É verdade que quatro subsídios a menos no orçamento de dois pobres mortais nos fizeram hesitar em cumprir este ano um plano que já se vinha a delinear há uns tempos. Mas como nos próximos anos a "coisa" não vai melhorar e habituados que estamos a viagens curtas e baratas, incentivados pela companhia de amigos lá nos decidimos...
Para os apreciadores de porcelana antiga, uma visita ao Palácio de Charlottenburg é um dos melhores programas que se podem fazer em Berlim. Assim, resolvi participar esta semana nos eventos bloguistas Tea Cup Tuesday, Tea Time Tuesday e Tuesday Cuppa Tea com fotografias tiradas nesse palácio.
Peço desculpa pela má qualidade de algumas fotos que não fazem justiça à beleza das peças e do local, mas as condições também não eram as mais favoráveis...
Há neste palácio muita porcelana alemã, sobretudo da prestigiada marca berlinense KPM, mas também da mundialmente famosa porcelana de Meissen e fartei-me de a fotografar, mas o Gabinete das Porcelanas, uma sala inteiramente decorada com porcelana chinesa e japonesa azul e branca, alguma imari e alguma blanc de chine, sobre apainelados e mísulas douradas, é um verdadeiro deslumbramento!
A ala mais antiga do palácio data da viragem do século XVII para o XVIII, construída como residência de verão da rainha Sofia Carlota (Sophie Charlotte), mulher de Frederico I da Prússia, que após a morte dela nomeou o palácio em sua honra, daí Charlottenburg.
Esta coleção de porcelanas é bem um exemplo de como reis, rainhas e príncipes europeus se deixaram seduzir pelas exóticas porcelanas orientais. São milhares de peças que ali estão expostas totalmente integradas no revestimento da sala, a serem refletidas pelos espelhos e a formar um magnífico cenário... não de ouro sobre azul mas de azul sobre ouro!
E quem não gostaria de saborear um chá numa destas tacinhas, ali tão a jeito de pegar e servir? Era só escolher o padrão... Mas obviamente não vos posso oferecer chá em peças históricas e musealizadas :), por isso tive que recorrer à "prata da casa" e fui buscar umas tacinhas parecidas com estas, talvez da mesma época, mas já com defeitos e sem formarem conjunto, ou mesmo sem terem pires.
Oxalá este chá lhes tenha agradado. Tenham uma boa terça-feira... para celebrar o chá e para tudo o resto...
Love the blue china!
ResponderEliminarThanks, Millie, and welcome in A.L.V.!
EliminarWhat a wonderful memory you have brought back to me! That was one of my favorite places to visit! Because I love blue and white. All of my photos are just prints. Thank you so much for sharing your visit to the palace. I love Meissen, but only have one old piece. Thanks for linking to Tuesday Cuppa Tea!
ResponderEliminarRuth
Hi Ruth,
EliminarI'm glad I brought you these wonderful memories.
I also love Meissen, but KPM in Berlin is another very fine porcelain, it also dates back to the 18th cent. and and there's plenty of it in Charlottenburg.
But you must share your Meissen piece; no matter how old it is, it must be beautiful!
Hugs
I love visiting places like Charlottenburg and seeing all the old porcelains. Enjoyed seeing your pieces, too ... I like broken, chipped, miss-matched pieces ... so many stories they could tell! Happy Tea Day!
ResponderEliminarThanks Snap for your visit and for sharing common tastes with me.
EliminarHugs
Oh my goodness, Maria, what a sight! I had to show your post to my hubby! I would surely swoon if I was to step into that palace! It is a beautiful structure to begin with and then to see the treasures it holds would be a sight, for certain! What gorgeous pieces! Thank you so much for sharing with us. It was wonderful!
ResponderEliminarBlessings,
Sandi
Hi Sandi,
EliminarI'm so glad you appreciated this post!
You can always plan a trip to Europe with your husband and enjoy all this beauty.
It's really worth it!
Hugs
Olá Maria Andrade, agradeço as fotos partilhadas, fiquei abismado pela forma como tais relíquias estão expostas, só de pensar que um espirro mais forte de um visitante pode provocar uma catástrofe.
ResponderEliminarA arte e o requinte ancestral no fabrico da porcelana pelos orientais há milhares de anos fazem os europeus correrem para chegar a tão sublime perfeição.
Uma curiosidade, sabia que o combustível que eles usavam para cozer as peças era a casca de arroz? E como a casca de arroz é muito rica em sílica (é dura) eles usavam as cinzas para manufacturar a pasta de porcelana, assim não tinham de moer a areia. Uma pasta de porcelana é composta (grosso modo) de 50% de caulino, 25% de Feldspato (fundente, pedra branca associada à desfragmentação/decomposição do granito) e 25% de sílica.
Obrigado.
Cumprimentos, jsaraiva
Olá J.Saraiva,
EliminarSeja bem vindo aqui de novo!
Não tinha conhecimento da utilização da casca de arroz no fabrico de porcelana na China, aliás, exceptuando a utilização de caulino como matéria fundamental, desconhecia todos os pormenores técnicos.
Ainda bem que gostou de apreciar esta maravilha e obrigada por vir aqui acrescentar esses dados interessantes sobre o fabrico.
Cumprimentos
Hello Maria,
ResponderEliminarWow! What a fun visit that was! The architecture of the building is amazing! I think that alone would have kept me interested, but the china!!! What a treat to see such incredible pieces and to experience history that way! Lucky you!
Hugs,
Terri
Maria Andrade!
EliminarTeve então o privilégio de ir a Berlim! Também eu a conheci já com cinquenta e tais. Estive lá pela primeira e única vez em 2007 e fiquei completamente deslumbrada, não só por ser uma cidade carregada de história recente como também pela monumentalidade e grandiosidade dos edifícios - impressionou-me a largura dos passeios :)- e claro a parte cultural. Também visitei Charlottenburg, como não podia deixar de ser. Uma jóia!!
As suas "pratas da casa", mesmo partidas e coladas, não perderam o charme.
Beijos e muito obrigada, por este post. Fez-me lembrar umas das férias mais felizes que já tive.
Fico muito satisfeita, M. Paula, por lhe trazer aqui recordações agradáveis de umas férias memoráveis. Em Berlim impressionam, sobretudo na parte Leste essas avenidas e passeios muito largos. E o núcleo de edifícios neo-clássicos do centro histórico é também notável!
EliminarQuanto às minhas pobres porcelanas algo estropiadas, veja lá que até recebi um simpático mail da Sandra Pena a ensinar-me a melhor maneira de as re-colar!
Enfim,é sempre agradável receber mails e comentários amáveis como o seu.
Beijos
What a wonderful opportunity for me to see something I doubt I will ever be able to see in person. I dearly love blue china and we use a much less fancy version every day. But this is so far beyond anything I have ever seen. Thank you so much.
ResponderEliminarBeth in NE PA
Hi Beth,
EliminarI'm glad to have you here visiting A.L.V. for the first time!
I'm sure you'll seize the opportunity to come to Europe some day and then, this is a visit you can look forward to... :)
Have a great week.
Hi Maria,
ResponderEliminaroh my, how amazing. I have never been in Charlottenburg. This looks so gorgeous. Thank you for all the pretty photos. There is so much to see and to enjoy.
Best greetings, Johanna
Hello Johanna,
EliminarCharlottenburg is a fine place to visit in your next time in Berlin.
You'll certainly love it!
Hugs
Maria Andrade
ResponderEliminarGostei muito deste seu chá!!
Recordei-me de uma conferência que assisti há pouco proferida por um senhor que era director dos palácios da região de Berlim, onde entre outros se incluem o Sans Souci, Potsdam e Charlottenburg e o que o senhor contou era impressionante. Uma boa parte do recheio destes palácios foi pilhada pelos russos. Alguns dos palácios da região berlinense foram também abandonados no tempo da RDA. O actual governo alemão tem feito um esforço enorme a mobilar estes palácios com peças vindas de outros edifícios históricos e museus da Alemanha, ou com coisas compradas em antiquários. Outras peças tem sido devolvidas pelos russos depois de muita negociação complicada (provavelmente os alemães concedem facilidades nos empréstimos aos russos. Foi uma conferência fantástica onde se percebia a existência das feridas ainda vivas da guerra, mas também um enorme gosto pelo património que os alemães tem.
O nome da instituição onde o senhor trabalhava era o Stiftung Preußische Schlösser und Gärten Berlin-Brandenburg (fui agora ver à net)
Bjos
Luís, trouxe precisamente do Palácio de Sanssouci, em Potsdam, um folheto dessa Stiftung Preußische Schlösser und Gärten Berlin-Brandenburg, ou seja, a Fundação dos Palácios e Jardins Prussianos de Berlim-Brandenburgo que conta com 30 palácios e outros edifícios notáveis e visitáveis inseridos nos seus parques.
EliminarSó em Potsdam, para além de Sanssouci (reconhecendo nós aqui duas palavras francesas, em alemão aparece sempre uma palavra só),que visitámos, há um conjunto de palácios, ao todo 10 edifícios visitáveis dentro do parque e há ainda outros noutros locais da cidade, incluindo aquele onde se realizou a Conferência de Potsdam, o Cecilienhof. A visita a Potsdam, a pouco mais de meia hora de comboio de Berlim, foi para mim um dia fabuloso, um verdadeiro mergulho na história, tanto recente como passada.
Só nesta ida a Berlim tive bem a noção do que foi a destruição ali causada na 2ª Guerra Mundial, edifícios do centro histórico totalmente arrasados, e por isso o esforço de reconstrução foi sempre muito grande, mesmo nos 40 anos da RDA, até porque foram eles que ficaram com essa zona mais destruída.
Agora anda um surto enorme de contrução, muitos guindastes no centro histórico, zonas que são um imenso estaleiro, certamente a aproveitar fundos da UE que a nós tão caros nos saíram... e a tentar fazer Berlim ombrear com Paris ou Londres...
Bjos.
Visitei Berlim a 1ª vez ainda antes da queda do muro, e, nessa altura, a vida ali era frenética. Viviam-se 24 h sobre 24 h, com uma multidão de gente jovem que levava uma vida que me parecia algo desconexa e desordenada, cuja finalidade parecia ser o de viver hoje o máximo, porque amanhã não se sabia ...
ResponderEliminarNessa altura, viajei de carro até Berlim, cujo caminho era um corredor vedado com arame farpado de ambos os lados, e viam-se, aqui e além, pessoas, cães e veículos que me pareciam militares, os quais, pressupus, estivessem a guardar a fronteira, uma das mais policiadas da Europa, à altura, e, depois de todos estes cuidados, olhe no que deu ... até as fronteiras melhores guardadas caem, felizmente!
Mais tarde, já a visitei sem muro, e a vida pareceu-me diferente, uma cidade como tantas outras, ainda que com uma população essencialmente jovem, sendo que uma percentagem significativa ocupava antigos edifícios, monumentais, da antiga RDA, constituindo comunidades onde havia lugar para todas as raças e credos, ecletismo que me parecia mesmo incentivado (aliás, há uns tempos atrás tive ocasião de ver na televisão um documentário sobre este facto, único nesta Europa cheia de tradicionalismos ancestrais).
Tinha, nessa altura, pessoas conhecidas e amigas ali a habitar, que me fizeram o tour, o que resultou em dias de grande prazer e deslumbramento, mas já sem aquela vida frenética e caótica de que me tinha apercebido da primeira vez.
Parece estranho, mas nunca visitei Charlottenburg, pois no dia marcado para isso alguma outra coisa se levantava, que considerava mais aliciante, e lá ia eu.
Exteriormente, apesar da sua arquitetura ser apelativa, não o é muito para mim, pois, devo confessar, toda aquela monumentalidade de grande palácio típico do séc. XVIII alemão passa-me um pouco ao lado (apesar de igualmente monumentais, prefiro o Palácio Novo ou o de Sanssouci, ambos em Potsdam, e mandados edificar por Frederico da Prússia, um homem que admiro profundamente pelas suas qualidades e vasta cultura); na arquitetura palaciana atraem-me sobretudo os edifícios mais intimistas, e de dimensões humanizadas, como os da nossa arquitetura chã.
No entanto o interior, sabia-o, é de não perder, o que as suas fotografias me vêm confirmar.
Esta sala é deliciosa, e eu que tanto apreço tenho pelas porcelanas do oriente, e muito especialmente as azuis e brancas, ficaria seguramente esmagado perante tanta beleza.
Fiquei também encantado pela explicação do seu comentador J. Saraiva acerca da utilização da casca de arroz no fabrico da porcelana oriental, uso que, apesar de ser já do meu conhecimento, não lhe conhecia a razão. Um agradecimento pela informação.
As suas pequenas porcelanas orientais, ainda que partidas e coladas, não perderam nada da sua função, pois elas servem para isso mesmo, para continuarem a viajar através dos séculos e permitir que a sua beleza nos possa tocar e inspirar, e, se assim se permitirem, igualmente os criadores de hoje!
E a si, por me ter aqui trazido toda esta delicada elegância, sem ter de sair da minha cadeira, outro agradecimento
Manel
Bom dia,
EliminarRealmente vamos-nos enriquecendo aqui sentados na cadeira... Aproveito para Vos dizer que também existe a porcelana de ossos (Bone China) que efectivamente são calcinados ossos (de animais) e as suas cinzas utilizadas no fabrico da pasta.
Peço desculpa pela intromissão,
Cumprimentos, jsaraiva
Caro Manel,
EliminarSó tive um ligeiro vislumbre dessa Berlim mais alternativa – o nosso hotel ficava junto à Alexanderplatz, onde está a Torre da Televisão, e viam-se por ali muitos grupos de jovens e alguns cantores e artistas de rua - mas sei que há bairros de artistas e edifícios com vida comunitária, pelo menos o meu filho quando lá esteve, há 3 ou 4 anos, ficou encantado com esses ambientes...
Acrescentei aqui uma foto panorâmica de Charlottenburg para se ter uma ideia mais clara da volumetria do palácio. Este formato em U com o corpo central a terminar em cúpula acaba por ser muito semelhante ao do Neues Palais von Sanssouci, mas neste não há as alas de prolongamento dos dois lados que tornam Charlottenburg um edifício enorme na horizontal.
Adorei o Palácio de Sanssouci, o primeiro, é uma verdadeira jóia de arquitetura, mesmo apropriado para um palácio de lazer de um grande monarca, como o nome bem indica.
Quanto à Berlim do tempo da Guerra Fria, caiu esse muro, uma aberração a separar pessoas do mesmo povo e da mesma cidade, mas outros infelizmente se ergueram, construídos por países que se dizem defensores dos valores democráticos. Penso muitas vezes que vivemos num mundo com dois pesos e duas medidas...
Chocou-me um pouco o folclore em que se tornou o Checkpoint Charlie, uma fantochada para turista ver e tirar fotografias, num local que foi tão tenso e tão sofrido...
Mas enfim, a visita valeu muito a pena e aqueles poucos dias foram muito bem aproveitados.
Um abraço
E aproveito para dizer ao J. Saraiva que se visitasse com mais frequência este blogue ;), já aqui teria encontrado referências à porcelana de ossos calcinados, a "bone china" tipicamente inglesa, inventada por Josiah Spode e já produzida no início do séc. XIX (ver post de 28 de Nov. de 2011).
EliminarBom dia Maria Andrade,
EliminarPois nessa altura ainda não conhecia o seu blogue... mas sim o processo da calcinação é igual, ossos e casca de arroz, só que com os ossos, por obter uma pasta com menos sílica e mais cálcio, torna-a mais macia. Sim senhor, parabéns e obrigado.
Cumpts, jsaraiva
Agradeço-lhe, J. Saraiva, ter aqui vindo acrescentar mais um pormenor interessante que eu desconhecia. Efetivamente, intrigava-me que a "bone china" fosse considerada uma porcelana de pasta mole, ou pasta tenra (soft paste), mas agora já sei porquê.
EliminarTenha um bom domingo.
Thank You for the fabulous picture tour... I'm a big fan of oriental china ... Imari is one of my favourites... Your posts are always so enlightening for me ....Hugs
ResponderEliminarThanks,Zaa,for your nice words.
EliminarWe seem to have similar tastes, maybe we're birds of the same feather... ;)
Hugs
Ainda não tinha lido este. As imagens são lindas e é visível o teu gosto ( e bom gosto) por estas peças. Continua!
ResponderEliminarMuito obrigada pela visita, Lagartinha.
EliminarHoje, pelo menos aqui, não estás nada rabugenta! :)
Beijos