Já aqui mostrei, em Outubro do ano passado, galheteiros atribuíveis a Estremoz, mas por uma razão ou por outra, tardei a voltar a este tema.
Afirmei na altura que gosto especialmente destes objetos, mas não confessei que fiquei ainda mais encantada e motivada :) ao ver uma coleção de algumas dezenas na casa de uma familiar de pessoas amigas, no centro de Lisboa. Várias prateleiras com filas de galheteiros antigos de faiança... é uma vista magnífica!
Afirmei na altura que gosto especialmente destes objetos, mas não confessei que fiquei ainda mais encantada e motivada :) ao ver uma coleção de algumas dezenas na casa de uma familiar de pessoas amigas, no centro de Lisboa. Várias prateleiras com filas de galheteiros antigos de faiança... é uma vista magnífica!
Só que são objetos que resistem mal à passagem do tempo.
Sendo a faiança um material facilmente quebrável, o facto de estes recipientes servirem a azeite, tornando as superfícies viscosas e escorregadias ao manuseamento, agrava a probabilidade de queda e quebra. E não nos podemos esquecer que nos ambientes rurais a janta ou a ceia consistia em muitas casas invariavelmente no escorrido ou escoado, isto é batatas cozidas com hortaliça, uma postita de bacalhau ou outro peixe, quando o havia, e um fiozinho de azeite a alegrar o menu. E lá vinha o galheteiro, para muitos um luxo, diariamente para a mesa.
Tudo isto para dizer que o meu galheteiro de hoje está cheio de mazelas, de faltas e defeitos como dizem os catálogos das leiloeiras, mas está completo, o que nem sempre acontece.
Não tem qualquer marca e talvez por isso e pelas mazelas comprei-o a um preço convidativo, mas para quem conheça faiança de Viana e especificamente galheteiros de Viana do século XIX, a atribuição parece-me inevitável.
Não tem qualquer marca e talvez por isso e pelas mazelas comprei-o a um preço convidativo, mas para quem conheça faiança de Viana e especificamente galheteiros de Viana do século XIX, a atribuição parece-me inevitável.
A haste central com a pega em forma de lira (obrigada if) é muito caraterística, assim como o formato das galhetas, com o bico pronunciado e a tampa estilo boné.
Galheteiro fabrico de Darque-Viana, séc. XVIII/XIX, marcado com V, de um catálogo da leiloeira S. Domingos |
Pela decoração ao estilo neoclássico a vinoso, diria que se trata de fabrico do século XVIII, da primeira fase de produção da Fábrica de Viana que laborou em Darque de 1774 a 1855.
A estrutura da base é a mesma dos anteriores galheteiros que aqui vemos e novamente tem a pega da haste central em forma de lira, mas as pegas dos recipientes apresentam um belo formato em folha e não um simples botão, revelando uma preocupação em dar requinte aos pormenores que me parece apontar para as primeiras fases de fabrico de Darque.
Muito obrigada a esta estimada amiga por mais uma partilha que tanto veio enriquecer o post!
Olá Maria
ResponderEliminarO seu galheteiro é muito bonito e as formas, arredondadas e pequenas conferem-lhe um ar "mignon". A pega, em forma de lira, também é uma das características do fabrico de Viana para este tipo de peças. Chegarem praticamente intactas até aos nossos dias é uma sorte e uma raridade. Defeitos e mazelas não lhes tiram o encanto natural, próprio de peças que foram utilizadas, sentidas e acarinhadas.
Parabéns e obrigada pela sua partilha.
if
Obrigada, if, pelas achegas acerca do meu galheteiro, particularmente a referência à forma de lira da pega, que sinceramente não me tinha ocorrido - às vezes olhamos e não vemos :) - mas vou acrescentar ao texto.
EliminarÉ verdade que nestes objetos as mazelas não lhes retiram encanto, pelo menos aos olhos de apreciadores como nós...
Um abraço
Eu acho este tipo de conjunto uma graça, e o seu, todo em azul, com farta decoração, é belíssimo! E como já foi dito, incrível um conjunto ainda assim completo e inteiro. As faltas não me incomodam em nada!
ResponderEliminarO engraçado que a única vez que vi uma peça similar fabricada no Brasil, ela era de uma fábrica fundada por italianos! Não sei se na Itália também se produziam galheteiros como estes portugueses.
bjos
O Fábio é mais um apreciador de faiança e de faiança antiga, desta espécie de clube restrito :), por isso também não o incomodam nada os defeitos.
EliminarNão conheço galheteiros destes de fabrico italiano, mas agora que falou nisso vou tentar investigar na net (ups, só que não sei dizer galheteiro em italiano :), tenho que ir por tentativas)
Abraços
Galheteiro em italiano é "oliera". beijos!
EliminarAh! E o único galheteiro de fainaça antiga brasileiro que eu conheço, da fábrica fundada por italianos:
ResponderEliminarhttp://i12.photobucket.com/albums/a245/fabiocarvalho/porcelanabrasil/img04/p-zappi45.jpg
bjos
Obrigada, Fábio, pela ajuda com o termo italiano e pelo envio deste link, que já fui ver.
EliminarO galheteiro é lindo! Será faiança do séc. XIX? Fiquei com curiosidade em saber em que época foi fundada essa fábrica.
Beijos
Olá,
EliminarAquela peça é bem mais recente!! A Fábrica de Louças Zappi foi criada em 1918 e operou até 1960, ou um pouquinho mais.
A fabricação de faiança fina só começou no Brasil nos primeiros anos do século XX, e este atraso criou situações curiosas, como por exemplo, é possível encontrar peças com relevo moldado trigal ainda na década de 1950! E num caso em particular, até mesmo ainda na década de 1970!!
Se tiver curiosidade em ver mais peças da Zappi, suas páginas em meu site começam em:
http://www.porcelanabrasil.com.br/p-zappi.htm
bjos!
Adorei ver as peças Zappi e acabei por fazer mais umas incursões por outras páginas do Porcelana Brasil que ainda não tinha visitado. Constatei mais uma vez como o site é completo e que a coleção Site Porcelana Brasil é muito rica.
EliminarParabéns!
Obrigado! :-)
Eliminarb'jinhos
De facto, a Maria Andrade provou por A + B que o seu galheteiro é certamente de Viana.
ResponderEliminarO galheteiro da IF é deslumbrante!!!!!!!
Apreciei a explicação da importãncia no galheteiro numa época em que se comia muito menos carne que hoje. Julgo que é muito interessante a partir destes objectos fazer uma pequena história da alimentação e dos hábitos.
Beijos
Já estava a sentir a falta do seu comentário, Luís!
EliminarTenho visto muitos galheteiros deste género com a marca de Viana, por isso não é muito difícil dar palpites neste caso. :)
Mas o belo exemplar a vinoso tem um ar mais ancestral e outro requinte, não se nota ali o gosto popular dos dois anteriores... que não deixa de lhes dar muita graça!
Enfim, adorava ter uma grande coleção deles!!!
Beijos
Recomendo o seguinte livro sobre marcas de faiança portuguesa.
ResponderEliminarhttp://www.wook.pt/ficha/dicionario-marcas-de-faianca-e-porcelana-portuguesas/a/id/98304
Muito obrigada pela recomendação! Conheço a obra mas nunca a comprei já que tenho o "Marcas da Cerâmica Portuguesa" de José Queirós, publicado pela Livraria Estante Editora em 1987.
Eliminargostaria de colocar fotografias de um lindíssimo galheteiro que tenho mas não sei como fazê-lo ... algu+em me ajuda? obrigada
ResponderEliminarBoa tarde! Chego a este blog magnífico, bastante tarde mas, estou encantada, tanto pelas publicações como pelos comentários. Só tenho pena que as publicações pareçam ter cessado. Vou ler e reler as antigas! Muito obrigada.
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