quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mais um beiral com telhas de faiança

Já aqui mostrei beirais pintados que fotografei em Coimbra, no Porto e na Mealhada.


Agora descobri mais um no Concelho de Anadia, na pequena aldeia de Grada. São telhas de beiral ou telhões com desenhos de pássaros, três em cada uma, diferentes de todas as que eu já tinha visto e fotografado.


A casa, um edifício do século XIX com a fachada revestida a azulejos, fica num largo que é um cruzamento de estradas no centro da aldeia e talvez por isso, pela necessidade de prestar atenção ao trânsito no local, nunca tinha dado pelo belo beiral nas vezes em que ali passei.
Além disso, o acesso visual às telhas, estando-se muito próximo, é dificultado por caleiras e pelo arvoredo de um pequeno jardim fronteiro à fachada principal e por isso também tive dificuldade em as fotografar.


O largo onde este edifício se situa tem o nome de Barão de Recardães, o título que foi concedido por D. Luís, em 1876, ao primitivo proprietário da casa, José Cerveira de Melo.


Tenho andado a tentar investigar sobre este José Cerveira de Melo porque um trisavô do meu marido, natural da aldeia de Sernadelo, vizinha de Grada, teve um irmão com esse nome, nascido em 1818. Ainda não consegui encontrar provas da ligação, mas é apenas uma curiosidade familiar.
Este foi o primeiro e o último Barão de Recardães já que ninguém lhe herdou o título, certamente atribuído por algum serviço prestado no país ou nas relações com o Brasil, o que era comum à época.
Faz-me lembrar o dito satírico de Garrett a propósito da proliferação de títulos de barão e visconde durante o liberalismo: "Foge cão, que te fazem barão! Para onde, se me fazem visconde?"

7 comentários:

  1. Olá Maria Andrade.
    Desculpe a franqueza, sou terrivelmente observadora. Julgo que esta casa jamais me escaparia se vivesse a 2 km dela.Perdoe-me, sem maldade.
    Desde que me lembro que sou vidrada em casas senhoriais e de outros valores arquitectónicos de valor.
    Os meus pais poderiam ter tido uma casa desta envergadura, se o meu avô paterno endinheirado e pedreiro a tivesse feito 2º a planta.

    O padre que casou os meus pais era do Luso e tinha o apelido de Melo, gordissimo. Também um advogado que viveu e casou em Ansião era desses lados e tinha o mesmo apelido. O que quer dizer que provinham de gentes abastadas.Gente muito afável.

    Adorei o requinte das telhas.Fascinante. Não me importava nada de ter uma assim.A zona onde vive tem nas redondezas muito casario de requinte, desde chalets, arte nova, solares, etc, um deleite para o olhar.

    Beijos
    Isabel

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  2. Ó Maria Isabel, sinceramente, deve ter lido o meu post em diagonal! :)
    Então acha que eu não tinha reparado na casa? Sou distraída, mas não tanto!
    Não me tinha apercebido somente dos beirais, pelas razões que já expus. E quando se vai de carro, num cruzamento sem semáforos, não convém propriamente andar a olhar para os beirais...
    Já aqui acrescentei uma fotografia onde se vê bem toda a fachada e lá estão as caleiras a tapar as telhas.
    Como já deve ter dado para notar, sou grande apreciadora e defensora do nosso património construído, com valor arquitetónico ou outro, e realmente aqui na zona há muitos motivos de interesse. Outro lugar aqui próximo que referiu, o Luso, tem também bonitos edifícios termais, muitos chalés e palacetes, para já não falar do Bussaco com o magnífico Hotel Palace e as capelas e ermidas espalhadas pela mata. Só em azulejos há lá um património riquíssimo.
    Tem que vir para estes lados fazer turismo, em vez de ir para os Algarves...
    Beijos

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  3. Os beirais com telhas de faiança que tem mostrado são belissímos, para além de invulgares. Este, então, com as aves é um mimo. Pena tenho que, por Lisboa e arredores, não se encontrem beirais com essas características, típicas do Norte. É evidente que existem outras curiosidades. Tenho andado numa de pesquisa fotográfica pelas fachadas de prédios, janelas, portas e afins. Um dia destes tenho que ir para a zona de Marvila que é riquissíma, principalmente em palácios (com novas funções)e que tanto me entristecem com o estado de abandono a que estão votados.
    Cumprimentos
    if.

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  4. Cara IF,
    Não imagina o prazer que me dá descobrir e fotografar estes beirais de faiança. Para mim são tesouros que estiveram até há pouco tempo escondidos dos meus olhos, embora à vista de toda a gente... Já descobri mais dois no Porto, mas na altura não levava máquina, não os pude fotografar, fica para a próxima.
    Também já andei de gargalo no ar por Lisboa, mas cheguei à conclusão que por aí, como chove muito menos, os beirais são mais curtos ou inexistentes e não se justificaria o uso destas telhas. Mas há imensos motivos de interesse para fotografar nos prédios da nossa belíssima capital e também em muros e fontes, por isso tem pano para mangas para continuar essa pesquisa fotográfica. Também já reparei que na zona oriental se descobrem recantos com palácios meio escondidos e belas escadarias de azulejos.
    Há que fotografar enquanto não chega o camartelo... infelizmente para quem aprecia e gosta de preservar a nossa herança patrimonial edificada.
    Abraços

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Gostei muito da casa, com uma decoração que me parece característica da zona entre Coimbra e Aveiro.

    Os beirais são uma graça e recordam-me os azulejos de figura avulsa com o passarinho e as estrelas em cada canto. Este tema parece invadir toda a faiança e cerâmica, desde os azulejos, passando pelos pratos, até aos próprios beirais

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  7. É verdade, Luís, aqui na zona, entre Coimbra e Aveiro, há realmente muitas casas deste género, mas poucas com azulejos e sem, infelizmente, as graciosas telhas pintadas. Já andámos há dias a dar um volta por várias aldeias e também em Águeda e ainda não descobrimos mais nenhum beiral destes.
    É que agora tornou-se mais um motivo de interesse fazer o levantamento das várias decorações de telhas que se possam encontrar.

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