de fazer loiça muito colorida na zona do Porto e Gaia. Entre essa loiça colorida de S. António de Vale da Piedade estava um caco igual à caneca do Manel.

    Só gostaria de mostrar a caneca do Manel, depois de sairem as actas publicadas e poder comparar as fotografias, mas talvez me adiante, pois a caneca é linda de morrer.

    A comunicacão tb incidiu sobre o conjunto das fábricas de Gaia, que nos finais do XVIII e inícios do XIX se distribuem junto ao rio, depois na segunda metáde do XIX. se espalham pelo interior do Concelho, ao longo do Caminho de ferro. Houve ainda mais fábricas do que aquelas que nós conhecemos.

    Enfim, aguardo com muita expectativa a publicação das actas.

    Bjos

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    1. Luís, muito obrigada por todas as novidades que me traz sobre o congresso.
      Nos nossos noticiários não ouvi uma única referência ao 1º Congresso Internacional de Faiança Portuguesa. Isto é normal?
      Deve ter sido uma excitação ver pela primeira vez cacos com cores e decorações garantidamente da Fábrica de Santo António. E logo ter descoberto um igual à caneca do Manel!
      Também gostei de saber o peso dela e dá-me sempre vontade de rir quando leio que o Luís não tem balança de cozinha. Vê-se logo que é uma cozinha de homem pouco dado à culinária... :)
      Já estava curiosa, mas agora fico com muita vontade de ler as atas desse congresso, espero que não demorem muito a sair.
      Beijos e um bom domingo.

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    2. Ola Maria
      Apreciei a sua sinfonia em azul, enriquecida pelo conjunto formado com o espelho e com as outras pecas, principalmente o azulejo e as flores. Esta de parabéns pela sua aquisição.
      If

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    3. Caros Luís e Maria,
      Tal como a Maria, gostei imenso de saber dessas boas novas referentes às comunicações feitas no 1º Congresso de Faiança Portuguesa.
      Mais uma vez, fiquei de posse de conhecimentos até aqui ignorados. Nunca tinha ouvido falar dessa fábrica de Santo António do Vale da Piedade. Mas esta vossa leitora é uma mera aprendiza destas lides. Como eu já tive oportunidade de realçar, não sou detentora de determinados pré-requisitos essenciais para este tipo de avaliações / considerações.
      No entanto, tenho muita vontade de aprender convosco!
      Gostaria ainda de deixar aqui dois reparos. O primeiro diz respeito à realização do Congresso.
      A Maria escreve, e com muita razão, que não ouviu qualquer menção noticiosa ao evento.
      Pois é Maria, e agora pergunto eu:
      - Como ouvir falar de tal nos meios de comunicação, se vivemos num País onde a figura que nos representa fora de portas diz “cidadões”, e até consegue inventar um novo País a Eslovéquia?
      Cultura neste País é coisa para uma meia dúzia, que é olhada de lado pela maioria instalada…
      Até mesmo porque, instruir, é algo deveras perigoso….o pessoal começa a ter ideias….
      E em segundo lugar, gostaria de acrescentar o seguinte:
      - Não consideram os preços de inscrição no Congresso exorbitantes?
      Sei que, decerto, os conferencistas são pessoas de nomeada, com trabalho publicado, que passam horas das suas vidas debruçados sobre assuntos complicados de desvendar, mas, não é por esta via que se leva a cultura mais além, isto é, com preços de entrada demasiado elevados para a maioria dos cidadãos!
      Numa época em que, a maioria destes auferem salários que rondam os 1000€, julgo que seria de pensar maduramente estas questões.
      Mas, se quiserem, também temos o reverso da medalha, que é o facto de vermos pessoas gastarem exorbitâncias em bilhetes de futebol….
      Resumindo e baralhando, lá voltamos nós à pescadinha de rabo na boca, ou seja, neste País a cultura não é acessível a todos!

      Um grande abraço aos dois desta vossa atenta leitora

      Alexandra Roldão

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  6. Olá If,
    A aquisição da caneca foi realmente um golpe de sorte!
    E depois foi o acaso feliz de ter no jardim flores que combinam bem com aquele azul e branco. Azul atrai azul :) e lá fiz uma combinação que ainda está em cima da mesa e também já mereceu elogios cá em casa.
    Obrigada pela visita e um abraço para si.

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  7. Cara Alexandra,
    Estou em completa sintonia consigo em todas as observações que aqui faz, à exceção talvez do que se refere ao preço da inscrição para o congresso, por comparação com outros eventos do género.
    Fui durante muitos anos aos congressos anuais da APPI (Associação Portuguesa de Professores de Inglês) para os não-sócios os preços eram assim elevados. Neste caso foram 3 dias de sessões que devem ter obrigado a muito apoio logístico, ao uso de alguma tecnologia envolvendo muita gente a trabalhar e muitos gastos. É como diz o outro, os preços não são caros, nós é que estamos ganhando pouco... :(
    Mas é um espanto como neste país as prioridades andam todas invertidas e a falta de nível e de cultura se nota até nos que nos representam ao mais alto nível... Depois não admira que apanhemos com meias horas de futebol em cada noticiário televisivo, muitas vezes logo na abertura, fora os programas e canais específicos. São os 3 Fs de novo instalados, embora o Fado atualmente já não seja tão dominante como noutros tempos, acho que ocupa o espaço que lhe compete.
    Um abraço

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  8. Olá, bom dia. Lembrei-me de deixar aqui um link onde surge muitas actividades culturais e onde esteve incluído o referido Congresso de Cerâmica, o qual infelizmente não pude ir.

    http://www.pportodosmuseus.pt/

    Consultem-no com frequência. Beijinhos!!

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    1. Olá Sandra, gosto de a ver por aqui de novo!
      Foi uma ótima ideia deixar aqui esses link do pportodosmuseus.
      Já o conhecia mas não vi a referência ao 1º Congresso Internacional de Faiança Portuguesa e agora fui lá ver e também não encontrei, pelo menos não nos dias do Congresso, nem nos anteriores em Maio.
      Mas realmente vale a pena ali voltar com frequência.
      Beijinhos

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    2. Foi por lá que eu soube mas foi anunciado muito cedo, em Abril penso eu. Um beijinho e até breve, gosto sempre de vir aqui!
      Sandra

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  9. You have the most unique china I have ever seen. So very lovely. Thank you for sharing it with us. Blessings, Martha

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    1. Thanks, Martha. This is antique rustic ceramics, very different from the delicate china we share in Tea Cup Tuesday, but very attractive to me...
      Hugs

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