terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Em Dia de Reis, fragmentos de Natal


 "Fragmentos de Natal" foi o nome dado à última exposição temporária do Museu Nacional de Machado de Castro. Deparei com ela por acaso numa ida ao museu, pelo que não deve ter sido muito divulgada, mas apesar de pequena, demorei-me um bom bocado a apreciar e a fotografar as peças, só que, fotografadas com telemóvel... :(

Cavalgada ou Cortejo dos Reis Magos
São pequenas esculturas em terracota, todas datadas do séc. XVIII, muito apelativas pela perfeição das formas apesar da pequenez à escala de presépio, sendo a mais espetacular a Cavalgada, um magnífico conjunto de figuras da autoria de António Ferreira. Terão feito parte de presépios ou de outros contextos sacros e agora, descontextualizadas, figuras avulsas, estão guardadas nas reservas do museu. Apenas a Cavalgada já fez parte, quanto a mim justificadamente, da exposição permanente, mas acabou por se juntar às restantes.

Rei Mago adorando o Menino 
Eu, que sempre gostei dos presépios com figurinhas de barro, fico embevecida a olhar para a perfeição destas pequenas esculturas, concebidas para ricos presépios de igrejas ou conventos, destinados a encantarem toda uma comunidade de fiéis, crianças e adultos.

Reis Magos 
Grupo de camponeses
E lá me vem à mente o nome de Machado de Castro, o mais conhecido autor de presépios em terracota, ilustre patrono deste museu.


Sagrada Família

Fuga para o Egipto
Esta Fuga para o Egipto proveniente do Convento do Louriçal surpreendeu-me e encantou-me pelo inesperado da cena. Confesso a minha ignorância nestas matérias, mas a verdade é que nunca tinha visto uma representação da Sagrada Família a fugir de barco para o Egito!!! Só conhecia o burro ou jumento como meio de transporte, mas realmente podiam ter ido de barco. Uma delícia!
Hoje era o último dia da exposição e por isso, já que as peças vão de novo ficar arredadas dos olhos do público,  aqui deixo esta amostra, muito pouco elaborada, para apreciadores como eu destas pequenas grandes coisas.

8 comentários:

  1. Curiosamente, só S. Mateus, ao que parece, é que refere a fuga para o Egipto, os outros Evangelistas nada dizem...
    Mas a pequena peça escultórica, além de singular, é lindíssima.
    E o que também achei curioso foi a atmosfera de alegria da maior parte das figuras. Normalmente a nossa imaginária religiosa é muito neutra de expressões. Um belíssimo poste, Maria.
    Boa noite!

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    1. É verdade, APS, as figuras são todas muito expressivas, em particular o grande grupo escultórico da Cavalgada e também o grupo de camponeses, sendo este um dos dois que estavam expostos. Mas esta tríade de José, Maria e Menino a fugir de barco foi para mim uma agradável surpresa. Não sabia que só um dos Evangelistas tinha referido a fuga, mas agora quero ir ver em que termos o faz.
      Obrigada e um bom resto de dia.

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  2. Ainda bem que aqui colocou estas peças de arte, pois sempre é bom saber o que vai existindo, restos de antigas histórias.
    Porque, afinal, devem ter existido muito presépios destruídos, quer por terramotos, quer pela barbárie provocada pelas invasões francesas, a dessacralização da propriedade religiosa, no final da guerra civil, quer pelo esquecimento, dado o pouco valor que em alguma época lhe devem ter dado, ou mesmo pelo descuido de gente pouco sapiente ou conhecedora do valor que tais peças possuem como testemunho de uma época, para não falar do seu valor artístico.
    Eu próprio tenho duas figuras (anjos) em terracota, preciosamente esculpidas e decoradas, que, segundo a tradição, terão pertencido a um presépio executado pela escola de Machado de Castro.
    Deste presépio ainda conheço a existência da figura de Maria e de José, mas todo o restante desapareceu durante o terramoto de 1755.
    Mais um conjunto que se perdeu, ficando só figuras avulso espalhadas.
    Sei que me dá gosto ter estas duas peças, mas teria preferido que estivessem no seu devido lugar, para onde, afinal, foram concebidas (gosto muitas vezes de acreditar que estariam dentro de uma maquineta, rodeando o espaço onde se encontrariam as figuras principais, mas é só uma quimera, pois não faço nem ideia).
    Uma boa semana
    Manel

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    1. Manel,
      Imagino o prazer que lhe dá conviver com esses dois pequenos anjos, vindos de um conjunto antigo de esculturas de presépio. Não tenho nenhuma peça assim antiga, mas guardo com ternura as toscas figurinhas de presépio de barro que me encantaram na infância, mais tarde aos meus filhos e agora ao(s) meu(s) neto(s). Deve ser essa ligação à infância que nos faz apreciar tanto as pequenas figuras de barro ou de terracota.
      A passagem do tempo, por vicissitudes várias, tem sempre um efeito nefasto sobre os objetos, umas vezes destruindo-os, outras mutilando-os, outras retirando-lhes sentido ao desfazer os conjuntos em que estavam integrados. Quando se trata de peças pequenas como as figuras de presépio, mais fácil se torna o desaparecimento e a dispersão. Mas felizmente, para nosso deleite, conservam-se alguns presépios históricos como testemunhos dessa arte.
      Obrigada e um bom resto de semana também para si.

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  3. Dear Maria A.
    such nativities spread a real feeling for Christmas. I love the detailed work, a real treasure. I wish you a Happy New Year with all blessings you need.
    Best greetings, Johanna

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    1. Dear Johanna
      I've just used Google Translator in German to check if it helped you understand the text... and I think it did!
      You're right about these antique crib sculptures and I'm glad you enjoyed seeing them!
      All the best in 2015 for you and your family and thanks for the visit and for your wishes. Hugs

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  4. Querida Maria. Andrade.

    Paz e Alegria sempre.

    Olha só, não tive coragem de olhar este seu post todo. Deu-me um arrepio só de começar... É que estou sem tempo e stas peças devem ser apreciadas com toda atenção possível porque elas merecem isto e muito mais. As Musas e a Inspiração Divina existem mesmo.

    Depois volto com o coração aquietado para contemplar estas cenas.

    Esta semana tomei vergonha,e parti para o Rio e para a Floresta da Tijuca: Museu do Açude. Adorei tudo que lá está, mas senti um certo vazio (de pratos, outras louças...) Isto por que criei uma expectativa para além dos azulejos (DIVINOS) e dos vasos da FSAP (maioria) divinais igualmente. Queria ter encontrado um pouco das Louças que vejo neste seu Blog e de outros colegas. Daí este tal vazio. Que certamente se preencherá se algum dia eu visitar os museus de louças do Velho Portugal.

    Postei umas peças de aquisição recente, mas não deu para colocar tudo. A pilha acabou. Foi até bom porque a mistura seria ainda maior.

    Um abraço.

    ab

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    1. Obrigada pela sua visita, Amarildo. Gostei de saber que finalmente teve hipótese de ir até ao Museu do Açude, embora sem se ter regalado com as loiças portuguesas que tanto aprecia. Para isso, tem mesmo que vir cá um dia! Temos vários museus onde eu não me canso de ir só para ver a coleção de cerâmica :)
      Volte então aqui quando quiser e puder para apreciar melhor, este poste e o anterior.
      Um abraço

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