A Fundação Cargaleiro dispõe agora ali de dois edifícios: um palacete do século XVIII, onde funcionava o museu, e um edifício novo, construído de raiz, inaugurado em Julho deste ano.
Este, assente em socalcos, ficou muito bem integrado no casario da zona histórica de Castelo Branco, estando os quatro pisos construídos em três patamares ou terraços que lhes dão acesso a partir da rua.
Confesso que o que me levou lá foi a coleção de faiança ratinha de Manuel Cargaleiro, que eu sabia estar ali exposta, no palacete do séc. XVIII, e foi por aí que começámos a visita. Infelizmente o catálogo ainda não estava disponível e como se não pode tirar fotografias, fiquei sem imagens da coleção para aqui partilhar.
Estão ali várias dezenas de exemplares de pratos, alguidares e palanganas, produzidos ao longo de todo o século XIX e representando as várias famílias decorativas desta faiança rústica coimbrã, que estão assim classificadas: Pré-ratinhos (Brioso), Covo despojado, Figuração humana, Figuração zoomórfica, Penas de Pavão, Flor central, Flor lateral, Vegetação exuberante, Decoração fracionada, Decoração irradiante e Arquitetura.
Um dos últimos Ratinhos que comprei, um alguidar, que penso poder incluir-se nos de decoração irradiante. |
Este tipo de informação acompanha a exposição em textos murais e há ali dados muito relevantes para apreciadores e colecionadores, que eu espero venham a integrar o catálogo.Para além das faianças Ratinho, há uma sala com um conjunto de magníficos exemplares de faiança trianeira, isto é, produzida no bairro de Triana, Sevilha, em época contemporânea dos nosso Ratinhos e com uma paleta de cores semelhante.
Entrando-se por esta porta do novo edifício, podemos apreciar obra cerâmica contemporânea, não só de Manuel Cargaleiro que nesta área se notabilizou sobretudo em Itália, trabalhando em Vietri Sul Mare, mas também de outros ceramistas notáveis encontrando-se ali, por exemplo, três obras cerâmicas de Picasso.
Há peças em Raku, em Celadon francês (as minhas preferidas), belíssimas garrafas em porcelana, também francesas, e muitos outros tipos de cerâmica artística de autores que me eram desconhecidos.
A obra pictórica de Cargaleiro é bastante mais conhecida do que a cerâmica e também ali se encontram telas de vários dos seus períodos artísticos e também duas magníficas tapeçarias feitas a partir de cartões da sua autoria.
À saída, deambulando por aquelas ruas estreitinhas da encosta do Castelo, encontrámos muitos motivos de interesse nas cantarias de granito que guarnecem portas e janelas e, essas sim, já pude fotografar à vontade...
Vale muito a pena fazer uma viagem com destino a Castelo Branco!!!
Olá Maria
ResponderEliminarAinda bem que deu por bem empregue, quer o passeio, quer a visita ao Museu Cargaleiro. A exposição da obra do Mestre demonstra a sua evolução como pintor e as várias influências que foi absorvendo e transpondo para a sua obra.
Gostei imenso, para além de muitas outras peças, da pintura com que se inicia a visita - um portal antigo onde estão indicadas todas as freguesias do concelho.
Um abraço
if.
É verdade, If, essa também foi uma das minhas obras preferidas, a "porta da vizinha que eu nunca conheci" e eu devia tê-la referido no texto.
ResponderEliminarÉ efetivamente uma verdadeira porta de madeira já muito carcomida, e foi-me dito que foi encontrada nas ruínas de uma casa na vizinhança do museu. Então o Mestre Cargaleiro resolveu pintá-la e lá escreveu os nomes das freguesias do concelho de Castelo Branco.
Tem muito impacto logo na entrada e é bem um exemplo de até onde pode ir a criação artística....
Adorei ter feito toda aquela visita.
Abraços
Olhe, eu só suspiro.
ResponderEliminarSó vejo coisas para visitar e não tenho tempo para nada. Sou uma vítima das minhas rotinas. Fiquei cheio de vontade de visitar o museu e ver esses ratinhos fascinantes. Só espero que editem o catálogo rapidamente, embora como não vamos receber subsídio de Natal, teremos que esperar pela Feira do Livro em Abril para o comprar mais barato. Enfim, fiquei a suspirar pelos ratinhos e por perceber melhor o mistério que encerram
Não conheço, mas será destino numa próxima saída, pois nem está muito longe de Sousel.
ResponderEliminarMas a expectativa de ratinhos e quejandos abriu-me o apetite.
Obrigado pela partilha.
É curioso que tenhamos adquirido ratinhos muito parecidos ... também adquiri um há relativamente pouco tempo, que se assemelha muito a este que aqui apresenta! Andamos todos em círculo, numa homogeneidade de gostos!
Mas falta-me mais um para completar uma composição que estou a fazer ... lá chegarei um destes dias
Manel
Gracias María por venir a tomar el Té
ResponderEliminarConozco muy bien la cerámica de Triana y tengo varios platos y fuentes,siempre que voy a Sevilla me gusta comprar alguno más para colección
Un Beso
Olá Luís,
ResponderEliminarAcho que tem mesmo de programar uma ida a Castelo Branco. Afinal não fica assim tão longe de Lisboa e pode bem reservar um Sábado ou um Domingo para lá ir.
Mas já agora espere mais umas semanas para lá terem o catálogo porque acho que não vai ser caro e deve valer bem o dinheiro...
Já que as nossas casas e as nossas bolsas não comportam uma grande coleção de faiança, pelo menos vamos enchendo os olhos com boas coleções. alheias :)
Abraços
Olá Manel,
ResponderEliminarA intenção do post foi mesmo de divulgação, já que tudo aquilo me agradou muito.
Afinal do seu retiro alentejano até Castelo Branco não deve chegar a uma hora de viagem e para além da exposição de Ratinhos, todo aquele complexo com o novo edifício e respetivo conteúdo merece bem a visita. Mais a mais, a arquitetura será bem apreciada com os seus olhos de especialista...
Ratinhos do género deste meu, encontram-se com facilidade e não estão caros. Mas em conjunto podem resultar em belos efeitos decorativos.
Ainda esta tarde vi vários num antiquário em Coimbra, mas hoje não estava compradora...
Um abraço
Olá Princesa Nadie,
ResponderEliminarObrigada pela visita, embora o post de hoje não seja dedicado ao chá.
Parabéns pela tua coleção de faianças de Triana. Estas de que falo são do século XIX e são fabulosas, algumas de grandes dimensões.
A cidade de Castelo Branco fica perto da fronteira com Espanha e tem um centro histórico bonito que ficou mais rico com este novo museu de pintura e de cerâmica artística dedicado a um pintor português, Manuel Cargaleiro.
Pode ser que um dia possas vir visitá-lo.
Beijos
Muito Obrigada Maria Andrade por esta sua sugestão!
ResponderEliminarConto visitar o Museu Cargaleiro o mais breve possível.Deve ser realmente um manjar para os meus olhos ver tanto Ratinho junto!!!
Acho que me estou a apaixonar perdidamente por esta faiança.
Penso que se juntarmos o seu blog e o do Luis (velhariasdoluis)temos muito boa matéria sobre Ratinhos. Desde a imagem ao texto...é um encanto! Estão a formar um autêntico Museu Virtual!
Parabéns
Csobral
Minha cara C.Sobral,
EliminarMuito obrigada pelas suas palavras de apreço que são um grande incentivo vindo desse lado, de quem me visita e eu só conheço pelos comentários que aqui deixa.
Não se vai arrepender de fazer a visita ao Museu Cargaleiro. Espero que a exposição de Ratinhos ainda lá esteja, uma mostra a não perder para os amantes destas faianças rústicas portuguesas.
Só tenho pena de não ter conseguido o catálogo, pois ainda não estava pronto quando lá fui.
Talvez a Constança tenha mais sorte...
Volte sempre.
Um abraço
sou uma velha de 70 anos, desde sempre apaixonada por velharias, descobrir os vossos blogs foi uma bencao para mim.
ResponderEliminarObrigada
Maria Amaral
Cara Maria Amaral,
EliminarPermita-me que comece por discordar de si porque uma pessoa de 70 anos hoje em dia não se pode considerar velha. Tem a vantagem de ser mais sábia e de ter mais tempo livre para poder dedicar-se aos seus interesses...
Fico muito satisfeita por estes blogues lhe terem agradado. Volte sempre.
Cumprimentos