terça-feira, 23 de novembro de 2010

Jarra de altar em faiança



Esta jarra de altar em faiança portuguesa, creio que de início do séc. XIX, foi comprada num antiquário na Figueira da Foz, a preço de saldo por lhe faltar um bocado na aba da abertura. Como não tinha aí qualquer decoração, mandei-a restaurar em Coimbra e fiquei muito satisfeita com o resultado. É certo que paguei pelo restauro o dobro do que dei pela jarra, mas mesmo assim não foi muito e valeu a pena porque adoro a peça.


O modelo desta jarra encontra-se muito em faiança de Miragaia, mas com motivos a azul e branco, de que se podem ver exemplares  na Igreja de S. Pedro de Miragaia, por exemplo. Já vi esta decoração em terrinas e é-lhes atribuído fabrico do Norte. No Museu Municipal de Viana do Castelo numa das vitrinas de loiça de Viana, há um jarro com um  motivo semelhante,  grinalda de flores e de pássaros nos mesmos tons, e se não estou em erro é fabrico de final do séc. XVIII.


Pode ser que alguém neste mundo virtual conheça o motivo e possa dar mais umas dicas sobre esta jarra de faiança, que só ficaria a ganhar se tivesse o par, mas enfim, não se pode pedir demais à vida...

Chávena do Museu de Alberto Sampaio datada dos Séc. XVIII-XIX


Par de jarras de fabrico atribuível a Miragaia ou a Santo António de Vale da Piedade
(MdS Leilões)

16 comentários:

  1. Olá Maria Andrade
    Muito bonita, esta sua jarra de altar.Tenho pena de não a poder ajudar a identificar, mas sabe que não sou grande conhecedora destes assuntos. Para já, sou só apreciadora. Talvez um dia, com o que vou aprendendo, neste mundo virtual, quem sabe... :)

    Em relação aos restauros,também sou cautelosa e sinto-me sempre dividida. Para além dos preços consideráveis, tenho sempre receio, que a peça perca a pátina do tempo. Há uns anos, mandei restaurar um pequeno resplendor,que comprei por um preço simbólico, e paguei bastante. Mas o entusiasmo era tanto, que não hesitei. Quando o fui buscar, fiquei um pouco desiludida pois achei-o demasiado dourado.
    Um abraço para si
    Maria Paula

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  2. Olá Maria Paula,
    Concordo consigo, se há coisa q me desagrada nos restauros são os dourados, demasiado amarelos e brilhantes.É certo q acabam por envelhecer com o tempo, mas mesmo assim, o impacto inicial é desagradável.Nesta jarra não corria grande risco, porque só foi mexida á volta da boca e a decoração ficou toda original. Tinham-me aconselhado a cortá-la a toda a volta de forma a desaparecer a falta q tinha, mas isso alterava-lhe a forma original e também sou contra esse tipo de arranjos. Neste caso dou por bem empregue o dinheiro que dei, 20€.
    Um abraço e volte sempre

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  3. Olá Maria Andrade
    Parabéns, a sua jarra de altar é peça rara.
    Seguramente está certa na dedução, foi fabricada nos finais do século XVIII.
    A fábrica?
    Pois!
    Curiosamente não me inclino para Miragaia porque não conheço desta fábrica nenhum motivo pintado a vinhático. Esse tom foi usado por Fervença, apesar de todos reconhecermos facilmente os laranjas e verde alface num vidrado único.
    Resta-me Coimbra, explico.
    O Brioso pintou um pássaro muito semelhante a este todo em azul num prato branco, peça patente num Museu.
    O vinhático a meio tinta era característico na sua pintura.Por fim os esponjados por ele iniciados e nos "RATINHOS" foram imortalizados.
    Sou suspeita.Seguramente para mim é faiança de Coimbra, pelo porte, elegância e pintura bem distribuída. Nesta época as peças eram muito grosseiras, algumas tortas e com muita porosidade na textura da massa.
    Revela um gosto nas suas aquisições com um cunho especial.
    Beijos
    Isabel

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  4. Olá Maria Isabel,
    Obrigada pelo seu simpático comentário. Como vê acrescentei aqui peças que têm afinidades com a minha jarra, mas quanto ao local de fabrico, ao certo ao certo...niente. Continuamos na mesma e resta-nos ir procurando por livros,leilões, exposições e museus.
    Quanto ao termo vinhático q usa, não é uma cor, é uma madeira brasileira q se usou muito para fazer mobiliário, por acaso a minha cama é dessa madeira e também tenho uma mesa de bufete com o tampo em vinhático. Deve querer dizer vinoso, cor de vinho, que foi utilizado por muitas fábricas de faiança, incluindo Brioso, Miragaia e Santo António de Vale da Piedade - há ilustrações nos livros de Artur de Sandão q o atestam.
    Bem, por aqui continuamos com estas trocas de opiniões e este estudo contínuo das nossas peças, a favor de um maior conhecimento da faiança portuguesa.
    Beijos

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  5. O máximo que posso fazer por si é afirmar-lhe que gosto da jarra, mas não tenho opinião nenhuma sobre o fabricante. Talvez me incline para o Norte, mas mais sugestionado pelo seu texto do que por outra coisa. Faltam muitos estudos sobre faiança portuguesa para podermos fazer atribuições com propriedade.

    Abraço

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  6. Antes de mais felicito-a pela aquisição da peça, que é lindíssima.
    Quanto ao seu restauro parece-me ter sido feliz, pois, pelas fotos que apresenta, não se dá conta de qualquer alteração do brilho do vidrado nem da cor de base da pasta, algo muito comum nos restauros pouco cuidados.
    Aliás, estas alterações na cor soem aparecer alguns anos depois da intervenção devido à alteração cromática que aparece pela reacção da luz com os pigmentos e camadas protectoras utilizadas, por isso se recomenda que não se exponham a partes intervencionadas a luzes muito intensas.
    E pelo preço que pagou, esse restauro ficou-lhe praticamente dado, tenho pago quantias bastante superiores.
    A peça, tal como a Maria Andrade sugere, e o Luís também supõe, parece-me ser de manufactura do Norte. Não me custaria nada vê-la associada a Miragaia, por exemplo.
    Quanto ao vinhático, é efectivamente uma madeira que corresponde à proveniente não de uma, mas de várias famílias de árvores, algumas das quais (sobretudo a da família das Mimosaceae) oriundas do Brasil, mas, e curiosamente, também de outra família, a das Lauraceae, proveniente da Macaronésia, onde pode ser encontrada nas Ilhas da Madeira, Açores e Canárias.
    O proveniente da Madeira (da Laurissilva do vinhático e do til) foi especialmente famoso (hoje, felizmente, é uma espécia protegida) por ter sido extensamente explorado e exportado para Inglaterra, onde era conhecida como "Mogno da Madeira".
    Algo do nosso dito vinhático tem esta origem, e não do Brasil.
    Um bom final de semana
    Manel

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  7. Olá Luís,
    Obrigada pelo seu comentário.
    Já agora, como veterano que já é neste mundo de blogues, queria pôr-lhe uma questão sobre as visualizações. Vejo nas estatísticas q tenho visualizações de todo o mundo, isto é,de todos os continentes, o q não me surpreende porq há portugueses e brasileiros por todo o lado. O q me intriga é quando vêm em magotes do mesmo sítio. Por exemplo, esta noite tive 16 visualizações da Holanda pela 1ª vez, já tive 10 de França de uma vez só e eu não sei como é feita essa contabilidade.
    Sabe-me dizer alguma coisa sobre isto?
    Abraços

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  8. Olá Manel,
    Mais um comentário cheio de informações úteis q agradeço.
    O restauro foi realmente bem conseguido e ficou muito em conta, penso q foi usada uma técnica simples, a frio, e a pessoa q o fez não faz disto modo de vida. Espero q seja durável, pelo menos vou evitar expor a peça a muita luz e calor e, claro, não pode ser lavada. Também eu já dei dez vezes mais por um restauro semelhante numa peça maior, mas já foi há uns anos com uma técnica diferente, mais complicada.
    Quanto ao vinhático, não sabia q existem várias espécies, mas a verdade é q é vulgarmente conhecido como madeira brasileira, mesmo por vendedores ou restauradores de móveis.O próprio dicionário da Porto Editora o define como "Árvore do Brasil pertencente à fam. das Leguminosas...", mas tenho uma vaga ideia de já o ter visto associado aos Açores. É claro q os seus conhecimentos são de outro nível, penso q terá tido formação específica sobre madeiras durante o curso de Arquitectura e por isso nos trouxe toda esta mais-valia de informação.Será um caso semelhante ao do pau-santo, a madeira dos Jesuítas, q os ingleses chamam "rosewood" e se refere, tanto quanto eu sei, leiga na matéria, a várias espécies, quer do Brasil, quer do sub-continente indiano.
    Um bom fim-de-semana também para si.

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  9. Como bem disse há portugueses em qualquer lado do mundo. Ainda há uns tempos tive um e-mail duma Senhora portuguesa que vive nos EUA e adora antiguidades, mas como está ali desterrada, gosta de ver as coisas do meu blog.

    Por outro lado o seu blog está indexado no google e como tal pode surgir a quem esteja na Holanda ou França e faça pesquisa por palavras chaves, que a Maria Clara escreveu no seu blog, como kraakporselein ou kinderplates ou outro termo qualquer em inglês, francês que tenha escrito no blog.

    Quantas vezes não lhe aconteceu já no meio das suas pesquisas ir parar a um site francês, croata ou alemão?

    Não sei se fui claro

    Abraços

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  10. Ah, é verdade, o Manel faz restauro de móveis como passatempo e por isso sabe tanto de madeiras. Ele que me desculpe por responder por ele.

    Abraço

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  11. Em arquitectura não tive qualquer formação na área das madeiras, nem creio que exista, com excepção, possivelmente, nas vertentes paisagística ou de interiores, onde, julgo, este conhecimento será relevante.
    Tal como o Luís comentou, o restauro do mobiliário é um dos meus hobbys de longa data, fruto da paixão pelas madeiras e pelo seu restauro, associado a um gosto pela história da arte, e do mobiliário em particular.
    Acabei por fazer investigação dentro destes campos e, após passagem pela escola orientada pela Fundação Ricardo Espírito Santo (julgo, no entanto, que eles estão mais interessados na produção de réplicas), resolvi que queria mesmo enveredar por este ramo do restauro, mas a falta de tempo deixa-me os movimentos algo limitados; o que me interessaria mesmo seria aprofundar os meus conhecimentos e sair do país, levando a cabo investigação dentro do ramo, o que, aliás, ainda espero conseguir fazer num futuro que espero não muito longínquo.
    No entanto, e em colaboração com um ou outro profissional no ramo, mas, sobretudo, lendo tudo o que me pareça relevante, a pouco e pouco, vou desenvolvendo alguma acção neste eclético e apaixonante ramo, a qual tem sido morosa e condicionda pela pouca disponibilidade, mas confesso que já foi pior.
    Manel

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  12. Depois de aprovar o comentário dei conta do plural "hobbys", que deveria ter saído "hobbies" ... paciência! Não é importante, mas sou algo maníaco, e custa-me ver escrito algo que sei não estar correcto!
    Manel

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  13. Luís, agradeço a sua resposta, q foi muito clara, só q não era aí q residia a minha dúvida. Como frequentadora assídua da internet sei por experiência própria q as coisas se passam tal como o Luís descreveu, mas a minha questão é sobre a maneira como é feita a contagem das visualizações. Isto porq acho estranho q haja 16 visitas reais à mesma hora, vindas de um país q nem sequer é muito populoso, a Holanda, e de onde antes não tinha tido qualquer visualização. Mas isto não tem nenhuma importância, é só uma questão de curiosidade e por isso não se preocupe mais com o assunto.
    Abraços e boa semana de trabalho.

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  14. Também se pode dar o caso de alguém num blog qualquer ter feito um link a uma imagem sua. Assim, cada visualização do "boneco" ná página dele significa uma visita ao seu site.

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  15. Sabe, Manel, acho o seu hobby bem interessante. Dar nova vida a móveis de madeira já baços e degradados, às vezes já atacados pelos xilófagos, recuperar formas já incompletas, dar-lhes brilho, causa às vezes mudanças tão dramáticas nos objectos, recuperando o aspecto original, que penso ser das coisas mais aliciantes na área do restauro. O meu marido também gosta de fazer uns arranjos em madeiras, mas tudo muito superficial, limpeza, acabamento a cera e pouco mais, porq não tem conhecimentos para ir mais longe.Como gostamos de móveis antigos, já mandámos restaurar um ou outro. Um deles, a mesa de bufete de q já falei, do séc. XVIII segundo nos disse o restaurador, foi construída com várias madeiras, vinhático, pau-santo e nogueira, o q parece q era habitual naquela época.
    Continuamos aqui a descobrir todos muitos interesses em comum e também partilho consigo essa mania q é a intolerância ao nosso próprio erro ortográfico e a necessidade urgente de o corrigir ... se detectado a tempo, porq alguns comentários são muito traiçoeiros ...(LOL), mas os cometidos por outras pessoas em escritos informais como estes da blogosfera não me incomodam minimamente...
    Abraços e boa semana também para si.

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  16. Luís, então deve ser mesmo isso q acontece de vez em quando, porq também já aconteceu com visualizações de outros países.
    Mais uma vez, obrigada.

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