segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Jarra de altar em faiança azul e branca



Encontrei esta jarra de altar com forma de balaústre num antiquário do Porto. Já aqui tinha mostrado outra com a mesma forma, mas com tamanho e decoração diferentes, embora as riscas verticais do pé se mantenham.
Apesar de partida, faltando-lhe um bocado na aba da abertura, que entretanto já preenchemos grosseiramente, cativou-me a forma e a decoração, naquele azul cobalto a lembrar muita da produção oitocentista do Porto e de Gaia.


Mas o que me fez definitivamente comprá-la foi a inscrição "S. Pedro" que ostenta no bojo. Pensei imediatamente na Igreja de S. Pedro de Miragaia e daí na possibilidade de ser um produto  da Fábrica de Miragaia...
Lembrava-me de ter visto jarras deste género não só nos altares daquela  igreja, mas também no museu anexo e por isso, logo que pude, fiz uma nova visita à igreja de Miragaia, verificando então que as suas belas jarras de faiança azul e branca têm como inscrição as iniciais S.P.M. (S. Pedro Miragaia).


Comecei  a pensar que a jarra devia ter pertencido a uma outra igreja ou capela que venerasse aquele santo e com um pouco de pesquisa, fui parar à outra margem do rio Douro, mais precisamente à freguesia da Afurada em Vila Nova de Gaia, terra de pescadores, que tem como padroeiro S. Pedro.
A atual igreja de S. Pedro da Afurada é muito recente e moderna, mas foi construída para substituir a capela da Afurada, destruída pelas cheias do Douro, tendo ficado no estado que se vê em baixo, na grande cheia de Dezembro de 1909.


Há assim a possibilidade de que esta minha jarra tenha sido salva da destruição que afetou a capela e, quem sabe, seja uma peça  produzida pela local Fábrica da Afurada.
Mas Fervença, Bandeira, Torrinha e, sobretudo, Santo António de Vale da Piedade, também não estavam longe; pelos azuis intensos, com pinceladas muito visíveis, a última destas hipóteses parece-me bastante plausível.

A mesma forma de balaústre nas duas jarras de altar

10 comentários:

  1. Dear Maria Andrade,
    I wonder why I missed so many of your posts. Now I realized, I am not listed as reader yet. Don't know how this can happen? Anyway I subscribed as a reader now.
    Your china is always stunning. How interesting to have this jar and to know from where it came origin. Your white and gold china is beautiful, too. And your mushroom post is very interesting for me as I love to harvest mushrooms in the forests here. And to eat!
    I wish you a wonderful New Year full of luck, health and inspirations.
    Best greetings from
    Johanna +Wiski(cat!)

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  2. Olá Maria
    Muito interessante a sua jarra de altar,quer pela inscrição S.Pedro, quer pela sua forma,quer pelo tamanho invulgar.Como muito bem refere, a sua possível ligação com a destruída capela da Afurada coloca-a na produção da Fábrica da Afurada.Parabéns pela sua aquisição.
    if.

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  3. Dear Johanna,
    To be true, I also thought you were already my follower, but now I see I was mistaken. I'm glad you subscribed for your presence is always very welcome here.
    I'm also very happy to find that, apart from china, you share another interest with me : Pilsen!!!
    I return your wishes for the New Year, exactly the same, and of course they include my "godson" Wiski (in luck and health, because the inspiration is yours...)
    Hugs

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  4. Cara If,
    De vez em quando lá se vai adquirindo uma peça interessante e são estes pequenos prazeres, inclusivé o de partilhar aqui estes pequenos tesouros com quem sabemos que os aprecia, que vão dando cor aos nossos dias...
    Tudo o que se possa dizer sobre a origem da jarra é bastante especulativo, mas à falta de certezas, vamos pelo que nos parece mais lógico. :)
    Abraços

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  5. Claro, Maria Andrade, são mais as incertezas que nos guiam do que as certezas, mas aí reside o encanto destas tertúlias. Senão nada haveria a opinar, tudo seria dado adquirido.
    Achei interessante o seu trabalho de detetive, como que sentindo no ar o rasto, já frio, da peça! Admiro-lhe esta capacidade.
    Que a peça é muito bonita, não há dúvida, tanto mais que se trata duma peça de pequenas dimensões, que arranja sempre espaço em qualquer canto ... e eu tenho agora muitos cantos ... :)
    Em Estremoz, durante meses e meses vi à venda um par de jarras de altar algo afins desta (não possuiam qualquer texto e a decoração, em azul, era mais espartana, mas muito sedutora), e o preço até era muito em conta, pois, de cada vez que eu preguntava, este descia sempre mais um pouco, só que, na altura, eu tinha o meu dinheiro todo contado, e já destinado, pelo que as jarras foram parar a outro comprador qualquer :( O Luís também andou de volta delas, mas elas não nos estavam destinadas!
    Espero por outra ocasião, mas prevejo não ser fácil.
    Não obstante, alguma outra coisa estará à minha espera ... por desgraça o dinheiro não aquece muito nos meus bolsos, até parece que está sempre a querer escapulir-se-me!
    Manel

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  6. Manel, as jarras de que fala talvez fossem mais parecidas com um par que eu mostrei no post sobre a outra jarra de altar e estavam à venda na MdS leilões.
    Eu também não gosto de alargar os cordões à bolsa ;) esta jarra não foi cara porque tinha aquela falha enorme na aba, senão não a teria comprado.
    É que, como andar por feiras de velharias e às vezes por antiquários, acaba por ser um hobby, tal como gostamos de ir a museus, se tanto eu como o meu marido fossemos a comprar coisas caras já tinhamos ido à falência :)
    Mesmo assim, temos muitas vezes a sensação de que os preços deveriam ter sido mais regateados...
    Não vale a pena precipitarmo-nos porque estão sempre a aparecer coisas interessantes, e não precisam de ser muito perfeitas e caras para se tornarem, para nós, verdadeiros tesouros.
    Tenha uma boa semana de trabalho

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  7. Voltei de férias e agora ponho a escrita em dia.

    A jarrinha é muito bonita e parecer ser dúvida um fabrico do Norte.

    O seu raciocínio parece-me correcto. Alguma Igreja de S. Pedro encomendou esta jarra, provalmelmente mais que uma, a um fabricante do Porto ou Gaia. Também é natural que essa Igreja se situasse na zona do Porto, pois a peça foi lá comprada, mas o S. Pedro sempre foi um Santo tão popular..., que muitas paróquias na diocese do Porto poderão ter tido Pedro por Orago. Mas acho bom que não desista. Com paciência, muitas vezes chegamos à solução do mistério.

    Abraço e um bom ano

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  8. Olá Luís,
    Notei a sua ausência durante a semana passada, calculei que estivesse de férias, mas eu, embora por casa, também não andei nada ativa nestas andanças bloguistas...
    Como deve imaginar, gosto de o ter de volta e estou ansiosa por um novo post seu :)
    Quanto a esta jarra, é verdade que ela podia ser de qualquer capela ou igreja, mas reconhecem-se ali caraterísticas da faiança gaiense... ou portuense.
    Sabe que para mim a lógica da proveniência que lhe atribuí está na minha convicção de que se ela tivesse pertencido a uma igreja ou capela que continuasse aberta ao culto, não teria facilmente saído desse local para entrar no circuito comercial.
    Assim, como a capela da Afurada ficou em ruínas, as suas alfaias e todos os pertences devem ter sido dispersos e alguns perdidos nas cheias e esta jarra, quem sabe...
    Mas, claro, como já disse, são só suposições...
    Acho que já lhe desejei um bom ano, mas nunca é demais reiterar esse voto :)
    Um abraço

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  9. Realmente fantástica esta sua peça.
    Adoro a inscrição!
    Também já vi algumas peças do género em antiquários mas ás vezes fico literalmente de boca aberta quando me dizem o montante que querem pelas mesmas.
    Obrigada por compartilhar connosco este exemplar e a sua "possível" história!

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    1. Cara C.Sobral,
      Seja bem vinda aqui de novo!
      Também gostei muito desta jarra quando a vi na loja, mas se não estivesse partida na aba, provavelmente não a teria comprado porque o preço disparava logo.
      Mesmo grosseiramente arranjada, agora está completa e assim posso desfrutar dela e apreciá-la com ou sem inscrição :)
      Cumprimentos e volte sempre.

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