Manuel Mafra (1829- 1905) foi o ceramista caldense a quem se atribui a introdução em Portugal da cerâmica naturalista ao estilo de Bernard Palissy, o chamado neo-Palissy. Este estilo, caraterizado pela moldagem em cerâmica de formas vegetais e animais, em loiça utilitária ou meramente decorativa, veio a atingir o nível de excelência que todos conhecemos com Rafael Bordalo Pinheiro.
Manuel Cipriano Gomes Mafra, de seu nome completo, fundou uma fábrica de cerâmica nas Caldas da Rainha em 1853, segundo se crê numa antiga oficina que terá pertencido à quase lendária Maria dos Cacos.
Este ceramista inovou não só nas formas mas também nas técnicas de vidrado e assim veio a ser reconhecido e apoiado pela Casa Real, sobretudo pelo rei artista D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha.
Usou na marca de fabrico uma âncora sob o seu nome, gravada na pasta, mas após ter sido nomeado fornecedor da Casa Real, por volta de 1870, substituiu a âncora por uma coroa. Por qualquer razão que desconheço, em 1897 terá fundado nova fábrica e aí voltou a usar a marca da âncora gravada na pasta.
Penso ser desse período o recipiente em forma de folha que aqui mostro.
Curiosamente, no meu livro de marcas de cerâmica de Gordon Lang, Pottery & Porcelain Marks, Miller's, Great Britain, 1995, esta é uma das poucas marcas portuguesas referenciadas.
Entretanto, o Mercador Veneziano, seguidor deste blogue e de cujos três blogues sobre cerâmica também sou seguidora, enviou-me o link http://issuu.com/museusportugal/docs/manuel_mafra_-_ceramista que dá acesso ao catálogo online de uma exposição que decorreu no Museu da Cerâmica das Caldas da Rainha intitulada "Manuel Mafra 1829-1905: Mestre na Cerâmica das Caldas".
Também me enviou esta sequência cronológica das marcas usadas por este ceramista caldense, que muito agradeço, baseada nos catálogos que possui:
1853 - 1860 - MCGM aplicado à mão
1860 - 1870 - MCGM com âncora1860 - 1870 - M. Mafra com âncora
1870 - 1887 - M. Mafra com coroa
1887 - 1890 - M. Mafra Filho com coroa
1897 - 1900? - variante M. Mafra com âncora
olá bom dia.
ResponderEliminarjulgo que posso ajuda-la relativamente aos últimos anos de produção do ceramista Manuel Mafra.
o período áureo da sua produção baliza-se entre 1870 e 1887. ainda em 1887, Mafra decide passar a administração da fábrica para o filho, o que resultou num decréscimo produtivo da sua faiança, tendo vindo a encerrar portas nos anos seguintes. em 1897, Manuel Mafra funda uma nova fábrica, mas sem sucesso de períodos anteriores, tendo vindo a falecer em 1905.
existe também um catálogo exclusivamente dedicado à sua cerâmica, intitulado "Manuel Mafra 1829-1905: Mestre na Cerâmica das Caldas", Museu da Cerâmica das Caldas da Rainha, 2009.
curiosamente tenho um paliteiro em forma de touro marcado M. Mafra do período 1870 a 1887 já referido, pelo que é um tipo de faiança que aprecio bastante, se calhar tanto como as incontornáveis peças de produção de Rafael Bordalo Pinheiro.
Mercador Veneziano
Caro Mercador Veneziano,
ResponderEliminarMuito obrigada pelos esclarecimentos q aqui prestou e q vieram completar a informação a q tive acesso.
Já tinha conhecimento da existência desse catálogo q terá saído a propósito duma exposição realizada no Museu da Cerâmica em 2009-2010. Inclusivamente já pedi a um amigo q vive nas Caldas q mo tente arranjar, mas não sei se ainda está à venda.
Calculo q o seu touro tenha a marca da coroa, não?
Tenha uma boa tarde e mais uma vez obrigada.
Maria Andrade
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ResponderEliminarolá mais uma vez.
ResponderEliminarexacto, o touro apresenta marca coroa.
entretanto tinha-me surgido uma dúvida quanto ao período da marca da peça que expõe, mas parece-me que afinal estava a fazer confusão.
mas hei-de enviar-lhe um e-mail com as marcas da fabrico da Fábrica de Manuel Mafra que consultei, assim como algumas fotos de peças do mesmo género da sua, de modo a que possa ver o porquê da minha confusão.
Mercador Veneziano.
Cara Maria Andrade
ResponderEliminarFiquei um bocadinho mais rico com estas informações da cerâmica de Manuel da Mafra.
Convém deter estas informações, para quando no chão da Feira-da-Ladra vir uma das marcas apresentadas, me lançar sobre a peça, qual falcão em caça.
Quanto ao catálogo "Manuel Mafra 1829-1905: Mestre na Cerâmica das Caldas", uma vez que se trata de uma edição do IMC, poderá talvez encontra-lo à venda ou pelo menos encomenda-lo num Museu próximo de si, tutelado por este Instituto do Ministério da Cultura. Julgo que os mais próximos de si serão o Museu de Aveiro ou o Soares dos Reis no Porto,
Abraços
Olá Luis
ResponderEliminarAchei graça ao seu comentário, a essa imagem da ave de rapina a lançar-se sobre a presa... Mas realmente, neste mundo das velharias não se podem
desperdiçar oportunidades, senão, outra ave se antecipa e acabamos por nos arrepender...
Agradeço a sua sugestão quanto à compra do catálogo. Na verdade o museu do IMC q tenho mais próximo é o Museu Machado de Castro e como agora vou a Coimbra quase todos os dias posso lá ir ver se o têm.
Um abraço
Olá Maria Andrade
ResponderEliminarPost, inegavelmente bem a propósito pela pronúncia verde forte, tudo haver com sentimento de ESPERANÇA para o GABRIEL que acabou de nascer no seio da sua família.
Desejos de muita sorte, saúde, porque gosto pela terra e pela arte vai ter de certeza.Aqui tem um bom continuador, não tenho dúvidas.
Quanto à cerâmica das Caldas tive uns contratempos na altura que casei. Recebi de prenda de casamento algumas peças das Caldas. Infusa com limões, a minha mãe partiu-a, o meu marido farto de tirar o repolho que decorava a mesa da cozinha, um dia jogou-o ao chão, o prato com maças raiadas de vermelho perdeu o vidrado, os rabanetes onde guardava a salsa, a folha que levava os molhos à mesa....pouco resta hoje...
A sua peça tocou-me,pela singeleza e a cor forte.
De repente lembrei-me de compilar as poucas peças que me restam das Caldas, vai dar trabalho, estão espalhadas pelas 3 casas.
A sua peça é delicada. Bom e apurado gosto.
Gratificante as informações aqui descritas por outros comentadores sobre esta loiça tão afamada.
Beijos
Isabel
Maria Andrade, depreendi das suas palavras que o Machado de Castro já se encontra aberto. Há anos que tento encontrá-lo aberto ... debalde!
ResponderEliminarMas pelos vistos, e finalmente, terei hipótese de o conseguir ver. Estive ali a última vez há muitos anos e quero mesmo regressar, pois toda a colecção, segundo me lembro, é absolutamente fabulosa, sobretudo no campo da estatuária.
Não me irá escapar desta vez.
Graças a si, que possui informações sempre de grande rigor, e ao Mercador Veneziano, fiquei a saber mais sobre Manuel Mafra, um bem hajam
Cumprimentos
Manel
Olá Maria Isabel!
ResponderEliminarMuito obrigada pelas palavras amáveis em relação ao Gabriel. É verdade q a família ficou mais rica com a chegada deste novo membro, andamos todos deslumbrados com a nova aquisição familiar...
Quanto a este post, recebeu efetivamente um excelente contributo do Mercador Veneziano e por isso lhe agradeço, mas todos os comentários são enriquecedores, uma palavra simpática, uma nota de humor, uma interpretação mais sentimental, uma história pessoal, tudo contribui para aumentar o interesse e dar estímulo...
Beijos
Maria A.
Manel,
ResponderEliminarAs notícias q tenho para lhe dar sobre o Machado de Castro não são animadoras. O museu está aberto ao público, mas só é visitável o criptopórtico q reabriu há um ano ou mais. Teve uma intervenção q penso visou sobretudo a desobstrução e estabilização das galerias subterrâneas e assim foi aumentada a área visitável. Quanto ao museu propriamente dito, parece q as obras estão concluídas mas falta ainda todo o trabalho de expografia e esse deve ser bem demorado. Não há data prevista para a reabertura, mas fala-se em ser ainda em 2011, o q seria muito apropriado já q este ano, em Maio, o museu faz 100 anos, mas com o pouco dinheiro q se destina à cultura neste país, tenho as minhas dúvidas... A loja está aberta e já lá fui ver do catálogo de q aqui se fala, mas não o têm.
Muito obrigada pela simpatia!
Um abraço
Maria A.
boa noite,tenho uma peça em ceramica,vaca com bezerro, de M.Mafra com ancora. Pretendo vender mas nao sei se posso deixar aqui um contacto.
ResponderEliminarPode de alguma forma ajudar-me?
murtasr@gmail.com
Caro anónimo,
ResponderEliminarPenso que o endereço de correio electrónico q aqui deixou será o suficiente para o caso de alguém estar interessado na peça e o queira contactar.
Para além disso, não sei que outra ajuda lhe posso dar.
Boa sorte na venda.
Boa noite Cara Srª Maria Andrade
ResponderEliminarAgradeço desde já o feed back sobre a Vaca com Bezerro de Manuel Mafra. Nao fazia a menor ideia que seria possivel colocar exposto o meu email neste espaço.
Ainda nao vendi a peça ate porque nao faço a menor ideia de quanto pode valer apesar de ja ter algumas propostas simpaticas.
Pode dar-me uma ideia de quanto poderá valer esta peça? Se é que isso é possivel.
As dimensoes da mesma sao; Base; larg.17.50cm/cump.32cm, altura 24cm.
Desde agradeço a atençao.
Atenciosamente
Rui M. M. Gama
Caro Rui Gama,
ResponderEliminarSá agora vi este seu comentário, por isso não respondi logo.
Quanto à sua peça, imagino o q seja, mas nunca comprei nada no género,por isso não faço a mínima ideia de quanto possa custar, até prq os preços têm baixado muito.
Lamento não o poder ajudar, mas o melhor é ir a uma leiloeira, porq se a peça for boa eles conseguem bons preços.
Cumprimentos
Cara D. Maria Andrade
ResponderEliminarLi agora este texto sobre Manuel Mafra e as suas marcas, e o facto desta peça ser parecida com a cerâmica do Bordalo Pinheiro, interessa-me. Isto porque tenho 2 pratos e 2 taças "Folhas de Couve" mas com uma marca diferente, que não consigo identificar... Tem a inscrição: "SUBT.. PORTUGAL, P4".
Alguém me poderá ajudar na identificação? Calculo que não seja Bordalo Pinheiro, ou será?
Cumprimentos
Ana Margarida Caetano
Olá Ana Caetano,
ResponderEliminarEm primeiro lugar, o D. não tem aqui cabimento :)
Quanto a essa marca, não a posso ajudar. Tenho livros com marcas de faiança das Caldas mas essa não aparece.
Em todo o caso resta a esperança de que alguém veja o seu comentário e saiba que marca é.
Cumprimentos