Estes pequenos pratos de faiança, destinados às crianças, foram fabricados em Inglaterra, nas oficinas de Staffordshire durante o séc XIX.
Ao contrário do que possa parecer, não se destinavam às refeições dos mais pequenos; eram sim prendas ou prémios oferecidos aos meninos e meninas que tinham bom comportamento na
Sunday School, a escola dominical que nós chamamos catequese. Apresentam litografias com motivos muito variados, desde alegorias de virtudes, a cenas de histórias infantis, ilustração de provérbios, orações e máximas com fundo moral. Alguns também são chamados
ABC plates porque mostram o abecedário à volta da aba.
Este foi o primeiro que encontrei, numa ida a Lisboa. Já não me lembro se foi na Feira da Ladra ou numa das feiras da Linha. Achei-o uma delícia e estava impecável, mas numa ida a Londres quis levá-lo para mostrar num
Antiques Roadshow - aquelas feiras que a BBC transmite em que as pessoas levam peças para identificar e avaliar - e nas voltas pelo metro acabei por bater com ele e parti-o. Já está colado mas foi uma pena. Apresenta como legenda
Children in the Wood e tem a ver com uma história de crianças que andaram perdidas num bosque, o que foi um motivo recorrente também na faiança azul e branca (tenho um prato Davenport com o mesmo motivo).
Deve ser dos anos 30 ou 40 do séc. XIX.
Este outro é a imagem da fidelidade, o cão fiel a olhar com doçura para a infeliz dona menina. Tem a particularidade de ter como legenda não só
FIDELITY mas também
1851 EXHIBITION , referindo-se à Grande Exposição Industrial de 1851 em Londres. É certamente um dos produtos que foram especialmente fabricados para figurar nessa exposição.
Finalmente este, o maior dos três mas muito manchado, mostra uma cena ternurenta de uma criança deitada, com dois anjos à cabeceira, e à volta, uma oração da noite. Diz o seguinte:
I lay my body down to sleep
Let angels guard my head
And through the hours of darkness keep
Their watch around my bed.
ou seja, em tradução um pouco livre para manter a rima,
Deito o meu corpo para dormir
Que os anjos me velem à cabeceira
E durante as horas de escuridão
Façam vigília à minha beira.
Lindo, não é?
Ola Maria Andrade,
ResponderEliminarQue pratinhos LINDOS!!! Foi realmente uma pena o acidente no Metro em Londres mas não me espanta, com tanta confusão e em carruagens tão apertadas é mesmo muito normal que tal tenha acontecido...
Chegou a mostra-lo no Roadshow? Fiquei dois anos em Inglaterra. Adorava esses programas. Ainda não me dedicava ao assunto na altura, mas o "bixinho" ja cá morava... lol
Quanto aos meus blogs, sim o "Armazem de Velherias" é um deles mas existe tambem o "armazemdepaixoes.blogspot.com" e o mais antigo que tem mais peças é o "lojinhadocampo.blogspot.com", se ainda não conhece, dê uma vista de olhos... são todos diferentes com um denominador comum "Velharias".
Um Abraço Maria Andrade sem "D." lol e continue a mostrar coisas lindas e a surpreender...
Marília Marques
Olá Marília,
ResponderEliminarSim, cheguei a mostrar o pratinho no Roadshow, ao guru das cerâmicas John Sandon.
Eu sabia q o Roadshow naquele fim de semana estava em Londres, em Banqueting House, e destinei logo uma manhã para lá ir, com o meu marido. Foi uma emoção ver os bastidores do programa, que tenho seguido religiosamente pela TV cabo, ver todos aqueles peritos nas várias áreas das antiguidades, ao vivo e a cores, recolhi autógrafos, enfim, fiquei de papinho cheio.
Sabe q Londres é a minha capital europeia de eleição, a seguir a Lisboa ... claro (LOL).
Então no domínio das velharias e antiguidades, encontra-se de tudo, de todo o mundo. Como a minha área de formação é das línguas germânicas,inglês sobretudo, movimento-me lá como se estivesse em casa. Conheço várias feiras para além da mítica Portobello Road, já sei onde se compra mais barato, etc. mas também compro muito cá, sobretudo coisas q conheço mas q outras pessoas não valorizam.
Vou espreitar os seus outros blogues. Obrigada.
Um abraço,
Maria A.
Cara Maria Andrade.
ResponderEliminarOs pratos são de facto uma graça e achei muito interessante ter explicado, que eram “prendas ou prémios oferecidos aos meninos e meninas que tinham bom comportamento na Sunday School, a escola dominical, que nós chamamos catequese”. Sempre me irritou aquela gente dos catálogos de arte, que descreve as obras até à exaustão e não explicam o mais importante, o significado da peça. Ainda bem que não comete esse erro.
Parece que nesta pequena comunidade de blogs andamos mais ou menos sincronizados. Por coincidência, ontem, vi no lixo, perto da minha casa, o recheio inteiro da casa de uma velhinha, que deve ter morrido há pouco tempo. Roupa de cama, panelas, copos de plástico, roupa velha e no meio de tudo aquilo um prato da Vista Alegre, com motivos infantis muito engraçados e uma inscrição, que dizia, “ Prato da Menina”. Virei o prato e tinha uma marca da Vista Alegre dos anos vinte. Provavelmente, a fábrica de Ílhavo inspirou-se nos nursery plates dos ingleses.
Ainda pensei levar o prato comigo e coloca-lo perto da cama da minha filha. Mas a minha casa está tão cheia, que decidi deixa-lo onde estava. Mas, parti amargurado, a pensar na velhinha que guardou durante tantos anos e com tanto desvelo o prato da sua meninice e agora acabou tudo no lixo.
Enfim, já estou como a Maria Isabel, a fugir ao assunto e partir noutras direcções.
Sugeria só a Maria Andrade que colocasse imagens das marcas dos pratos, pois dá sempre jeito aos amantes de faiança, pois a partir das suas peças, poderão indentificar pratos ou travessas com o mesmo motivo, que não estejam marcadas.
Abraços,
Luís
Já agora, como é que consegue que todas suas fotografias sejam ampliáveis, quando se clica nelas?
ResponderEliminarNo meu blog só consigo que a primeira imagem seja ampliável. Enfim, estes electrodomésticos modernos dão-nos cabo do juizo.
Olhe, Luís, estou a ficar rendida ao "seu" Ruby Lane. Não o usava muito, mas ainda agora a propósito dos "nursery plates", fui lá encontrar 7 páginas destes pratinhos na secção "Childhood Antiques". Eu não mostrei a marca, pura e simplesmente porq não têm nenhuma, porq esse é um aspecto q eu também valorizo muito. São fabrico de Staffordshire das centenas de olarias q por lá proliferaram durante a Revolução Industrial, numa zona q passou a ser conhecida por "The Potteries".
ResponderEliminarQuanto à ampliação, não faço nada de especial: depois de clicar em inserir imagem, escolho o ficheiro onde tenho as fotos e depois é só adicionar seleccionada(s). O q eu gostava de aprender a fazer era o q faz o Fábio Carvalho no Porcelana Brasil, em q sobrepõe a marca num canto da fotografia de cada peça. Mas isso já é muito à frente... Deve ser com o photoshop.
Não esquecendo a história triste da velhinha cujos pequenos tesouros foram parar ao lixo (quem sabe o q acontecerá aos nossos...)acho q foi pena não ter levado o prato VA para casa, podia ser q a sua filha gostasse dele. Pelo menos salvava-se um exemplar q daqui a uns tempos pode ser raro.
Um abraço,
Maria A.
Cara Maria Andrade
ResponderEliminarO Rubylane é espantoso para identificação de antiguidades inglesas, francesas, italianas ou alemãs e as entradas das peças são sempre muito completas e esclarecedoras. O meu amigo Manel que coleccciona muito faiança inglesa do século XIX não o dispensa e eu também não.
Há-se experimentar também uma secção do Rubylane muito engraçada o "What’s This", onde você pode enviar fotografias de peças suas e que eles ajudam a identifica-las. Eu enviei-lhes a imagem de uma figurinha em biscuit, que já suspeitava ser alemã, da célebre firma Heubach e eles deram-me uma resposta muito engraçada, que transcrevi no post http://velhariasdoluis.blogspot.com/2009/10/piano-baby.html
O esquema do meu blog é aliás um bocadinho influenciado pelo Rubylane.
Abraços
Luís