segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Apontamentos Arte Nova na Curia - I

A estância termal da Curia iniciou a actividade regular na primeira década do séc. XX, a partir da constituição da Sociedade das Águas da Curia , em 1902, para exploração dos seus aquíferos.


Os primeiros edifícios termais eram construções muito precárias, primeiro meros barracões de madeira, que aos poucos foram sendo substituídos por edifícios mais sólidos, até aos definitivos, que ainda hoje vemos e que, apesar das remodelações que alguns têm sofrido no seu interior, mantêm a traça  original dos anos dez do séc. XX.

 Nesta década e na seguinte, deu-se também o grande surto de construções hoteleiras na Curia, tendo o seu edifício mais emblemático, o Palace Hotel da Curia, sido concluído, após sucessivas ampliações, em 1926.


Percebe-se, assim, por esta cronologia, que a arquitectura destes edifícios tenha sofrido influência, quer da estética Arte Nova, quer da emergente Arte Deco. Embora não  exista aqui um edifício tipicamente Arte Nova, como os que existem em Aveiro, por exemplo, encontram-se muitos elementos arquitectónicos que se filiam nesta corrente estética e artística e todo o complexo termal tem um ar muito Belle Époque.

O edifício da buvette, escrito à francesa, ostentando as datas de início e fim da obra, 1912-1914.
Varanda do edifício do Casino, agora desativado, sobre a colonnade, vendo-se rostos femininos como ornamento a sustentar mísulas

Portão da entrada principal do mesmo edifício com coleantes linhas orgânicas e motivos florais

Um dos dois vitrais que ladeiam o portão

Mostrarei outros edifícios da Curia, com elementos Arte Nova, em posts futuros com as mesmas etiquetas.

5 comentários:

  1. Olá Maria A.
    Adorei aqui reviver o cenário idílico da Curia!
    Há que séculos que lá não vou...
    Lembro-me do imenso lago, de lá andar de barco, dos frondosos jardins, do hotel e de outras casas castiças, os correios que sempre estiveram ligados à família,plantadas aqui e além...
    O tempo em que tudo esteve meio abandonado.
    Congratulo-me de ter sido restaurado sendo hoje uma referência tal como o foi no passado.
    Bem, quanto à arquitectura - Arte Nova, adoro, simplesmente, seja dos ferros forjados a mais eloquente para mim, uma graciosidade emblemática tão diferente da arte anterior, estática,muito direita com poucos floreados.
    Quanto aos vitrais, sempre me fascinaram, adoro os contrastes de cores nos vidrinhos de todos os tamanhos debruados a ferro, ou madeira...
    Gosto muito da ornamentação exterior gesso? que por ser um material mais maleável dá ao artista hipóteses infindáveis de imaginação e rara beleza na execução de colunas, varandins, colunatas, frisos de grinaldas... que confere ao monumental edifício um glamur único, de ficar pasmado!
    Beijos
    Isabel

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  2. Que lindas fotografias, cara Maria Andrade! Quem as tirou está de parabéns!

    Há décadas a fio que ando para visitar as termas da Cúria, mas há qualquer inércia em mim, que me prende as pernas nesta cidade de loucos e não me deixa passear mais por Portugal ou viajar mais até ao estrangeiro.

    Os grandes hotéis termais despertam-me sempre uma grande nostalgia, um desejo qualquer de viajar a um passado que já não conheci, à uma Europa que a Segunda Guerra mundial alterou irremediavelmente. Neste momento, tenho nos ouvidos bela canção da Barbara, Marienbad e nos olhos as imagens poderosas do filme L'Année dernière à Marienbad, do Alain Resnais, que se reportam a outra estância termal famosa na Europa, Mariánské Lázně, na actual República Checa e que foi um dos sítios mais chics da Europa, onde o Eduardo VII se cruzava com a imperatriz Elisabeth da Àustria ou com o Kaiser Guilherme II.

    Tenho a ideia que na Curia estiveram também muitos refugiados Judeus durante a guerra

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  3. Isto é para aguçar o apetite dos meus amigos lisboetas de virem até à Curia, respirar este ambiente calmo, relaxar em agradáveis passeios à beira do lago nas manhãs e tardes outonais, apreciar os belos edifícios de época, deliciar-se com a boa gastronomia bairradina... É um cenário realmente idílico, como diz a M. Isabel... e eu parece que estou a fazer propaganda turística descarada... mas sinto realmente o que estou a dizer.
    Ainda hoje de manhã fiz com o meu marido uma caminhada no Parque, apanhámos cogumelos comestíveis(atenção, eu conheço bem muitas espécies), passámos por uma pequena feira de velharias que lá se realiza às terças-feiras e ainda comprei um azulejozito..., enfim, acho que temos alguma qualidade de vida.
    As fotos, à excepção das primeiras três e uma outra mais pequena que tirei da net, foram tiradas por mim. É que andei há pouco tempo num curso de introdução à fotografia digital e fiquei a saber trabalhar melhor com a máquina.
    O Luís refere-se a uma estância termal checa que só conheço de nome, mas visitei numa viagem à Áustria, Hungria e República Checa as termas de Karlovy Vary, antiga Carlsbad alemã e também têm esse glamour dos ambientes aristocráticos da Europa de há cem anos e mais.
    Aqui na Curia estiveram efetivamente refugiados judeus, pelo menos uma família de grandes industriais em trânsito para os Estados Unidos, e também refugiados espanhóis do tempo da Guerra Civil.
    Bem, cá vos aguardo...
    Abraços
    Maria A.

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  4. Cara Maria Andrade

    Andei a fazer uma pequena pesquisa no google para avivar a memória do que já tinha já lido há uns tempos.

    De facto, os centros turísticos como Estoril, Caldas da Rainha, Ericeira, Figueira da Foz e Cúria receberam grande número de refugiados judeus durante a guerra, bem como a própria cidade de Lisboa. Estes refugiados que permaneceram em Portugal durante o conflito constituíram uma grande novidade para os costumes nacionais. Por exemplo, em Lisboa, o Rossio estava cheio de estrangeiros e ouvia-se falar francês, alemão, polaco ou checo. A esplanada da Suiça era conhecida pela “Bompernasse”, já que as refugiadas aí se sentavam de perna cruzada a fumar…

    Abraço
    Luís

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  5. Ola cara Maria Andrade,

    Obrigado pelo post....Adoro arte Nova...

    Marília Marques

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