Ao ver o último post do blogue Velharias, http://velhariasdoluis.blogspot.com/2011/01/ate-ao-fim-do-mundo-os-azulejos.html, reparei que os painéis de azulejos fotografados tinham algo de familiar. Entretanto dispersei-me por outros aspectos daquele excelente post, o filme, a música, e não me apercebi logo que alguns dos azulejos do silhar das escadas são iguais a exemplares que tenho em casa.
São azulejos pombalinos, muitíssimo utilizados na reconstrução de Lisboa após o terramoto. Também se encontram nas colecções do Museu Nacional do Azulejo, os azuis com o nº de inventário 7084, datados de 1755-1780, dos quais constam lá várias variantes. Quanto ao de tom vinoso ou manganês, não encontrei nenhum exactamente igual nas colecções do museu, mas havia várias variantes, assim como do azulejo que se segue.
Acontece que muitos exemplares do acervo do MNA não têm a imagem disponível online e por isso podem existir sem estarem fotografados.Este conjunto de quatro azulejos é de um padrão que se encontra no MNA com o nº de inventário 824, datado do séc. XVIII. Foram comprados na Feira da Ladra, como todos os anteriores, em diferentes ocasiões.
Este, lamentavelmente, é o único que tenho deste padrão. Imagino que tenha pertencido a um painel, como parte de uma cena de exterior a formar uma varanda. Não encontrei nenhum igual nas colecções dos museus, mas seria difícil localizá-lo, caso fizesse parte de um painel de cenografia barroca. Foi um dos dois primeiros azulejos antigos que comprei, há mais de dez anos, numa pequena loja de velharias na Ericeira.
Finalmente estes dois, de que gosto muito, não os consigo encontrar nas colecções do IPM e tenho dúvidas quanto à época de fabrico. Foram comprados em ocasiões diferentes como sendo do séc. XVIII, mas acho o tardoz muito fino para ser tão antigo, inclino-me mais para que sejam cópias do séc. XIX. O do lado direito foi um dos primeiros que comprei, na Ericeira; o outro foi o último, na Curia, para fazer conjunto.
Ainda não decidi qual o destino que hei-de dar a todos estes azulejos como peças decorativas cá em casa. Já pensei aplicá-los nos espelhos de umas escadas interiores - penso que se chama espelhos às partes verticais dos degraus - mas isso envolve obras, escavacar reboco e não será muito praticável, pelo menos com a mão-de-obra caseira. Em qualquer altura pode surgir um rasgo de inspiração que torne a coisa mais viável. Por enquanto, estão quase todos guardados, o que me dá pena...
Pelo menos aqui ficam visíveis, aos meus olhos e aos de outros amantes desta arte.
Bem, sou suspeito para falar de azulejos. Gosto imenso deles e os seus não são excepção. Por outro lado, como sabe, para mim azulejos são animais de parede e se a sua casa for antiga não custa nada fazer o buraco e fixa-los com gesso. Neste momento já não chamo nenhum jeitoso e sou eu próprio que armado em trolha ponho os meus azulejos na parede.
ResponderEliminarQuanto aos primeiros 4 azulejos mostrados, um dia que tenha oportunidade, compre uma bonita cercadura e faça um pequeno painel como aquele que mostrei no post. Se a aborrece muito partir a parede, cole-os em acrílico como fez a Maria Paula e coloque-os ao nível do rodapé.
Beijos
Maria Andrade
ResponderEliminarSurpreendente e rica a sua pequena colecção de azulejos. Muito bom gosto!
Não sei bem porquê não sou muito apologista de os fixar na parede como o Luís faz.Coisa de opiniões. A minha irmã tem uma casa minimalista e de um caixilho escuro que pintou num branco fosco por dentro numa colagem mostra o painel, a piada é que não completa a moldura, isso sim e que lhe dá a originalidade, a mensagem do antigo visto em ambiente moderno.
Perco-me quando lá vou a contemplar.
Pode ter sempre um rasgo de criatividade e inovar noutra variante. Agora deve mostra-los e goza-los todos os dias.
Beijos
Isabel,
Caros amigos,
ResponderEliminarMuito obrigada pelos vossos comentários,ricos de sugestões. Agora,ideias já não me faltam, o difícil mesmo é arranjar o sítio e pôr mãos à obra.
Também já vi conjuntos de azulejos avulsos, aplicados em placa de gesso a formar magníficos painéis.
Quanto à sugestão do Luís de eu comprar uma cercadura para formar painel, vou tentar segui-la, mas só indo à Feira da Ladra q é o sítio onde aparecem azulejos do séc. XVIII. Por aqui quase não aparecem e eu já há muito q não vou aí à feira. Quem sabe este mês consiga lá ir, mas vai depender muito da visita da cegonha... :)
Beijos
Cara Maria Andrade
ResponderEliminarOntem talvez me tenha esquecido de escrever o mais importante relativamente aos quatro primeiros azulejos que apresentou. O que há de mais fascinante neles é a quantidade de pequenas variações que existem. Uns tens quartos de estrelinhas nos cantos, outros, são atravessados por um risco na diagonal, uns são em azul, outros em vinoso, outros tem um salpico de amarelo e depois no final são todos colocados no mesmo painel, fazendo um xadrês.
Ultimamente, por causa do Manel, que anda a coleccionar alguns painéis, tenho descoberto imensas pequenas variantes dos motivos que apresentou, o que me leva a ficar cada vez mais fascinado com este mundo dos azulejos pombalinos
É quase impossível dar conta do número de variantes de cada motivo!
ResponderEliminarSempre que me parece que é o mesmo motivo ... é mentira, há sempre algo que muda e que confere novas hipóteses ao arranjo, abrindo o horizonte a novas soluções de combinação.
É um vasto mundo que continua pouco explorado. Vou adquirindo toda a literatura que encontro sobre azulejo, mas, nos azulejos à venda, encontro sempre algo que escapa a qualquer classificação já feita!
Fico sempre pasmado com a versatilidade que o nosso génio introduziu, fruto de uma capacidade criativa que temos, resultado, creio, do tédio que nos produz a repetição fiel de qualquer coisa.
Quando em obras que vejo no exterior, as repetições são sempre fiéis, os desenhos ecoam quase milimetricamente, matematicamente, o desenho original, com um traço cuidado, minucioso, as cores e vidrados são estudados para não criar muitas variantes; ao invés, aqui em Portugal, talvez porque as coisas se foram fazendo de forma meio aleatória e sem grande cuidado científico pelo rigor, as coisas adquirem uma vida própria espantosa!
Já referi várias vezes esta minha teoria (não passa mesmo disto) sobre as caraterísticas da nossa produção de faiança e azulejo; algo que na sua origem deveria ser condenável pelo pouco correcto e pela falta de rigor científico e respeito pelo motivo ornamental inicial, acabou por resultar em arranjos fantásticos e cheios de imaginação e com resultados sempre surpreendentes!
Os seus azulejos são disso prova, pois apesar de possuir os motivos que apresenta na 1ª foto, os meus aparecem também com variantes.
Os da última foto que apresenta também estou inclinado a considerá-los como sendo do séc. XIX, criando um novo tipo do chamado azulejo de figura avulsa, mas continuo a preferir-lhe os azuis do século XVIII (neste caso, confesso que a cercadura amarela e azul destoa da singeleza do motivo).
Quanto à colocação dos azulejos nos espelhos dos degraus, parece-me ser uma ideia surpreendente, de que não me tinha lembrado.
E, se a escadaria tiver muita madeira (escura de preferência, pois os azuis e brancos dos azulejos vão muito bem com as tonalidades mais escuras da madeira), e se encontrar numa posição em que os espelhos se vejam de forma destacada então o resultado será inusitado e, creio, muito apelativo! Como um belíssimo cenário!
Seria uma solução que eu muito gostaria de utilizar se tivesse uma escadaria, mas ... não tenho!
Manel
Maria Andrade
ResponderEliminarPasso por aqui muito rapidamente pois o trabalho aguarda-me grrrr.O grrr, não é para as crianças, mas sim para as horrorosas reuniões.:)
Os azulejos que mostra são lindos! Fiquei encantada particularmente com os da última fotografia.
Prometo voltar.
Beijos
Maria Paula
Tenho para venda cerca de 100 iguais aos da última foto.
EliminarContactem-me maria_candida174@hotmail.com
Caros amigos,
ResponderEliminarMais uma vez, obrigada pelos vossos comentários e por todas as achegas sobre estes azulejos e sobre a arte do azulejo em Portugal. É realmente um mundo riquíssimo de criatividade e beleza.
Ao Manel em particular quero dizer q não tenho propriamente uma escadaria com corrimão e degraus em madeira, é uma escada rústica, toda branca e com os degraus em tijoleira de grés. Continuo a achar q os azulejos ficavam lá bem, mas tenho receio de meter mãos à obra, com a ajuda do meu marido, claro, e depois não gostar do resultado. Talvez experimente num ou dois degraus com azulejos azuis e brancos do séc. XIX e logo se vê o efeito.
Abraços
Também nesse tipo de escada rústica creio que ficará com um arranjo que poderá tornar-se belíssimo, mas claro que sempre poderá fazer uma simulação in situ. Coloque azulejos ao alto em todos os espelhos, fixe-os com fita-cola, por exemplo, e veja o efeito geral. E depois ... mãos à obra!
ResponderEliminarPercebo o seu receio ... apesar da minha formação, e sob risco de parecer mesmo contrasenso, tenho pavor de obras, sobretudo se tiverem lugar em locais que habite, e neste momento estou rodeado por elas ... (suspiro muiiiiito longo!).
Mas reconheço que o resultado acaba por compensar toda a perturbação que causam!
Manel
Sabe , Manel, achei esta sua ideia de fazer a experiência de colocação dos azulejos com fita-cola uma ideia luminosa. Assim dá para ver o efeito sem estragar nada. Obrigada.
ResponderEliminarDepois lhe direi qual o resultado.
Bom Domingo
Olá a todos
ResponderEliminarSerá que me podem dizer quanto valerão os azulejos tipo holandês avulso do sec. VII??
Obrigado!
António
enganei-me...do sec. VIII
ResponderEliminarComprei um painel completo do século XVIII que coloquei na parede da minha sala de estar. No entanto, como eu não gostava da cor do rodepè eu não coloquei.
ResponderEliminarPor sinal, tenho um segundo cheio que eu vendo porque tenho mais paredes disponíveis.