domingo, 23 de janeiro de 2011

Taça da Fábrica de Alcântara

Quando, em 29 de Dezembro, fiz um post sobre a loiça da Fábrica de Alcântara, esqueci-me de incluir esta peça. A sua tipologia não se enquadra no que conheço da produção desta fábrica e por isso tenho-a em local diferente e assim passou despercebida.

O ramo com flores e ramagens que apresenta de um dos lados é pintado à mão, ao contrário do que normalmente acontece com os motivos Alcântara, que são estampados. Do lado oposto  aparece apenas uma delicada ramagem a lilás ou vinoso, que também se vê em decorações antigas da Vista Alegre. Tem um filete dourado junto à base e restos de outro na orla superior.

O que a identifica sem deixar dúvida é a marca circular que diz Alcântara, gravada na pasta, de difícil leitura na fotografia, mas onde também se pode ler Lopes & Cª no arco superior, podendo-se assim atribuir à peça uma data posterior a 1897. No livro Marcas da Cerâmica Portuguesa de José Queirós, em reedição fac-similada da Livraria Estante Editora de 1988, é referido que esta era a marca da louça decorada à mão.

No processo de fabrico, mais propriamente na cozedura, foi utilizada a trempe para sobrepor peças, já que se notam três marcas no fundo, mais visíveis no interior da taça.
Prato da Vista Alegre, com marca usada  entre 1881 e 1921, com o mesmo tipo de ramos que se encontram na decoração da taça Alcântara

7 comentários:

  1. Olá Maria Andrade

    Se a sua taça não estivesse identificada na massa, nunca diria que era de Alcântara.
    Isto deixa-nos a pensar, nomeadamente a mim, em alvitrar a origem das fábricas...

    Peça delicada no desenho e cores, muito, mas muito graciosa.

    Beijos
    Isabel

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  2. Quando vi esta sua peça fiquei também cheio de vontade de ver o interior, onde deverão aparecem as marcas da trempe (encantam-me estas marcas). Por outro lado, as rosas, e algumas folhas, talvez por erro induzido pela fotografia, dão ideia de serem estampadas, enquanto o desenho gracioso de arabesco das pequenas ramagens, parecem ser desenhadas, quase como num desenho minimalista oriental (lembro-me que o Luís mostrou uma chávena, da Vista Alegre -30 Set. 2010- onde aparece um tipo de ramagens em arabesco, num desenho algo semelhante ao que apresenta aqui).
    A peça é interessante, mas teria muita dificuldade em associá-la a Alcântara. Ver para aprender!
    Manel

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  3. De facto, os raminhos nus de folhas fazem recordar os da Vista Alegre, que mostrei no post http://velhariasdoluis.blogspot.com/2010/09/chavena-vista-alegre-da-segunda-metade.html.

    Tal como o Manel e a Maria Isabel, não associaria esta peça a AlCântara, mas estamos sempre a aprender.

    Abraços

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  4. Caros amigos,
    Estamos todos de acordo em q esta taça não lembra nada as peças de Alcântara e por isso eu me tinha esquecido dela no outro post. Estou convencida q por estas peças pintadas à mão terem a marca gravada na pasta, q às vezes mal se nota, têm-nos passado despercebidas quando surgem à venda.
    Fui rever a chávena Vista Alegre q o Luís mostrou em Setembro e também lá está um bule com decoração igual a uns pratos q tenho e resolvi aqui acrescentar.
    Abraços

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  5. Queria ainda dizer ao Manel q tentei fotografar o interior, mas como é todo branco, faz reflexo e não fica a notar-se nada das pequenas marcas q referi. Acredito q isto se deva à inabilidade da fotógrafa, mas quanto a isso, não há nada a fazer...

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  6. Olá Maria Andrade
    Sem duvida, muito bonita esta sua taça. Também eu, nunca a associaria à Fábrica de Alcântara.

    Tenho andado muito ocupada com coisas muito agradáveis,(tive em minha casa a visita de uma prima muito querida que vive no Rio de Janeiro),e como tal, nem tive tempo de lhe dizer, de que gosto muito das gravuras que nos mostrou no último post. Já as comprou emolduradas? É que também as achei muito elegantes.
    Desculpe o dois em um e uma boa semana.
    Bejs
    Maria Paula

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  7. Olá Maria Paula,
    Já tinha notado a sua ausência prolongada, pelo menos em postagens, mas ainda bem q está de volta.
    As gravuras são realmente elegantes, não tão elaboradas como outras dos mesmos autores, mas a policromia em tons ténues acrescenta-lhes encanto.
    Também gostei das molduras que já vinham com elas, aquele dourado junto à madeira q é num tom quente de castanho avermelhado - parece mogno - resulta muito bem. Comprei-as muito baratas na feira da Curia, no meio de outras peças q tinham vindo de um recheio.
    Um abraço

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